O horizonte trabalhista de António Sérgio: Filosofia, Educação e Economia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Príncipe, João
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/26547
Resumo: António Sérgio (1883-1969) viveu durante uma era em que Estados-nações mantiveram estruturas socioeconómicas promotoras da desigualdade entre as pessoas, e em que movimentos diversos tentaram as corrigir, por via reformista ou por via insurreccional, inspirando-se, com maior ou menor fidelidade, no ideal iluminista de disseminação da razão, de aposta na autonomia e perfectibilidade das pessoas. Sérgio empenhou-se na demopedia, na educação e na reforma das mentalidades, e na construção pacífica de uma alternativa ao capitalismo — o Cooperativismo — no quadro de um mundo industrial. Neste estudo o leitor encontrará uma reconstrução sistemática e unitária do seu pensamento humanista, de radical eticidade, sobre os temas conexos da educação, da organização sócio-económica e do papel da técnica e da ciência, temas abordados sempre a partir dum horizonte de questionamento filosófico. Sérgio formou-se num período onde a filosofia racionalista de cepa kantiana se viu na necessidade de pensar o transformismo biológico, que nos colocava na continuidade mutável da cadeia dos seres vivos, e de dialogar com as nascentes ciências sociais. Simultaneamente, assistia-se a um desenvolvimento tecnológico ímpar, que fazia entrever a possibilidade de uma economia futura de abundância para todos. António Sérgio, fiel ao ideal da unidade da razão humana, fez da razão pura prática o núcleo do seu ideário, o qual é um racionalismo aberto e dialéctico, com afinidades com o experiencialismo de John Dewey. A sua pedagogia, afim da da Escola Nova, funda-se numa concepção proudhoniana do Trabalho, declinação da noção metafísica de Actividade, que traduz uma predisposição básica da espécie, a da interacção objectiva com o ambiente, que corresponde ao crescimento da nossa experiência por intelectualização da prática e que garante a viabilidade do homo sapiens/faber. O Trabalho é uma das fontes da dignidade humana, nunca podendo ser tratado meramente como coisa ou mercadoria. Por isso Sérgio colocou o Trabalho no centro do seu modelo antropológico, da sua pedagogia trabalhista e da sua crítica da economia.
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