DERMATITE DE CONTACTO ALÉRGICA À COLOFÓNIA EM OPERADOR DE IMPRESSÕES GRÁFICAS - CASO CLÍNICO
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200151 |
Resumo: | RESUMO Introdução A colofónia é uma mistura complexa de mais de cem compostos, resultado da destilação da oleorresina, obtida de plantas pertencentes à família Pinaceae (principalmente o género Pinus). São os produtos de oxidação da colofónia não modificada e modificada, bem como alguns dos novos ácidos de resina sintetizados durante a sua modificação, que englobam os principais alergénios da colofónia. Esta possui inúmeras aplicações em casa e no trabalho, sendo que a exposição à colofónia e à colofónia modificada é praticamente universal. Relatamos um caso de dermatite de contacto alérgica à colofónia em contexto profissional. Caso clínico Homem caucasiano, 41 anos, operador de impressões gráficas desde há vinte e um anos, encaminhado ao Departamento de Dermatologia do Hospital de Braga, devido a lesões eritemato-descamativas localizadas no dorso e face lateral das mãos, com agravamento durante a atividade profissional. Sem antecedentes pessoais de rinite alérgica, asma ou alergia a alimentos ou medicamentos. Estas lesões evoluíam de forma crónica desde há cerca de dez anos, cedendo à aplicação tópica de corticoides. No local de trabalho, o funcionário era responsável por preparar e operar a ‘impressora offset’, ou seja, calibrar o equipamento, encher depósitos de tinta, efetuar o controlo de qualidade da impressão e executar ajustes, por vezes sem o uso adequado dos equipamentos de proteção individual. O trabalhador referia melhoria clínica com o afastamento prolongado do local de trabalho. Devido à suspeita de dermatite de contacto alérgica, após a resolução dos sintomas, foram realizados testes epicutâneos, com a série padrão do Grupo Português de Estudos das Dermatites de Contacto e uma série complementar de borracha, plásticos e colas. Obteve-se uma reação positiva à colofónia (++) e ao ácido abiético (++) às 72 e 96 horas, respetivamente. Após verificação das fichas de segurança das tintas de impressão e do contacto direto com o fabricante das mesmas, foi possível confirmar a presença de derivados de colofónia. Posteriormente a patologia foi participada como doença profissional. Discussão/conclusão Na indústria de artes gráficas, a colofónia e os seus derivados servem principalmente para aumentar a adesão da tinta ao papel. Neste trabalhador, assumiu-se nexo de causalidade entre a exposição à colofónia presente nas tintas de impressão e o diagnóstico de dermatite de contato alérgica. Neste caso, a implementação de medidas de proteção coletiva. bem como o uso dos equipamentos de proteção individual adequados, é fundamental para proteger o profissional. Devem utilizar-se luvas de nitrilo, fardamento de proteção adequado, máscara de proteção/ respirador e óculos de segurança. É necessário ter presente esta etiologia para que, nestes trabalhadores, se possa proceder a um diagnóstico precoce com recomendação de medidas de proteção adequadas. |
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