”Os exércitos e as mulheres: Inquérito sobre a banalidade duma tragédia”
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/36234 |
Resumo: | Sendo as sociedades onde surgem os exércitos formadas por homens e mulheres, seria impossível que as instituições militares pudessem existir sem que estabeleça uma densa rede de relações entre elas e as pessoas dos dois sexos. Formados, desde as mais altas épocas e até a Idade Contemporânea, quase exclusivamente por homens, os exércitos criam uma profunda dissimetria estrutural entre a instituição militar e o resto da sociedade, que se repercute nas relações entre os dois sectores. A mais óbvia e, na nossa óptica, a mais fundamental assimetria concerne ao sexo enquanto necessidade básica, às modalidades do seu exercício ou satisfação, e às consequências da segregação dos corpos masculinos em relação à restante sociedade. As duas primeiras vertentes (separação mono-sexual e exclusão do sexo dentro dos exércitos) estão ligadas: na realidade, ao formar exércitos apenas com homens, neutraliza-se, por assim dizer, a variável sexo. A proibição da actividade sexual nos exércitos é corolário da precedente: por hipótese, onde há apenas homens, não há actividade sexual entre eles, sendo a homossexualidade um tabu oficial absoluto. Mas sendo esta hipótese repetidamente desmentida pela evidência dos factos, por um lado, e posta em causa pelas mudanças nos sistemas de valores, por outro, é sobretudo a integração de mulheres nos exércitos que vem revelar a que ponto a continuidade entre sexo e violência - nomeadamente contra as mulheres - é uma constante, mesmo nos exércitos contemporâneos de nações democráticas. Mas só abordaremos esta questão depois do estudo da logística – técnica neutra em si - do sexo. |
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