Efeito da interação entre dietas e condições de aumento rápido de temperatura e amónia na resposta imune do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lapa, Catarina Valente
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.8/6408
Resumo: O ouriço-do-mar Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816) é um recurso marinho de elevado valor comercial, e as suas gónadas são muito apreciadas no sul da Europa. A sua sensibilidade a alterações nos parâmetros físico-químicos da água, leva à necessidade de entender os seus limites de tolerância em sistemas de produção aquícola. Sistemas estes onde os níveis de substâncias nocivas, tais como amónia, podem ser superiores às concentrações habituais em ambientes naturais. O sistema imunológico dos ouriços-do-mar é constituído por células imunes, os celomócitos. Estes são responsáveis pelas respostas celulares a agentes externos e produzem uma grande variedade de fatores humorais que são importantes defesas do hospedeiro contra patógenos. O presente trabalho tem como principal objetivo avaliar o efeito da dieta na resposta imune da espécie P. lividus expostos a fatores de stress ambiental. Os indivíduos foram recolhidos na zona intertidal de Peniche, foram mantidos em dois sistemas RAS de 600L e alimentados com duas dietas, macroalga (Ulva rigida) e ração vegetal, 3 vezes por semana durante 90 dias. Ao longo do ensaio nutricional, os indivíduos foram expostos a dois fatores de stress: temperatura elevada (≥ 24ºC) e concentração elevada de amónia (NH3 ≥ 3 mg/L) em experiências de exposição aguda (EEA) de 24h. Após as EEA, foram avaliadas a resposta comportamental, a produção de células imunes e de moléculas com função imunológica como parâmetros de imunidade celular e humoral. No ensaio nutricional, os indivíduos alimentados com ração apresentaram um índice gonadossomático (12,50%) significativamente superior aos ouriços alimentados com a macroalga (3,53%), mas estados de maturação semelhantes. Nas EEA, as respostas de endireitamento variaram entre os 01:01 e os 03:13 minutos. Os indivíduos alimentados com a ração vegetal e sujeitos à amónia elevada apresentaram respostas mais rápidas em relação aos restantes parâmetros. Nos parâmetros de imunidade celular os granulócitos incolores foram os celomócitos mais abundantes (52%), seguidos dos fagócitos (31%), dos granulócitos vermelhos (12%) e das células vibráteis (2%). A contagem de células foi semelhante entre fatores, a dieta de macroalga promoveu percentagens mais elevadas de granulócitos incolores e vermelhos e mais baixas de fagócitos e vibráteis, a ração vegetal promoveu percentagens mais elevadas de fagócitos e granulócitos vermelhos e mais baixas de granulócitos incolores e vibráteis, quando comparados com o controlo. Nos parâmetros de resposta humoral, a concentração de lisozima variou entre 0,53 e 2,18 μg/mL, sendo semelhante entre fatores e dietas. A atividade da protease variou entre 12 e 18%, esta foi semelhante entre fatores, ambas as dietas promoveram percentagens mais baixas, quando comparados com o controlo e a concentração do óxido nítrico variou entre 0,14 e 2,59 μM/mL. Os ouriços-do-mar sujeitos à temperatura elevada apresentaram concentrações mais elevadas de óxido nítrico e estas só ocorreram na ração vegetal. Os resultados obtidos mostram que a dieta artificial parece favorecer os indicadores comportamentais e humorais dos ouriços expostos aos fatores. Já os indicadores de imunidade celular parecem mais dependentes da condição individual de cada ouriço.
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