Substância P na asma brônquica - Intervenção nos mecanismos de oxidação e activação celular

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Todo-Bom, Ana
Data de Publicação: 2006
Outros Autores: Mota-Pinto, Anabela, Vale-Pereira, Sofia, Alves, Vera, Dourado, Marília, Chieira, Celso, Santos-Rosa, Manuel
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/20269
Resumo: A Substância P (SP) descrita pela primeira vez no início do século XX, desempenha uma acção relevante a nível da inflamação neuroimune e do tónus da musculatura lisa. A asma brônquica é uma patologia crónica, com prevalência crescente em todos os países desenvolvidos. A inflamação crónica subjacente à doença pode limitar a reversibilidade funcional do órgão (respiratório), particularmente em casos clínicos mais arrastados. A importância que a enervação brônquica pode desempenhar neste processo tem sido recorrentemente analisada face à premência de um melhor conhecimento da asma, que possa permitir abordagens cada vez mais eficazes e mais direccionadas. É hoje indiscutível a intervenção da Substância P na activação de diversos grupos celulares, bem como na indução da produção acrescida de radicais oxidantes que, quando associada a redução das defesas anti-oxidantes, nomeadamente da capacidade antioxidante total (TAS) e da superóxido dismutase (SOD), condiciona inequivocamente a inflamação brônquica crónica. A SP constitui um substrato para a actividade da Dipepidilpeptidade IV (DPPIV), uma molécula multifuntional, que, ao lado da sua actividade como enzima, desempenha importantes funções imunoinflamatórias. A DPPIV foi identificada como sendo a molécula de activação linfocitária CD26, relacionável com outros marcadores de activação linfocitária, como o CD25. O objectivo deste trabalho consiste em determinar o comportamento da substância P enquanto indutor de inflamação e de broncoconstrição em doentes com asma de evolução arrastada, confrontando-o com parâmetros funcionais ventilatórios e com os valores de TAS e de SOD como indicadores de protecção contra mecanismos oxidativos proinflamatórios, assim como com o CD26 e o CD25 no seu papel de activadores celulares, eventualmente centrados na modulação da resposta imunoinflamatória. Foi seleccionado para o estudo uma população com mais de 65 anos de idade, que incluía um grupo de 64 doentes asmáticos (média de idades de 72.4±5.1 anos) e um grupo controlo com 41 indivíduos saudáveis (média de idades de 79.2±7.0 anos). Em ambos os grupos procedeu-se à recolha de história clínica, à realização de testes cutâneos de alergia, à determinação da SP, da TAS e da SOD e à marcação linfocitária de CD25 e CD26. No grupo de asmáticos foi ainda realizado estudo funcional ventilatório. Nos 64 doentes asmáticos, clinicamente estabilizados, 42 tinham testes cutâneos positivos, com sensibilização dominante para ácaros. No grupo de indivíduos doentes foram observados valores significativamente mais elevados de SP (116.2±138.9 vs 39.5±17.9 pg/ml) comparativamente ao controlo e significativamente mais reduzidos de TAS (.85±.13 vs .91±.10 mM) e de SOD (588.1±156.1 vs 822.9±179.5 U/gHb). A função pulmonar dos doentes com asma apresentava uma diminuição dos valores de volume expiratório máximo por segundo (VEMS) igual a 73.6±25.3 l/s, e do débito expiratório máximo a 50% da capacidade vital (DEM50) igual a 38.8±26.7l, relativamente aos valores percentuais previsíveis. Os valores de CD25 estavam significativamente reduzidos nos doentes asmáticos (14.3±5.9 vs 22.4±7.8) enquanto os valores de CD26 se encontravam aumentados embora sem significado estatístico (41.9±10.2 vs 39.4±11.4). O conjunto dos resultados confirma o impacto da intervenção neuroimune, nomeadamente da SP na asma brônquica e contribui para clarificar a rede de interacções subjacentes a essa intervenção. Este conhecimento terá necessariamente repercussão na intervenção diagnóstica e terapêutica nesta patologia.
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