"Fui eu que chamei a polícia": os sem-abrigo entre o sentimento de insegurança e a utilidade social

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campos, Rúben David Ferreira
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/15581
Resumo: O sentimento de insegurança, arrogando especial centralidade no debate das questões de problematização social, corporiza uma preocupação para as organizações que formalmente integram o controlo social. Sob o sustentáculo de um modelo integrativo de explicação do sentimento de insegurança, as incivilidades incorporam o crescente leque das causas que potenciam esse sentimento. A existência de figuras com potencial de desvio entre os demais atores sociais pode provocar insegurança, reclamando uma atuação policial atenta a esta realidade. Sendo exigidas soluções securitárias, os atores que patrocinam incivilidades representam uma preocupação. O sem-abrigo, cujo potencial de desvio é espelhado pelas estratégias de sobrevivência que patenteiam a sua relação com a urbe que habita, poderá contribuir para o aumento do sentimento de insegurança. Todavia, é pertinente pensar a forma como lhes pode ser atribuída utilidade social e policial. A presente investigação debruça-se sobre estas temáticas. Desenvolveu-se um estudo qualitativo, exploratório, com aproximação etnográfica, na cidade do Porto. Recorrendo à entrevista como instrumento de recolha de dados junto de sem-abrigo, comerciantes e elementos policiais, usamos o trabalho de campo para desenvolver observação participante, permitindo o cruzamento com o fenómeno dos sem-abrigo. Os resultados obtidos por via de análise de conteúdo vão além do comummente expectável. Quando olhados sob o ponto de vista do sentimento de insegurança, parece ser a mendicidade que levam a cabo que os coloca nesse complexo enredo insecuritário. Não obstante, também lhes pode ser atribuída utilidade social: porque podem ser pensados não só como dispositivo de prevenção criminal, mas também enquanto informantes privilegiados.
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