Contributo para a melhoria de solos marginais destinados a pastagens pela aplicação de lama residual urbana, sem riscos ambientais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Serrão,M. G.
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Domingues,H., Fernandes,M., Martins,J., Pires,F., Saraiva,I., Fareleira,P., Matos,N., Ferreira,E., Campos,A. M., Horta,C., Dordio,A.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-018X2009000100024
Resumo: A aplicação de lamas residuais urbanas (LRU) aos solos destinados a pastagens, ainda escassamente utilizada no País, contribui, com frequência, para melhorar os níveis de matéria orgânica (M.O.) e de alguns nutrientes das plantas e para diminuir o risco de erosão, pelo aumento da cobertura vegetal. Todavia, a presença eventual de níveis elevados de metais pesados, compostos orgânicos poluentes e organismos patogénicos nas LRU condiciona a dose a aplicar e torna imprescindível o controlo desses factores nos solos aos quais foram incorporadas. Também o teor elevado de azoto que por vezes contêm pode inibir a actividade simbiótica do rizóbio, prejudicando a sobrevivência das leguminosas na pastagem. Neste trabalho, examinaram-se a produção de matéria seca, a composição florística e o teor de cobre (Cu) na biomassa vegetal, em dois anos consecutivos de um ensaio com uma mistura pratense semeada para cortes sucessivos, instalado, no Outono de 2001, num Luvissolo Háplico de baixa fertilidade, em Mértola, ao qual foi aplicado LRU secundária proveniente da ETAR de Évora, com um elevado teor de Cu. No mesmo período, apreciou-se a evolução, na camada superficial do solo, dos teores de M.O., de alguns macronutrientes e do Cu extraível por água régia. Avaliouse, ainda, a grandeza da população rizobiana que nodula o trevo (Rhizobium leguminosarum biovar trifolii) e procedeu-se à prospecção de indicadores de contaminação fecal (bactérias coliformes e enterococos). No ano seguinte à aplicação da LRU, examinou-se a evolução, no solo, de 11 compostos bifenilospoliclorados (PCBs), 13 pesticidas organoclorados e 16 hidrocarbonetos aromáticos polinucleares (PAHs). O ensaio, de blocos casualizados, teve como modalidades três níveis de LRU (L 0 = 0, L1 = 12 e L2 = 24 t/ha) e duas repetições. A mistura semeada incluiu azevém anual, panasco, cinco espécies de trevo, bisserula e serradela. Além de muito maiores produções de biomassa, por melhoria do teor de fósforo “assimilável” no solo, a LRU não provocou poluição do solo, um ano após a sua aplicação, quanto aos compostos orgânicos pesquisados, nem aumentou a flora microbiana patogénica, nos dois ciclos culturais. Contudo, a maior dose de LRU aumentou a concentração de Cu extraível por água régia no solo (0-10 cm) para níveis superiores ao máximo legislado em Portugal (100 mg kg-1) e reduziu apreciavelmente a população de rizóbio, no 1º ciclo cultural e a proporção de leguminosas, no 2º ciclo. Os teores foliares de Cu foram muito inferiores ao nível máximo tolerável para a dieta de pequenos ruminantes (25 mg kg-1), o que sugere, nitidamente, que da aplicação da LRU não deverão ocorrer efeitos nocivos para a nutrição animal. Face aos efeitos indesejáveis do nível mais elevado de LRU, a dose L1 (12 t/ha) seria a recomendável.
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