Revoltas e Campanhas nos Dembos (1872-1919). 47 Anos de Independência às Portas de Luanda.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marracho, António José Machado
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/1444
Resumo: Em 1872 perante a escassez de meios no terreno, falta de força, falta da autoridade portuguesa, o dembo Caculo Cahenda, revoltou-se. A resposta militar portuguesa foi materializada através do envio de uma coluna comandada pelo Tenente-Coronel Gomes de Almeida. O aparente sucesso militar traz consigo uma paz negociada com a manutenção do Status Quo. Como consequência do fim do conflito, foi assinada uma portaria pelo Ministro dos Negócios da Marinha e Ultramar, na qual foi decretada, a abolição de dízimos dos concelhos, passagens dos rios e dízimos do pescado. No período de 1890 a 1907, os dembos, entraram em conflito com os portugueses três vezes: em Dezembro de 1890, de Janeiro a Março de 1891 e em Fevereiro de 1899. De 1907 a 1919, foram organizadas sete expedições militares: Setembro a Novembro de 1907, de Julho de 1908, de Fevereiro a Março de 1909, de Julho a Setembro de 1913, de Novembro a Dezembro de 1918, de Janeiro a Abril e de Maio a Dezembro de 1919, sem contar com incidentes menores. Os dembos, nunca tiveram o apoio dos seus irmãos do Golungo Alto ou de Ambaca. Abandonados, divididos, caíram em dominó. A impossibilidade de arranjar pólvora, a doença do sono, a abertura de estradas e a cultura do café iriam anular os últimos lutadores pela independência pelo menos até 1961. Na conferência de Berlim de 1884-85, foi decidida a partilha do continente Africano. Alterouse o paradigma de relacionamento entre Europeus e Africanos. Nasceu um direito novo, que validava a efectiva ocupação dos territórios Africanos. Quando Paiva Couceiro assume o Governo da província, decide terminar com a independência dos Dembos. Ordena a constituição da coluna de 1907. A coluna de 1907 fez 39 etapas superiores a 21 quilómetros, sendo a maior de 38, percorrendo enquadrada por graduados cerca de 840 quilómetros. Se adicionarmos as marchas extraordinárias, ela percorreu mais de 1500 quilómetros. Entre 1913 a 1917, a região dos Dembos mantém-se estável. Os poderes locais Africanos decidem o seu destino e toleram a autoridade portuguesa nos seus fortes. Na década de 1920, foi desenhado o mapa de Angola, fruto de uma intensa actividade militar. As campanhas na região dos Dembos enquadram-se neste cenário político-militar com vertentes étnicas e tribais.
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De 1907 a 1919, foram organizadas sete expedições militares: Setembro a Novembro de 1907, de Julho de 1908, de Fevereiro a Março de 1909, de Julho a Setembro de 1913, de Novembro a Dezembro de 1918, de Janeiro a Abril e de Maio a Dezembro de 1919, sem contar com incidentes menores. Os dembos, nunca tiveram o apoio dos seus irmãos do Golungo Alto ou de Ambaca. Abandonados, divididos, caíram em dominó. A impossibilidade de arranjar pólvora, a doença do sono, a abertura de estradas e a cultura do café iriam anular os últimos lutadores pela independência pelo menos até 1961. Na conferência de Berlim de 1884-85, foi decidida a partilha do continente Africano. Alterouse o paradigma de relacionamento entre Europeus e Africanos. Nasceu um direito novo, que validava a efectiva ocupação dos territórios Africanos. Quando Paiva Couceiro assume o Governo da província, decide terminar com a independência dos Dembos. Ordena a constituição da coluna de 1907. A coluna de 1907 fez 39 etapas superiores a 21 quilómetros, sendo a maior de 38, percorrendo enquadrada por graduados cerca de 840 quilómetros. Se adicionarmos as marchas extraordinárias, ela percorreu mais de 1500 quilómetros. Entre 1913 a 1917, a região dos Dembos mantém-se estável. Os poderes locais Africanos decidem o seu destino e toleram a autoridade portuguesa nos seus fortes. Na década de 1920, foi desenhado o mapa de Angola, fruto de uma intensa actividade militar. As campanhas na região dos Dembos enquadram-se neste cenário político-militar com vertentes étnicas e tribais.In 1872, given the shortage of military forces and the reduced Portuguese authority in the area, the dembo Caculo Cahenda rioted. A military column commanded by Lieutenant- Colonel Gomes da Almeida was organized and brings peace, at least for a while, maintaining the status quo. As a consequence of this conflict, the Minister of Naval Affairs and Overseas signed a decree. In it, the tithes on the administrative areas, the river crossings and fishing were all abolished. In the period from 1890 to 1907, the dembos, entered in conflict with the Portuguese three times: in December 1890, January to March 1891 and in February 1899. Between the period from 1907 to 1919, and not counting minor incidents, seven military expeditions were organized: from September to November of 1907, July of 1908, from February to March of 1909, from July to September of 1913, from November to December of 1918, from January to April and from May to December of 1919. The dembos never had the support from their siblings at Golungo Alto or of Ambaca. Abandoned, divided, they fell like dominos. The impossibility of arranging gunpowder, sleeping sickness, the opening of new roads and the coffee plantations would annul the last fighters for the independence at least up to 1961. In the Berlin conference in 1884-85, the division of the African continent was decided. The pattern of the relationship between Europeans and Africans was altered. A new international law was born, which consisted of the effective occupation of the African territories. When Paiva Couceiro was nominated governer of the provincial government, he decided to finish the independence of the Dembos. The column of 1907 made 39 walking stages of up to 21 kilometers, with the largest one of 38. The main column travelled more than 840 kilometers. Including secondary columns, a total of more than 1500 kilometers was travelled. From 1913 to 1917, the Dembos area stays stable. The local African powers decide their destiny and they tolerate the Portuguese authority in their forts. In the decade of 1920, a map of Angola was drawn up as a result of intense military activities. 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