Prevenção das infeções associadas aos Cuidados de Saúde: Enfermeiro de Família - agente na melhoria contínua da qualidade

• Autor(a) principal: Afonso, Cristina América Dias Pereira
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11062
• topic: Enfermagem; Infeção

Enquadramento: O estágio de natureza profissional foi desenvolvido na Unidade de Saúde Familiar (USF) Gualtar do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Cávado I Braga, da Administração Regional de saúde do Norte (ARSN), no âmbito do Curso de Mestrado em Enfermagem de Saúde Familiar da Escola Superior de Saúde da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. No presente relatório de estágio analisam-se as competências desenvolvidas tendo como referência o Regulamento n.º 428/2018 e apresenta-se o estudo intitulado “Prevenção das Infeções Associadas aos Cuidados de saúde: enfermeiro de família agente na melhoria contínua da qualidade”, que permitiu o desenvolvimento de competências em metodologias de investigação. As Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) e as Resistências aos Antimicrobianos (RAM) constituem um problema de saúde à escala mundial. Estas, colocam a população sob a ameaça de uma era “pósantibiótica” perante a reemergência das doenças infeciosas e falta de resposta terapêutica ou, mesmo, por condicionar a segurança de certos procedimentos e tratamentos invasivos devido ao risco acrescido de infeção (Comissão Europeia, 2017). A OMS e outras Instituições de relevo a nível mundial, ao longo dos anos, têm desenvolvido esforços na luta contra a tendência crescente das IACS e das RAM, estando estas inter-relacionadas. As ações de maior impacto para conter este problema, têm por base o uso racional dos antibióticos e a prevenção e controlo das IACS. As Precauções Básicas de Controlo de Infeção (PBCI) são a principal “arma” para prevenir as IACS, sendo a higiene das mãos fundamental para prevenir a infeção cruzada nas instituições de saúde (Siegel et al., 2007). Este estudo, realizado no ACeS Cávado I Braga, vem contribuir para o conhecimento da carga microbiana presente nas mãos dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e assistentes operacionais), durante a prestação de cuidados, elencando fatores que se relacionam com os resultados, tais como os contextos da prática profissional e as características profissionais. Neste estudo foram incluídas diferentes tipologias de Unidades Funcionais (UF), nomeadamente: Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP); Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo A; USF modelo B; Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) que integram as Unidades de Cuidados da Comunidade (UCC) e USF B com acreditação pela Direção Geral de Saúde. Objetivos: avaliar a contaminação microbiana das mãos dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e assistentes operacionais) das UF do ACeS do Cávado I Braga relativamente aos microrganismos: Estafilococos coagulase positiva, Coliformes totais, Coliformes termotolerantes (fecais) e dentro destes a E. coli, durante a atividade assistencial. Avaliar a relação entre as características do contexto da prática profissional e as características profissionais e a contaminação das mãos dos profissionais de saúde relativamente aos microrganismos em estudo. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, no domínio de uma investigação quantitativa, do tipo descritivo-correlacional e com corte transversal. De amostragem não probabilística por conveniência. Resultados: os critérios de qualidade e efetividade foram evidenciados (ausência de Coliformes termotolerantes e E. coli) em 100% da amostra. Contudo, 11, 4% da população em estudo apresentava uma higiene das mãos inadequada, demonstrado pela presença de Coliformes totais ou Estafilococos coagulase positiva, nas 3 categorias profissionais em estudo. Destes profissionais a categoria dos assistentes operacionais é a que apresenta o maior número de elementos com as mãos contaminadas, 37,5%. A tipologia de UF e a certificação das unidades, bem como a formação e os recursos disponíveis, não revelaram uma associação estatisticamente significativa com a presença dos microrganismos nas mãos dos profissionais. Conclusão: Com base nos critérios de qualidade e efetividade estabelecidos no estudo, é evidenciado um notável desempenho dos profissionais do ACeS Cávado I Braga no que respeita à higienização das mãos. Os assistentes operacionais são a categoria profissional em estudo com maior número de profissionais com as mãos contaminadas. As UF parecem dispor dos recursos adequados para o cumprimento das boas práticas de higiene das mãos. Verifica-se uma evidente difusão das normas da DGS e adesão dos profissionais à formação no domínio da higiene das mãos, no entanto, será importante pensar ou repensar os modelos vigentes sobre formação de modo a aumentar a efetividade dos mesmos. A tipologia de UF e consequente desenvolvimento organizacional não parece ser determinante relativamente à higiene das mãos dos profissionais.