Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Perelman, Julian
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Chaves, Pedro, Gago, Joaquim, Leuschner, António, Lourenço, Alexandre, Mestre, Ricardo, Pisco, Luis, Paixão, Isabel, Carvalho, Álvaro de, Almeida, José Caldas de
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/112367
Resumo: RESUMO - O Plano Nacional de Saúde Mental 2007–2016 aponta várias limitações ao sistema português de saúde mental, como a falta de acesso, os cuidados excessivamente centrados nos hospitais, a falta de recursos e a prevenção insuficiente. Uma das formas de atacar estes problemas é o desenho de um novo modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental, o que apenas é possível conhecendo em detalhe o modelo atual, os seus pontos fortes e fracos e os incentivos que cria. É isso que fazemos, com especial enfoque nos cuidados de saúde primários e hospitalares, com base nos resultados da literatura teórica e empírica, e na realização de um grupo focal com peritos das áreas da saúde mental e financiamento em Portugal. Concluímos que os cuidados de saúde primários não são incentivados a envolver-se na prevenção e tratamento de perturbações mentais, por beneficiarem da realização de um grande número de consultas de curta duração e do cumprimento de objetivos que negligenciam a saúde mental. Já o pagamento dos hospitais Entidade Pública Empresarial é muito focado no nível de atividade e não na integração de cuidados. É prevista uma remuneração por dias ou episódio de internamento, ou por serviço médico prestado, o que dificulta uma visão global do estado de saúde de cada doente. No entanto, os indicadores definidos para estes prestadores e a ausência de um mecanismo de reembolso de custos privilegia a eficiência na prestação de cuidados. Os cuidados prestados na comunidade, cuja eficácia é defendida pela literatura, são incentivados por uma remuneração que lhes é específica, mas que parece ainda não ter sido atribuída na prática. Em geral, apesar de ter alguns aspetos positivos, o modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental beneficiará de um novo desenho, que envolva mais os cuidados de saúde primários, que incentive uma visão global do estado de saúde de cada doente e que torne mais efetivo o tratamento na comunidade.
id RCAP_8892331a42451edfe310dbb30a1800fb
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/112367
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadoresPortuguese mental health system: critical evaluation of the providers’ payment modeSaúde mentalModelos de pagamentoIncentivosCuidados de saúde primáriosCuidados de saúde hospitalaresMental healthPayment modelsIncentivesPrimary careSecondary careRESUMO - O Plano Nacional de Saúde Mental 2007–2016 aponta várias limitações ao sistema português de saúde mental, como a falta de acesso, os cuidados excessivamente centrados nos hospitais, a falta de recursos e a prevenção insuficiente. Uma das formas de atacar estes problemas é o desenho de um novo modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental, o que apenas é possível conhecendo em detalhe o modelo atual, os seus pontos fortes e fracos e os incentivos que cria. É isso que fazemos, com especial enfoque nos cuidados de saúde primários e hospitalares, com base nos resultados da literatura teórica e empírica, e na realização de um grupo focal com peritos das áreas da saúde mental e financiamento em Portugal. Concluímos que os cuidados de saúde primários não são incentivados a envolver-se na prevenção e tratamento de perturbações mentais, por beneficiarem da realização de um grande número de consultas de curta duração e do cumprimento de objetivos que negligenciam a saúde mental. Já o pagamento dos hospitais Entidade Pública Empresarial é muito focado no nível de atividade e não na integração de cuidados. É prevista uma remuneração por dias ou episódio de internamento, ou por serviço médico prestado, o que dificulta uma visão global do estado de saúde de cada doente. No entanto, os indicadores definidos para estes prestadores e a ausência de um mecanismo de reembolso de custos privilegia a eficiência na prestação de cuidados. Os cuidados prestados na comunidade, cuja eficácia é defendida pela literatura, são incentivados por uma remuneração que lhes é específica, mas que parece ainda não ter sido atribuída na prática. Em geral, apesar de ter alguns aspetos positivos, o modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental beneficiará de um novo desenho, que envolva mais os cuidados de saúde primários, que incentive uma visão global do estado de saúde de cada doente e que torne mais efetivo o tratamento na comunidade.ABSTRACT -.The 2007–2016 National Plan of Mental Health points out several limitations of the mental health Portuguese system, such as bad access, a healthcare excessively concentrated on hospitals, lack of resources, and insufficient prevention. One way of dealing with such problems is to design a new model of payment to mental healthcare providers, which is only possible if we know the current model, its strengths and weaknesses, and the incentives it creates. That is what we do in this paper, with a special focus on primary and secondary care, on the basis of the theoretical and empirical literature, and the realization of a focus group with national mental health and financing experts. We conclude that primary care services have few incentives to be involved in the prevention and treatment of mental health disorders, as they benefit from conducting a large number of short-duration consultations and from reaching goals not related to mental health. The payment of “Entidade Pública Empresarial” hospitals is highly focused on the activity level and less on care integration. It includes a fee that depends on the number of days or episodes of inpatient stays, or on the number of medical acts, which makes it difficult for hospitals to have a global view of the patients’ health status. However, the indicators defined for these providers and the inexistence of a cost reimbursement mechanism favor efficiency in healthcare provision. Community healthcare, which the literature defends to be effective, is incentivized by a specific fee, which, however, does not seem to be used in practice. In general, although having some interesting features, the current payment model for mental healthcare providers will benefit from a redesign which leads providers to have a global view of the patients’ health status and to make an effective use of community care.Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de Saúde PúblicaRUNPerelman, JulianChaves, PedroGago, JoaquimLeuschner, AntónioLourenço, AlexandreMestre, RicardoPisco, LuisPaixão, IsabelCarvalho, Álvaro deAlmeida, José Caldas de2021-02-24T10:42:13Z2017-092017-09-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/112367porPerelman, Julian; Chaves, Pedro; Gago, Joaquim; Leuschner, António; Lourenço, Alexandre; Mestre, Ricardo; Pisco, Luis; Paixão, Isabel; Carvalho, Álvaro de; Almeida, José Caldas de - Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores = Portuguese mental health system: critical evaluation of the providers’ payment mode. Portuguese Journal of Public Health. ISSN 2504-3137. Vol. 35, Nº 3 (Setembro/Dezembro 2017), p. 155-1712504-313710.1159/000486052info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:55:58Zoai:run.unl.pt:10362/112367Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:42:09.962916Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
Portuguese mental health system: critical evaluation of the providers’ payment mode
title Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
spellingShingle Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
Perelman, Julian
Saúde mental
Modelos de pagamento
Incentivos
Cuidados de saúde primários
Cuidados de saúde hospitalares
Mental health
Payment models
Incentives
Primary care
Secondary care
title_short Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
title_full Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
title_fullStr Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
title_full_unstemmed Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
title_sort Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores
author Perelman, Julian
author_facet Perelman, Julian
Chaves, Pedro
Gago, Joaquim
Leuschner, António
Lourenço, Alexandre
Mestre, Ricardo
Pisco, Luis
Paixão, Isabel
Carvalho, Álvaro de
Almeida, José Caldas de
author_role author
author2 Chaves, Pedro
Gago, Joaquim
Leuschner, António
Lourenço, Alexandre
Mestre, Ricardo
Pisco, Luis
Paixão, Isabel
Carvalho, Álvaro de
Almeida, José Caldas de
author2_role author
author
author
author
author
author
author
author
author
dc.contributor.none.fl_str_mv RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv Perelman, Julian
Chaves, Pedro
Gago, Joaquim
Leuschner, António
Lourenço, Alexandre
Mestre, Ricardo
Pisco, Luis
Paixão, Isabel
Carvalho, Álvaro de
Almeida, José Caldas de
dc.subject.por.fl_str_mv Saúde mental
Modelos de pagamento
Incentivos
Cuidados de saúde primários
Cuidados de saúde hospitalares
Mental health
Payment models
Incentives
Primary care
Secondary care
topic Saúde mental
Modelos de pagamento
Incentivos
Cuidados de saúde primários
Cuidados de saúde hospitalares
Mental health
Payment models
Incentives
Primary care
Secondary care
description RESUMO - O Plano Nacional de Saúde Mental 2007–2016 aponta várias limitações ao sistema português de saúde mental, como a falta de acesso, os cuidados excessivamente centrados nos hospitais, a falta de recursos e a prevenção insuficiente. Uma das formas de atacar estes problemas é o desenho de um novo modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental, o que apenas é possível conhecendo em detalhe o modelo atual, os seus pontos fortes e fracos e os incentivos que cria. É isso que fazemos, com especial enfoque nos cuidados de saúde primários e hospitalares, com base nos resultados da literatura teórica e empírica, e na realização de um grupo focal com peritos das áreas da saúde mental e financiamento em Portugal. Concluímos que os cuidados de saúde primários não são incentivados a envolver-se na prevenção e tratamento de perturbações mentais, por beneficiarem da realização de um grande número de consultas de curta duração e do cumprimento de objetivos que negligenciam a saúde mental. Já o pagamento dos hospitais Entidade Pública Empresarial é muito focado no nível de atividade e não na integração de cuidados. É prevista uma remuneração por dias ou episódio de internamento, ou por serviço médico prestado, o que dificulta uma visão global do estado de saúde de cada doente. No entanto, os indicadores definidos para estes prestadores e a ausência de um mecanismo de reembolso de custos privilegia a eficiência na prestação de cuidados. Os cuidados prestados na comunidade, cuja eficácia é defendida pela literatura, são incentivados por uma remuneração que lhes é específica, mas que parece ainda não ter sido atribuída na prática. Em geral, apesar de ter alguns aspetos positivos, o modelo de pagamento aos prestadores de cuidados de saúde mental beneficiará de um novo desenho, que envolva mais os cuidados de saúde primários, que incentive uma visão global do estado de saúde de cada doente e que torne mais efetivo o tratamento na comunidade.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-09
2017-09-01T00:00:00Z
2021-02-24T10:42:13Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/112367
url http://hdl.handle.net/10362/112367
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Perelman, Julian; Chaves, Pedro; Gago, Joaquim; Leuschner, António; Lourenço, Alexandre; Mestre, Ricardo; Pisco, Luis; Paixão, Isabel; Carvalho, Álvaro de; Almeida, José Caldas de - Sistema português de saúde mental: avaliação crítica do modelo de pagamento aos prestadores = Portuguese mental health system: critical evaluation of the providers’ payment mode. Portuguese Journal of Public Health. ISSN 2504-3137. Vol. 35, Nº 3 (Setembro/Dezembro 2017), p. 155-171
2504-3137
10.1159/000486052
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de Saúde Pública
publisher.none.fl_str_mv Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de Saúde Pública
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799138033672388608