Mulheres migrantes e prostituição na era da globalização
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/111670 |
Resumo: | A discussão sobre trabalho sexual tem vindo a aumentar na esfera de debate público em Portugal criando novas ansiedades sociais. No entanto, os esforços políticos investidos têm sido mais no sentido de o impossibilitar, excluindo à partida as vozes das trabalhadoras do sexo e descurando as suas necessidades, do que na procura da melhoria das suas condições sociais e laborais. As pessoas em contexto de prostituição de rua continuam a perfazer um dos sectores mais precários das sociedades modernas (Mac & Smith, 2018). Neste contexto, as mulheres migrantes enfrentam ainda dificuldades acrescidas, associadas à sua posição de maior fragilidade pela sobreposição de categorias de opressão a que estão sujeitas: dificuldades na obtenção de visto, discriminação, medo de deportação ou perigos associados a redes de tráfico de seres humanos (Oliveira, 2011). A presente dissertação é o resultado de um estudo de caso etnográfico sobre os contextos, condições e percepções das mulheres migrantes em contexto de prostituição de rua, assim como dos diversos actores sociais que compõem a sua realidade, realizado através de um trabalho de terreno na área de Lisboa que teve a duração de 6 meses. O ponto de partida e acesso ao terreno foi a Obra Social das Irmãs Oblatas (OSIO) em Lisboa, e os métodos utilizados foram a observação participante, a realização de entrevistas formais e informais, e a realização de um focus-group. Para o efeito, tive em conta três eixos de análise: a distribuição espacial e dimensão demográfica da prostituição de rua em Lisboa; os contextos migratórios, trânsitos e mobilidades característicos da população em estudo; e por último a dimensão da condição da mulher prostituta, numa análise sobre as percepções e ideias sobre estigma, marginalização e trabalho. A globalização e a feminização da pobreza são frequentemente causa e motivo das sex-related migrations (AgusMn, 2007), sendo a prostituição muitas vezes um meio de acesso a um objectivo migratório. Em países onde o trabalho sexual não é regulamentado ou completamente descriminalizado, como é o caso de Portugal, as mulheres migrantes indocumentadas vêem dificultado o acesso a uma cidadania plena (Alvim, 2013). O objectivo desta investigação foi então conhecer a realidade social da prostituição de rua em Lisboa através dos contextos e percepções das mulheres migrantes, para compreender quais as suas condições de vida e trabalho, necessidades e reivindicações, de forma a contribuir para uma compreensão deste mundo social que tenha em conta a sua diversidade e complexidade. |
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Mulheres migrantes e prostituição na era da globalizaçãoProstituiçãoMulheresMigraçõesMarginalizaçãoTrabalho sexualDireitos laboraisProstitutionMigrationsMarginalizationSex workLabour rightsDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::Geografia Económica e SocialA discussão sobre trabalho sexual tem vindo a aumentar na esfera de debate público em Portugal criando novas ansiedades sociais. No entanto, os esforços políticos investidos têm sido mais no sentido de o impossibilitar, excluindo à partida as vozes das trabalhadoras do sexo e descurando as suas necessidades, do que na procura da melhoria das suas condições sociais e laborais. As pessoas em contexto de prostituição de rua continuam a perfazer um dos sectores mais precários das sociedades modernas (Mac & Smith, 2018). Neste contexto, as mulheres migrantes enfrentam ainda dificuldades acrescidas, associadas à sua posição de maior fragilidade pela sobreposição de categorias de opressão a que estão sujeitas: dificuldades na obtenção de visto, discriminação, medo de deportação ou perigos associados a redes de tráfico de seres humanos (Oliveira, 2011). A presente dissertação é o resultado de um estudo de caso etnográfico sobre os contextos, condições e percepções das mulheres migrantes em contexto de prostituição de rua, assim como dos diversos actores sociais que compõem a sua realidade, realizado através de um trabalho de terreno na área de Lisboa que teve a duração de 6 meses. O ponto de partida e acesso ao terreno foi a Obra Social das Irmãs Oblatas (OSIO) em Lisboa, e os métodos utilizados foram a observação participante, a realização de entrevistas formais e informais, e a realização de um focus-group. Para o efeito, tive em conta três eixos de análise: a distribuição espacial e dimensão demográfica da prostituição de rua em Lisboa; os contextos migratórios, trânsitos e mobilidades característicos da população em estudo; e por último a dimensão da condição da mulher prostituta, numa análise sobre as percepções e ideias sobre estigma, marginalização e trabalho. A globalização e a feminização da pobreza são frequentemente causa e motivo das sex-related migrations (AgusMn, 2007), sendo a prostituição muitas vezes um meio de acesso a um objectivo migratório. Em países onde o trabalho sexual não é regulamentado ou completamente descriminalizado, como é o caso de Portugal, as mulheres migrantes indocumentadas vêem dificultado o acesso a uma cidadania plena (Alvim, 2013). O objectivo desta investigação foi então conhecer a realidade social da prostituição de rua em Lisboa através dos contextos e percepções das mulheres migrantes, para compreender quais as suas condições de vida e trabalho, necessidades e reivindicações, de forma a contribuir para uma compreensão deste mundo social que tenha em conta a sua diversidade e complexidade.The debate around sex work has come to gain ground in the Portuguese public debate, rooting new social anxieties. Still, the political efforts invested therein have leaned more towards its precluding, shunng off the sex workers part in it beforehand and neglecting their needs, rather than towards the improvement of their social and labour conditions. Those who take part in street prostitution stil make up for one of the most precarious sectors of modern societies (Mac & Smith, 2018). Migrant women face increased difficulties related to their frail position, resultant from the overlay of the multiple oppression categories which they are subject to: hardships throughout their visa applications, discrimination, fear of deportation or dangers associated with sex trafficking networks (Oliveira, 2011). The following dissertation is the result of an ethnographic case study on the contexts, conditions and perceptions of migrant women involved in street prostitution, as well as on the multiple social actors which compose these women’s reality, brought about through a six-month field work in the Lisbon area. The main access point was the Obra Social das Irmãs Oblatas (OSIO), in Lisbon, and the employed research methods include participatory observation, the realisation of both formal and informal interviews and the gathering of one focus-group. Hence, three main analysis axis were drawn: that of the combined spatial dimension and demographic distribution of street prostitutition in Lisbon; the migratory contexts, transits and mobilities associated with the population hereby studied; and finally, the condition of prostituted women, analysed by way of the study of perceptions and ideas on stigma, marginalisation and labour. The globalisation and feminisation of poverty are frequently the cause and motive of sex-related migrations (AgusMn, 2007), and prostitution constitutes a recurring means of access towards migratory goals. In countries where sex work either lacks regulation or is completely decriminalised — as is the case of Portugal —, undocumented migrant women are faced with the hindering of their admisance to full citizenship (Alvim, 2013). The purpose of this research was to understand the social reality of Lisbon’s street prostitution through the study of the context and perception of migrant women so as to understand their living and working standards, necessities and demands and, thus, further contribute towards an understanding of this social realm that takesinto account its diversity and complexity.Dias, NunoRUNCsalog, Rebeca Amorim2021-02-11T17:43:25Z2020-10-122020-06-302020-10-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/111670TID:202532844porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:55:33Zoai:run.unl.pt:10362/111670Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:41:58.725205Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A discussão sobre trabalho sexual tem vindo a aumentar na esfera de debate público em Portugal criando novas ansiedades sociais. No entanto, os esforços políticos investidos têm sido mais no sentido de o impossibilitar, excluindo à partida as vozes das trabalhadoras do sexo e descurando as suas necessidades, do que na procura da melhoria das suas condições sociais e laborais. As pessoas em contexto de prostituição de rua continuam a perfazer um dos sectores mais precários das sociedades modernas (Mac & Smith, 2018). Neste contexto, as mulheres migrantes enfrentam ainda dificuldades acrescidas, associadas à sua posição de maior fragilidade pela sobreposição de categorias de opressão a que estão sujeitas: dificuldades na obtenção de visto, discriminação, medo de deportação ou perigos associados a redes de tráfico de seres humanos (Oliveira, 2011). A presente dissertação é o resultado de um estudo de caso etnográfico sobre os contextos, condições e percepções das mulheres migrantes em contexto de prostituição de rua, assim como dos diversos actores sociais que compõem a sua realidade, realizado através de um trabalho de terreno na área de Lisboa que teve a duração de 6 meses. O ponto de partida e acesso ao terreno foi a Obra Social das Irmãs Oblatas (OSIO) em Lisboa, e os métodos utilizados foram a observação participante, a realização de entrevistas formais e informais, e a realização de um focus-group. Para o efeito, tive em conta três eixos de análise: a distribuição espacial e dimensão demográfica da prostituição de rua em Lisboa; os contextos migratórios, trânsitos e mobilidades característicos da população em estudo; e por último a dimensão da condição da mulher prostituta, numa análise sobre as percepções e ideias sobre estigma, marginalização e trabalho. A globalização e a feminização da pobreza são frequentemente causa e motivo das sex-related migrations (AgusMn, 2007), sendo a prostituição muitas vezes um meio de acesso a um objectivo migratório. Em países onde o trabalho sexual não é regulamentado ou completamente descriminalizado, como é o caso de Portugal, as mulheres migrantes indocumentadas vêem dificultado o acesso a uma cidadania plena (Alvim, 2013). O objectivo desta investigação foi então conhecer a realidade social da prostituição de rua em Lisboa através dos contextos e percepções das mulheres migrantes, para compreender quais as suas condições de vida e trabalho, necessidades e reivindicações, de forma a contribuir para uma compreensão deste mundo social que tenha em conta a sua diversidade e complexidade. |
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