Cardioversão eléctrica da fibrilhação auricular
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/1236 |
Resumo: | Introdução: A cardioversão eléctrica (CVE) é o método mais eficaz para restaurar o ritmo sinusal (RS) em doentes com fibrilhação auricular (FA). De acordo com os conhecimentos actuais, os resultados deste procedimento são ainda algo imprevisíveis. Objectivo: Avaliar os preditores de sucesso da CVE de FA e manutenção de RS após a CVE. Estalecer qual o papel da CVE na abordagem da FA, delimitando os casos que maior benefício dela podem extrair. Métodos: Estudo prospectivo com 95 doentes consecutivos (68,8±9,8anos; 27,4%sexo feminino) submetidos a CVE de FA após ecocardiograma transesofágico (ETE). Os seguintes parâmetros ecocardiográficos foram avaliados: área da aurícula esquerda (AAE), área e função do apêndice auricular esquerdo (AAAE), e grau de regurgitação mitral. Foram medidos parâmetros protrombóticos (grau de autocontraste espontâneo ecocardiográfico, D-dímeros e score de CHADS2), inflamatórios (PCR) e hemodinâmicos (NT-proBNP, função sistólica do ventrículo esquerdo, tensão arterial sistólica e diastólica), assim como dados demográficos e antropométricos (índice de massa corporal – IMC, e superfície corporal- SC), medicação prévia (amiorarona, estatina e iECA/ ARA-II) e factores de risco (hipertensão arterial e diabetes). Foram comparadas variáveis nominais e quantitativas de acordo com o resultado da CVE (FA ou RS no momento de alta) e presença ou não de recidiva de FA nos primeiros 6 meses de seguimento, tendo os resultados sido avaliados com o SPSS 16,0. Resultados: Alcançou-se sucesso no procedimento em 81,1%. Não foram encontradas diferenças entre os grupos (RS vs FA no momento de alta) no que diz respeito aos parâmetros ecocardiográficos, protrombóticos e inflamatórios. A presença de hipertensão arterial e diabetes não influenciaram o desfecho da CVE. De entre os parâmetros hemodinâmicos, a tensão arterial diastólica < 75mmHg foi um preditor de sucesso: OR 4,2 CI95% 1,1-16,5 p 0,03. FA com < 1 mês e < 1 ano foram preditores de sucesso da CVE: OR 3,8 CI95% 1,1-12,5 p < 0,02 e OR 4,8 CI95% 1,6-14,8 p 0,004. IMC ≥ 30 e SC ≥ 2,0 foram preditores de CVE sem sucesso.: OR 0,2 CI95% 0,1-0,7 p < 0,001 e OR 0,3 CI95% 0,1-0,7 p 0,009, respectivamente. A percentagem de recidiva de FA aos 6 meses foi de 44,7%. AAE > 27,5 ou 30,0cm2 e velocidade maxima de esvaziamento do apêndice auricular esquerdo < 30cm/s foram preditores de recidiva nos primeiros 6 meses após a CVE: OR 4,0 CI95% 1,1-14,9 p < 0,03; OR 11,5 CI95% 2,1-62,3 p < 0,002 e OR 4,1 CI95% 1,0-16,0 p 0,04. FA < 1 semana de duração foi marginalmente preditiva de manutenção de RS: OR 0,3 CI95% 0,1-1,1 p 0,07. Conclusões: Apesar de por vezes apresentar desfecho imprevisível, a CVE apresentou um sucesso imediato elevado, porém com uma alta taxa de recidivas nos primeiros 6 meses de seguimento. Parâmetros como IMC, SC, menor duração e tensão arterial diastólica baixa parecem predizer o resultado deste procedimento. Doentes com FA com maior evolução e cuja aurícula esquerda esteja dilatada e com função comprometida, parecem ser mais propensos a apresentar recidivas durante o seguimento. Será necessários outro tipo de parâmetros de forma a poder criar um modelo que possa predizer de forma mais eficaz os endpoints estudados. |
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Cardioversão eléctrica da fibrilhação auricularPapel no século XXICardioversão eléctricaCardioversão eléctrica - Fibrilhação auricularFibrilhação auricularIntrodução: A cardioversão eléctrica (CVE) é o método mais eficaz para restaurar o ritmo sinusal (RS) em doentes com fibrilhação auricular (FA). De acordo com os conhecimentos actuais, os resultados deste procedimento são ainda algo imprevisíveis. Objectivo: Avaliar os preditores de sucesso da CVE de FA e manutenção de RS após a CVE. Estalecer qual o papel da CVE na abordagem da FA, delimitando os casos que maior benefício dela podem extrair. Métodos: Estudo prospectivo com 95 doentes consecutivos (68,8±9,8anos; 27,4%sexo feminino) submetidos a CVE de FA após ecocardiograma transesofágico (ETE). Os seguintes parâmetros ecocardiográficos foram avaliados: área da aurícula esquerda (AAE), área e função do apêndice auricular esquerdo (AAAE), e grau de regurgitação mitral. Foram medidos parâmetros protrombóticos (grau de autocontraste espontâneo ecocardiográfico, D-dímeros e score de CHADS2), inflamatórios (PCR) e hemodinâmicos (NT-proBNP, função sistólica do ventrículo esquerdo, tensão arterial sistólica e diastólica), assim como dados demográficos e antropométricos (índice de massa corporal – IMC, e superfície corporal- SC), medicação prévia (amiorarona, estatina e iECA/ ARA-II) e factores de risco (hipertensão arterial e diabetes). Foram comparadas variáveis nominais e quantitativas de acordo com o resultado da CVE (FA ou RS no momento de alta) e presença ou não de recidiva de FA nos primeiros 6 meses de seguimento, tendo os resultados sido avaliados com o SPSS 16,0. Resultados: Alcançou-se sucesso no procedimento em 81,1%. Não foram encontradas diferenças entre os grupos (RS vs FA no momento de alta) no que diz respeito aos parâmetros ecocardiográficos, protrombóticos e inflamatórios. A presença de hipertensão arterial e diabetes não influenciaram o desfecho da CVE. De entre os parâmetros hemodinâmicos, a tensão arterial diastólica < 75mmHg foi um preditor de sucesso: OR 4,2 CI95% 1,1-16,5 p 0,03. FA com < 1 mês e < 1 ano foram preditores de sucesso da CVE: OR 3,8 CI95% 1,1-12,5 p < 0,02 e OR 4,8 CI95% 1,6-14,8 p 0,004. IMC ≥ 30 e SC ≥ 2,0 foram preditores de CVE sem sucesso.: OR 0,2 CI95% 0,1-0,7 p < 0,001 e OR 0,3 CI95% 0,1-0,7 p 0,009, respectivamente. A percentagem de recidiva de FA aos 6 meses foi de 44,7%. AAE > 27,5 ou 30,0cm2 e velocidade maxima de esvaziamento do apêndice auricular esquerdo < 30cm/s foram preditores de recidiva nos primeiros 6 meses após a CVE: OR 4,0 CI95% 1,1-14,9 p < 0,03; OR 11,5 CI95% 2,1-62,3 p < 0,002 e OR 4,1 CI95% 1,0-16,0 p 0,04. FA < 1 semana de duração foi marginalmente preditiva de manutenção de RS: OR 0,3 CI95% 0,1-1,1 p 0,07. Conclusões: Apesar de por vezes apresentar desfecho imprevisível, a CVE apresentou um sucesso imediato elevado, porém com uma alta taxa de recidivas nos primeiros 6 meses de seguimento. Parâmetros como IMC, SC, menor duração e tensão arterial diastólica baixa parecem predizer o resultado deste procedimento. Doentes com FA com maior evolução e cuja aurícula esquerda esteja dilatada e com função comprometida, parecem ser mais propensos a apresentar recidivas durante o seguimento. Será necessários outro tipo de parâmetros de forma a poder criar um modelo que possa predizer de forma mais eficaz os endpoints estudados.Introduction: Electrical cardioversion (EC) is the most effective method of restoring sinus rhythm (SR) in patients with atrial fibrillation (AF), but according to current knowledge, its results are highly unpredictable. Purpose: To evaluate the predictors of success of EC of AF and maintenance of SR after EC. To study the role and indications of EC in AF, deciding which are the most suitable patients for this treatment option. Methods: Prospective study with 95 consecutive patients (68,8±9,8years; 27,4%women) undergoing EC of AF, after transesophageal echocardiogram (TEE). The following echo parameters were measured: left atrium area (LAA), left atrium appendage area (LAAA) and function and mitral regurgitation degree. Thrombotic (auto contrast degree, D-dimers and CHADS2), inflammatory (CRP) and hemodynamic (NT-proBNP, LV systolic function, systolic and diastolic pressure) status were accessed, as well as demographics and anthropometric data (body mass index - BMI, corporal surface CS), previous medication (amiodarone, statin e ACEi/ARA-II) and risk factors (hypertension and diabetes). Nominal and quantitative variables were compared according to the result of the EC (SR or AF at discharge) and presence or absence of relapse in the first six months, and independent predictors of success were evaluated using SPSS 16,0. Results: Success was achieved in 81,1%. No differences were found between groups (SR vs AF) in echocardiographic, thrombotic and inflammatory parameters. Presence/absence of hypertension or diabetes had no impact in the success of EC. Among hemodynamic parameters, diastolic pressure < 75mmHg was an independent predictor of success: OR 4,2 CI95% 1,1-16,5 p 0,03. AF < 1 month and AF < 1 year were predictors of success of EC: OR 3,8 CI95% 1,1-12,5 p < 0,02 and OR 4,8 CI95% 1,6-14,8 p 0,004. BMI ≥ 30 and CS ≥ 2,0 were predictors of unsuccessful EC: OR 0,2 CI95% 0,1-0,7 p < 0,001 e OR 0,3 CI95% 0,1-0,7 p 0,009, respectively. Relapse of AF in the first 6 months was found in 44,7%. A LAA > 27,5 or 30,0cm2 , and left atrial appendage maximum emptying velocity < 30cm/s were predictive of relapse in the first 6 months after EC: OR 4,0 CI95% 1,1-14,9 p < 0,03; OR 11,5 CI95% 2,1-62,3 p < 0,002 and OR 4,1 CI95% 1,0-16,0 p 0,04. AF < 1 week duration was marginally predictive of maintenance of SR: OR 0,3 CI95% 0,1-1,1 p 0,07. Conclusions: Though sometimes unpredictable, EC had a high immediate success rate, that vanished into a high level of relapse in the first six months after the procedure. Parameters like BMI, BS, shorter duration and low diastolic blood pressure seem to be predictors of the result of this treatment. Patients with longer duration AF, dilated left atrium and compromised LA function are more prone to relapse in the first six months of follow-up. Further parameters will be need to create a model that can more accurately predict these endpoints.Universidade da Beira InteriorSousa, Miguel Castelo Branco Craveiro deuBibliorumProvidência, Rui André da2013-07-09T10:23:06Z2009-072009-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/mswordapplication/mswordapplication/mswordhttp://hdl.handle.net/10400.6/1236porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-01-16T11:38:22ZPortal AgregadorONG |
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Introdução: A cardioversão eléctrica (CVE) é o método mais eficaz para restaurar o ritmo sinusal (RS) em doentes com fibrilhação auricular (FA). De acordo com os conhecimentos actuais, os resultados deste procedimento são ainda algo imprevisíveis. Objectivo: Avaliar os preditores de sucesso da CVE de FA e manutenção de RS após a CVE. Estalecer qual o papel da CVE na abordagem da FA, delimitando os casos que maior benefício dela podem extrair. Métodos: Estudo prospectivo com 95 doentes consecutivos (68,8±9,8anos; 27,4%sexo feminino) submetidos a CVE de FA após ecocardiograma transesofágico (ETE). Os seguintes parâmetros ecocardiográficos foram avaliados: área da aurícula esquerda (AAE), área e função do apêndice auricular esquerdo (AAAE), e grau de regurgitação mitral. Foram medidos parâmetros protrombóticos (grau de autocontraste espontâneo ecocardiográfico, D-dímeros e score de CHADS2), inflamatórios (PCR) e hemodinâmicos (NT-proBNP, função sistólica do ventrículo esquerdo, tensão arterial sistólica e diastólica), assim como dados demográficos e antropométricos (índice de massa corporal – IMC, e superfície corporal- SC), medicação prévia (amiorarona, estatina e iECA/ ARA-II) e factores de risco (hipertensão arterial e diabetes). Foram comparadas variáveis nominais e quantitativas de acordo com o resultado da CVE (FA ou RS no momento de alta) e presença ou não de recidiva de FA nos primeiros 6 meses de seguimento, tendo os resultados sido avaliados com o SPSS 16,0. Resultados: Alcançou-se sucesso no procedimento em 81,1%. Não foram encontradas diferenças entre os grupos (RS vs FA no momento de alta) no que diz respeito aos parâmetros ecocardiográficos, protrombóticos e inflamatórios. A presença de hipertensão arterial e diabetes não influenciaram o desfecho da CVE. De entre os parâmetros hemodinâmicos, a tensão arterial diastólica < 75mmHg foi um preditor de sucesso: OR 4,2 CI95% 1,1-16,5 p 0,03. FA com < 1 mês e < 1 ano foram preditores de sucesso da CVE: OR 3,8 CI95% 1,1-12,5 p < 0,02 e OR 4,8 CI95% 1,6-14,8 p 0,004. IMC ≥ 30 e SC ≥ 2,0 foram preditores de CVE sem sucesso.: OR 0,2 CI95% 0,1-0,7 p < 0,001 e OR 0,3 CI95% 0,1-0,7 p 0,009, respectivamente. A percentagem de recidiva de FA aos 6 meses foi de 44,7%. AAE > 27,5 ou 30,0cm2 e velocidade maxima de esvaziamento do apêndice auricular esquerdo < 30cm/s foram preditores de recidiva nos primeiros 6 meses após a CVE: OR 4,0 CI95% 1,1-14,9 p < 0,03; OR 11,5 CI95% 2,1-62,3 p < 0,002 e OR 4,1 CI95% 1,0-16,0 p 0,04. FA < 1 semana de duração foi marginalmente preditiva de manutenção de RS: OR 0,3 CI95% 0,1-1,1 p 0,07. Conclusões: Apesar de por vezes apresentar desfecho imprevisível, a CVE apresentou um sucesso imediato elevado, porém com uma alta taxa de recidivas nos primeiros 6 meses de seguimento. Parâmetros como IMC, SC, menor duração e tensão arterial diastólica baixa parecem predizer o resultado deste procedimento. Doentes com FA com maior evolução e cuja aurícula esquerda esteja dilatada e com função comprometida, parecem ser mais propensos a apresentar recidivas durante o seguimento. Será necessários outro tipo de parâmetros de forma a poder criar um modelo que possa predizer de forma mais eficaz os endpoints estudados. |
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