Diabetes Gestacional: Serão os Atuais Critérios de Diagnóstico Mais Vantajosos?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Ana Filipa
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Silva, Catarina Miranda, Antunes, Dora, Sousa, Filipa, Lobo, António Carlos, Moura, Paulo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/107470
https://doi.org/10.20344/amp.10135
Resumo: Introdução: Não existe consenso internacional quanto aos critérios de diagnóstico da diabetes gestacional. Em Portugal, os critérios de Carpenter e Coustan foram substituídos por uma adaptação dos critérios da International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups. O objetivo deste estudo foi comparar a incidência e outcomes obstétricos/perinatais das grávidas com diabetes gestacional segundo os critérios atuais e prévios. Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 1218 gestações únicas complicadas com diabetes gestacional cuja vigilância/parto ocorreu entre 2008-2015. Consideraram-se dois grupos: diagnóstico pelos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (grupo 1); diagnóstico segundo Carpenter e Coustan (grupo 2), tendo sido feita análise estatística comparativa. Resultados: A incidência da diabetes gestacional duplicou (9,4% vs 4,6%) e o número de consultas/ano aumentou consideravelmente (~ 3 000 vs ~ 2 000). No grupo 1 verificou-se um risco inferior de recém-nascidos macrossómicos em relação ao grupo 2 [RR 0,44 (IC (95%): 0,26 – 0,76)], e um risco mais elevado de recém-nascidos leves para a idade gestacional (LIG) [RR 1,99 (IC (95%):1,19 – 3,31)]; um risco cerca de seis e quatro vezes superior de hipoglicémia [RR 6,30 (IC (95%): 3,39 – 11,71)] e hiperbilirrubinémia [RR 3,89 (IC (95%): 2,25 – 6,72)] neonatais, respetivamente. Não houve diferenças em relação a outros outcomes. Discussão: A redução dos recém-nascidos macrossómicos não resultou em melhoria dos outcomes, havendo um aumento dos recém-nascidos leves para a idade gestacional bem como de complicações neonatais. Os critérios atuais poderão associar-se a maiores gastos em saúde, devido ao aumento considerável da incidência de diabetes gestacional e maior vigilância em consultas, sem benefícios obstétricos/perinatais. Conclusão: A aplicação dos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups associou-se a redução da macrossomia, não acompanhada de uma melhoria dos outcomes. É discutível o benefício destes critérios em relação aos anteriormente preconizados.
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Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 1218 gestações únicas complicadas com diabetes gestacional cuja vigilância/parto ocorreu entre 2008-2015. Consideraram-se dois grupos: diagnóstico pelos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (grupo 1); diagnóstico segundo Carpenter e Coustan (grupo 2), tendo sido feita análise estatística comparativa. Resultados: A incidência da diabetes gestacional duplicou (9,4% vs 4,6%) e o número de consultas/ano aumentou consideravelmente (~ 3 000 vs ~ 2 000). No grupo 1 verificou-se um risco inferior de recém-nascidos macrossómicos em relação ao grupo 2 [RR 0,44 (IC (95%): 0,26 – 0,76)], e um risco mais elevado de recém-nascidos leves para a idade gestacional (LIG) [RR 1,99 (IC (95%):1,19 – 3,31)]; um risco cerca de seis e quatro vezes superior de hipoglicémia [RR 6,30 (IC (95%): 3,39 – 11,71)] e hiperbilirrubinémia [RR 3,89 (IC (95%): 2,25 – 6,72)] neonatais, respetivamente. Não houve diferenças em relação a outros outcomes. Discussão: A redução dos recém-nascidos macrossómicos não resultou em melhoria dos outcomes, havendo um aumento dos recém-nascidos leves para a idade gestacional bem como de complicações neonatais. Os critérios atuais poderão associar-se a maiores gastos em saúde, devido ao aumento considerável da incidência de diabetes gestacional e maior vigilância em consultas, sem benefícios obstétricos/perinatais. Conclusão: A aplicação dos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups associou-se a redução da macrossomia, não acompanhada de uma melhoria dos outcomes. É discutível o benefício destes critérios em relação aos anteriormente preconizados.Introduction: There is no international consensus regarding gestational diabetes mellitus diagnostic criteria. In Portugal, the Carpenter and Coustan criteria were replaced by an adaptation of the International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups criteria. Our aim was to compare the incidence and outcomes of pregnancies complicated by gestational diabetes mellitus according to the current and previous criteria. Material and Methods: Retrospective analysis of 1218 singleton pregnancies complicated with gestational diabetes mellitus, with surveillance/delivery between 2008-2015. Two groups were considered: identification according to the Directorate-General of Health criteria - International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (group 1); identification through Carpenter and Coustan criteria (group 2). A comparative analysis was performed. Results: The incidence of gestational diabetes mellitus doubled (9.4% vs 4.6%), and the number of consultations/year increased (~3000 vs ~2000). In Group 1, in comparison with group 2, there was a lower risk of macrosomia in newborns [RR 0.44 (IC (95%):0.26 - 0.76)] and a higher risk of small for gestational age infants [RR 1.99 (IC (95%):1.19 - 3.31)]; a 6 - fold and 4 fold higher risk in neonatal hypoglycemia [RR 6.30 (IC (95%): 3.39 - 11.71)] and hyperbilirubinemia [RR 3.89 (IC (95%): 2.25 - 6.72)] were also observed, respectively. There were no differences regarding other outcomes. Discussion: Outcomes related to the decrease in macrosomia did now show any improvement, with even an increase in Small for Gestational Age and neonatal complications. Given the increased incidence of gestational diabetes mellitus, Directorate-General of Health – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups criteria may be associated with greater healthcare-related costs due to more frequent consultations, with no apparent obstetrical/neonatal benefit. Conclusion: The Directorate-General of Health – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups criteria were associated with a decrease in macrosomia, not accompanied by an improvement of obstetrical/perinatal outcomes. The benefit of using these criteria is open to debate.Ordem dos Medicos2018-08-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/107470http://hdl.handle.net/10316/107470https://doi.org/10.20344/amp.10135por1646-07580870-399XFerreira, Ana FilipaSilva, Catarina MirandaAntunes, DoraSousa, FilipaLobo, António CarlosMoura, Pauloinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-14T07:56:52Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/107470Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:23:49.332679Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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