"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.26/15581 |
Resumo: | O sentimento de insegurança, arrogando especial centralidade no debate das questões de problematização social, corporiza uma preocupação para as organizações que formalmente integram o controlo social. Sob o sustentáculo de um modelo integrativo de explicação do sentimento de insegurança, as incivilidades incorporam o crescente leque das causas que potenciam esse sentimento. A existência de figuras com potencial de desvio entre os demais atores sociais pode provocar insegurança, reclamando uma atuação policial atenta a esta realidade. Sendo exigidas soluções securitárias, os atores que patrocinam incivilidades representam uma preocupação. O sem-abrigo, cujo potencial de desvio é espelhado pelas estratégias de sobrevivência que patenteiam a sua relação com a urbe que habita, poderá contribuir para o aumento do sentimento de insegurança. Todavia, é pertinente pensar a forma como lhes pode ser atribuída utilidade social e policial. A presente investigação debruça-se sobre estas temáticas. Desenvolveu-se um estudo qualitativo, exploratório, com aproximação etnográfica, na cidade do Porto. Recorrendo à entrevista como instrumento de recolha de dados junto de sem-abrigo, comerciantes e elementos policiais, usamos o trabalho de campo para desenvolver observação participante, permitindo o cruzamento com o fenómeno dos sem-abrigo. Os resultados obtidos por via de análise de conteúdo vão além do comummente expectável. Quando olhados sob o ponto de vista do sentimento de insegurança, parece ser a mendicidade que levam a cabo que os coloca nesse complexo enredo insecuritário. Não obstante, também lhes pode ser atribuída utilidade social: porque podem ser pensados não só como dispositivo de prevenção criminal, mas também enquanto informantes privilegiados. |
id |
RCAP_90dbf26f8ae0afc592ca84e332420173 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:comum.rcaap.pt:10400.26/15581 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade socialPolíciaSentimento de insegurançaIncivilidadesSem-abrigoDomínio/Área Científica::Ciências SociaisO sentimento de insegurança, arrogando especial centralidade no debate das questões de problematização social, corporiza uma preocupação para as organizações que formalmente integram o controlo social. Sob o sustentáculo de um modelo integrativo de explicação do sentimento de insegurança, as incivilidades incorporam o crescente leque das causas que potenciam esse sentimento. A existência de figuras com potencial de desvio entre os demais atores sociais pode provocar insegurança, reclamando uma atuação policial atenta a esta realidade. Sendo exigidas soluções securitárias, os atores que patrocinam incivilidades representam uma preocupação. O sem-abrigo, cujo potencial de desvio é espelhado pelas estratégias de sobrevivência que patenteiam a sua relação com a urbe que habita, poderá contribuir para o aumento do sentimento de insegurança. Todavia, é pertinente pensar a forma como lhes pode ser atribuída utilidade social e policial. A presente investigação debruça-se sobre estas temáticas. Desenvolveu-se um estudo qualitativo, exploratório, com aproximação etnográfica, na cidade do Porto. Recorrendo à entrevista como instrumento de recolha de dados junto de sem-abrigo, comerciantes e elementos policiais, usamos o trabalho de campo para desenvolver observação participante, permitindo o cruzamento com o fenómeno dos sem-abrigo. Os resultados obtidos por via de análise de conteúdo vão além do comummente expectável. Quando olhados sob o ponto de vista do sentimento de insegurança, parece ser a mendicidade que levam a cabo que os coloca nesse complexo enredo insecuritário. Não obstante, também lhes pode ser atribuída utilidade social: porque podem ser pensados não só como dispositivo de prevenção criminal, mas também enquanto informantes privilegiados.The feeling of insecurity, centrepiece of the social problematization debate, embodies a concern among the organizations that formally integrate social control. Under the sinew of an integrative model for explaining the feeling of insecurity, incivilities incorporate the growing range of the causes that support it. The existence of players with potential for deviant behaviour among the remaining social actors may engender insecurity, which claims for a police activity concerned with this reality. Inasmuch as security solutions are demanded, the actors who support incivilities are of concern. The homeless, whose potential for deviance is mirrored by the strategies of survival that derive from his relationship with the polis, may contribute to an increased feeling of insecurity. However, it is pertinent to conceive the manner in which they can be attributed police and social utility. The present body of work concerns itself with these themes, through the development of a qualitative, exploratory study, with an ethnographic approach, in the city of Oporto. Data was collected resorting to interviews with homeless, traders and police officers, and also through participant observation during fieldwork. These techniques allowed us to align with the homeless phenomenon. The results obtained through content analysis go beyond the commonly expected. When looked upon from the point of view of the feeling of insecurity, it appears that it is the mendicancy the homeless carries out which puts him in that complex plot of insecurity. However, social utility can also be attributed to them: they can be framed not only as a criminal prevention device, but also as privileged informants.Pais, Lúcia Maria de Sousa Gomes GouveiaRepositório ComumCampos, Rúben David Ferreira2016-11-22T11:22:53Z2016-04-222016-04-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/15581TID:201219581porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-29T12:28:00Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/15581Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:47:16.668236Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
title |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
spellingShingle |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social Campos, Rúben David Ferreira Polícia Sentimento de insegurança Incivilidades Sem-abrigo Domínio/Área Científica::Ciências Sociais |
title_short |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
title_full |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
title_fullStr |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
title_full_unstemmed |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
title_sort |
"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social |
author |
Campos, Rúben David Ferreira |
author_facet |
Campos, Rúben David Ferreira |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Pais, Lúcia Maria de Sousa Gomes Gouveia Repositório Comum |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Campos, Rúben David Ferreira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Polícia Sentimento de insegurança Incivilidades Sem-abrigo Domínio/Área Científica::Ciências Sociais |
topic |
Polícia Sentimento de insegurança Incivilidades Sem-abrigo Domínio/Área Científica::Ciências Sociais |
description |
O sentimento de insegurança, arrogando especial centralidade no debate das questões de problematização social, corporiza uma preocupação para as organizações que formalmente integram o controlo social. Sob o sustentáculo de um modelo integrativo de explicação do sentimento de insegurança, as incivilidades incorporam o crescente leque das causas que potenciam esse sentimento. A existência de figuras com potencial de desvio entre os demais atores sociais pode provocar insegurança, reclamando uma atuação policial atenta a esta realidade. Sendo exigidas soluções securitárias, os atores que patrocinam incivilidades representam uma preocupação. O sem-abrigo, cujo potencial de desvio é espelhado pelas estratégias de sobrevivência que patenteiam a sua relação com a urbe que habita, poderá contribuir para o aumento do sentimento de insegurança. Todavia, é pertinente pensar a forma como lhes pode ser atribuída utilidade social e policial. A presente investigação debruça-se sobre estas temáticas. Desenvolveu-se um estudo qualitativo, exploratório, com aproximação etnográfica, na cidade do Porto. Recorrendo à entrevista como instrumento de recolha de dados junto de sem-abrigo, comerciantes e elementos policiais, usamos o trabalho de campo para desenvolver observação participante, permitindo o cruzamento com o fenómeno dos sem-abrigo. Os resultados obtidos por via de análise de conteúdo vão além do comummente expectável. Quando olhados sob o ponto de vista do sentimento de insegurança, parece ser a mendicidade que levam a cabo que os coloca nesse complexo enredo insecuritário. Não obstante, também lhes pode ser atribuída utilidade social: porque podem ser pensados não só como dispositivo de prevenção criminal, mas também enquanto informantes privilegiados. |
publishDate |
2016 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2016-11-22T11:22:53Z 2016-04-22 2016-04-22T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10400.26/15581 TID:201219581 |
url |
http://hdl.handle.net/10400.26/15581 |
identifier_str_mv |
TID:201219581 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799131556688691200 |