As psicologias de Husserl : a relação da fenomenologia com a psicologia, em Husserl e na actualidade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/56600 |
Resumo: | A ciência tem hoje um papel fundamental nas nossas vidas, influenciando, através dos seus resultados e aplicações técnicas, quase todas as esferas da actividade humana. Mas será que o edifício científico está assim tão bem construído? A sua fundação, a metodologia científica, parece, geralmente, sólida, visto que consiste em leis lógicas. Mas porque é que as leis lógicas, como as deduções, e os seus conceitos, como “verdade,” são sólidos? Provavelmente não conseguiremos dizer muito mais do que: porque fazem sentido, porque temos uma intuição da sua verdade. Mas que sentido e intuição são estes? Ou que intuição é aquela que nos dá os objectos que vemos e que estudamos como reais? Em última instância, são estas intuições que nos permitem dizer que as leis lógicas e os seus conceitos são válidos. Mas o que são estas intuições? Não são mais do que actos mentais e, por isso, a sua descrição e análise deve ser a tarefa da Psicologia. Mas será que a Psicologia actual faz esse trabalho? Sendo uma ciência empírica orientada para a observação e experimentação, a Psicologia actual não aborda estas questões epistemológicas, focando-se antes na descrição e teorização do comportamento humano observável “de fora”. Será que algum tipo de Psicologia já tentou clarificar estes actos mentais através dos quais validamos o conhecimento que temos? Vou, por isso, estudar qual o estado da Psicologia no final do séc. XIX, altura em que esta disciplina sofreu a sua maior alteração, ganhando autonomia da Filosofia e dividindo-se em Psicologia Científico-Natural e Psicologia Filosófica (onde podemos incluir a Filosofia da Mente). Ao estudar esta divisão, vamos encontrar um método filosófico que surgiu como uma Psicologia. Este método, a Fenomenologia, pretende ocupar o lugar de fundamento último do conhecimento e da nossa relação com o mundo. Depois de ver como surgiu no seio da Psicologia de Franz Brentano, irei detalhar a evolução que ele teve, desde o início até ao fim da carreira do seu fundador Edmund Husserl, especialmente no que concerne à sua tensa relação com a nascente Psicologia científico-natural. Isto permitirá mostrar porque é que este método, tornado ciência, ainda faz sentido hoje em dia, numa altura em que a investigação da mente segundo o método científico-natural continua a dominar. Para além disso, é preciso mostrar que a Filosofia tem um propósito diferente do das outras ciências e que estes não devem ser confundidos; caso contrário, corremos o risco de deixar todo o edifício do conhecimento cair devido à falta de uma fundação realmente filosófica. |
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As psicologias de Husserl : a relação da fenomenologia com a psicologia, em Husserl e na actualidadeDomínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e ReligiãoA ciência tem hoje um papel fundamental nas nossas vidas, influenciando, através dos seus resultados e aplicações técnicas, quase todas as esferas da actividade humana. Mas será que o edifício científico está assim tão bem construído? A sua fundação, a metodologia científica, parece, geralmente, sólida, visto que consiste em leis lógicas. Mas porque é que as leis lógicas, como as deduções, e os seus conceitos, como “verdade,” são sólidos? Provavelmente não conseguiremos dizer muito mais do que: porque fazem sentido, porque temos uma intuição da sua verdade. Mas que sentido e intuição são estes? Ou que intuição é aquela que nos dá os objectos que vemos e que estudamos como reais? Em última instância, são estas intuições que nos permitem dizer que as leis lógicas e os seus conceitos são válidos. Mas o que são estas intuições? Não são mais do que actos mentais e, por isso, a sua descrição e análise deve ser a tarefa da Psicologia. Mas será que a Psicologia actual faz esse trabalho? Sendo uma ciência empírica orientada para a observação e experimentação, a Psicologia actual não aborda estas questões epistemológicas, focando-se antes na descrição e teorização do comportamento humano observável “de fora”. Será que algum tipo de Psicologia já tentou clarificar estes actos mentais através dos quais validamos o conhecimento que temos? Vou, por isso, estudar qual o estado da Psicologia no final do séc. XIX, altura em que esta disciplina sofreu a sua maior alteração, ganhando autonomia da Filosofia e dividindo-se em Psicologia Científico-Natural e Psicologia Filosófica (onde podemos incluir a Filosofia da Mente). Ao estudar esta divisão, vamos encontrar um método filosófico que surgiu como uma Psicologia. Este método, a Fenomenologia, pretende ocupar o lugar de fundamento último do conhecimento e da nossa relação com o mundo. Depois de ver como surgiu no seio da Psicologia de Franz Brentano, irei detalhar a evolução que ele teve, desde o início até ao fim da carreira do seu fundador Edmund Husserl, especialmente no que concerne à sua tensa relação com a nascente Psicologia científico-natural. Isto permitirá mostrar porque é que este método, tornado ciência, ainda faz sentido hoje em dia, numa altura em que a investigação da mente segundo o método científico-natural continua a dominar. Para além disso, é preciso mostrar que a Filosofia tem um propósito diferente do das outras ciências e que estes não devem ser confundidos; caso contrário, corremos o risco de deixar todo o edifício do conhecimento cair devido à falta de uma fundação realmente filosófica.Science today has a fundamental role in our lives, influencing, through its results and technical applications, pretty much all areas of human activity. But is the scientific edifice that well-built? Its foundation, scientific methodology, seems, at a first sight, solid, since it relies on the laws of logic. But why are these laws of logic, like deductions, or the concepts they use, like “truth”, solid? We’ll be hard-pressed to say much more than: because they make sense, because we have an intuition of their truth. But what kind of sense and intuition are these? Or what kind of intuition is the one that tells us that the objects we see and study are real? Ultimately, it is these intuitions that allow us to say that the laws of logic and their concepts are valid. But what exactly are these intuitions? They are mental acts, and thus their description and analysis is a task for Psychology. But does current Psychology study this? As it is an empirical science based on experimentation and observation, current Psychology does not investigate these epistemological questions, being instead focused on the description and theorization of external human behaviour. But has there existed any kind of Psychology that tried to clarify these mental acts through which we validate knowledge? I will thus study the state of Psychology at the end of the 19th century, when it suffered its biggest change, gaining autonomy from Philosophy and subdividing into Natural-Scientific Psychology and Philosophical Psychology (where we can include current Philosophy of Mind). By studying this division, we will find a philosophical method that was founded as a kind of psychology. This method, Phenomenology, wanted to be the ultimate foundation for knowledge and for our relationship with the world. After studying how it originated via Franz Brentano’s Psychology, I will detail its evolution, from the beginning of its founder Edmund Husserl’s career until its end, especially what concerns its tense relationship with then new Natural-Scientific Psychology. This will allow me to show why this method, turned science, still makes sense today, a time where the investigation of the mind according to the natural-scientific method still dominates. Besides, we need to show that Philosophy has a purpose that is distinct from that of the other sciences; otherwise, we fall prey to having the edifice of knowledge fall due to the lack of a truly philosophical foundation.Mariani, EmanueleAlves, Pedro M. S.Repositório da Universidade de LisboaNatário, Pedro Miguel Castanheira2023-03-09T11:09:15Z2022-06-222022-02-102022-06-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/56600TID:203098340porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:04:21Zoai:repositorio.ul.pt:10451/56600Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:07:08.528254Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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