Reutilização de águas residuais tratadas: impacto na saúde pública

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sacadura, Paula Cabral
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/164769
Resumo: RESUMO - A reutilização da água residual tratada pode representar riscos para o ambiente e para a saúde, devido não só a microrganismos patogénicos, mas também a subprodutos de desinfeção e compostos emergentes (antibióticos, hormonas…), entre outros. A APA propõe uma metodologia de análise de risco no seu guia APA, publicada no artigo: “Water reuse in Portugal: New legislation trends to support the definition of water quality standards based on risk characterization” (5), em que a caracterização do risco consiste na quantificação e priorização do risco microbiológico para a saúde humana resultante diretamente dos fatores associados ao perigo, vias de exposição, cenários aplicáveis e barreiras existentes no local. O indicador é a bactéria Escherichia coli e a caraterização de risco contempla um modelo semiquantitativo suportado em escalas de importância. Nesta metodologia não são avaliados outros riscos, como por exemplo, químicos. Com este trabalho pretendeu-se validar a metodologia de análise de risco da APA para a reutilização de águas residuais tratadas, recorrendo a uma revisão sistemática sobre o tema e à metodologia Delphi. Foi alcançado o consenso em 2 das 10 questões colocadas (20%), sendo que na 2ª ronda a taxa de resposta foi apenas de 50% contra 67% na primeira. Segundo os especialistas consultados: i) a análise de risco de ART deve contemplar outros perigos que não apenas os microbiológicos a saber: • o perigo de acumulação, no solo ou em massas de água de micro poluentes; • substâncias químicas presentes nas ART com nível de probabilidade elevado e prejudiciais ao ambiente e saúde pública: fármacos, desreguladores endócrinos, pesticidas; • o perigo de acumulação, no solo ou em massas de água, de substâncias como pesticidas, disruptores endócrinos, fármacos, fitofármacos; • Fármacos, pesticidas. ii) não deve ser obrigatória a utilização de um modelo dose-resposta, para aferir o risco de ingestão ou inalação de ART, não obstante esta possibilidade/orientação estar prevista na legislação em vigor. Relativamente às restantes questões, não se obteve consenso, a saber: i. a identificação de perigo proposta pela APA é adequada para todos os tipos de uso; ii. a bactéria E. coli é um indicador suficiente para a avaliação do risco microbiológico na saúde pública, de uma água residual tratada a usar em usos ambientais, usos urbanos não potáveis, agricultura, indústria e para usos recreativos; iii. a separação apresentada pela APA, para a avaliação de riscos, para saúde dos utilizadores e risco para o ambiente, é a mais adequada; iv. a abordagem por barreiras a definir pela entidade produtora de APR, é suficiente e adequada para garantir a utilização de águas residuais tratadas; v. no contexto da saúde pública, a separação apresentada pela APA, para a avaliação de riscos, para saúde dos utilizadores e risco para o ambiente, é a mais adequada; vi. os parâmetros indicados para a monitorização de APR destinada a usos urbanos são suficientes; vii. os valores paramétricos indicados para a monitorização de APR destinada a usos urbanos são adequados; viii. no contexto da resistência antimicrobiana o controlo operacional das APR não deveria prever a monitorização de antibióticos. O Painel de Delphi revelou-se uma ferramenta útil para este trabalho, sendo que como aspeto menos positivo realça-se a sua morosidade, e as taxas de adesão e resposta relativamente baixas. A revisão sistemática da literatura indica que existem métodos de análise de riscos decorrentes da utilização de ApR mais completos do que o sugerido pela APA. Apesar de a legislação prever a necessidade da avaliação de riscos biológicos, químicos e físicos, o guia apenas descreve a avaliação de riscos biológicos com base no indicador E. coli, deixando para a Entidade produtora de ApR a responsabilidade da definição de outros parâmetros e respetivos valores em função dos riscos identificados.
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O indicador é a bactéria Escherichia coli e a caraterização de risco contempla um modelo semiquantitativo suportado em escalas de importância. Nesta metodologia não são avaliados outros riscos, como por exemplo, químicos. Com este trabalho pretendeu-se validar a metodologia de análise de risco da APA para a reutilização de águas residuais tratadas, recorrendo a uma revisão sistemática sobre o tema e à metodologia Delphi. Foi alcançado o consenso em 2 das 10 questões colocadas (20%), sendo que na 2ª ronda a taxa de resposta foi apenas de 50% contra 67% na primeira. Segundo os especialistas consultados: i) a análise de risco de ART deve contemplar outros perigos que não apenas os microbiológicos a saber: • o perigo de acumulação, no solo ou em massas de água de micro poluentes; • substâncias químicas presentes nas ART com nível de probabilidade elevado e prejudiciais ao ambiente e saúde pública: fármacos, desreguladores endócrinos, pesticidas; • o perigo de acumulação, no solo ou em massas de água, de substâncias como pesticidas, disruptores endócrinos, fármacos, fitofármacos; • Fármacos, pesticidas. ii) não deve ser obrigatória a utilização de um modelo dose-resposta, para aferir o risco de ingestão ou inalação de ART, não obstante esta possibilidade/orientação estar prevista na legislação em vigor. Relativamente às restantes questões, não se obteve consenso, a saber: i. a identificação de perigo proposta pela APA é adequada para todos os tipos de uso; ii. a bactéria E. coli é um indicador suficiente para a avaliação do risco microbiológico na saúde pública, de uma água residual tratada a usar em usos ambientais, usos urbanos não potáveis, agricultura, indústria e para usos recreativos; iii. a separação apresentada pela APA, para a avaliação de riscos, para saúde dos utilizadores e risco para o ambiente, é a mais adequada; iv. a abordagem por barreiras a definir pela entidade produtora de APR, é suficiente e adequada para garantir a utilização de águas residuais tratadas; v. no contexto da saúde pública, a separação apresentada pela APA, para a avaliação de riscos, para saúde dos utilizadores e risco para o ambiente, é a mais adequada; vi. os parâmetros indicados para a monitorização de APR destinada a usos urbanos são suficientes; vii. os valores paramétricos indicados para a monitorização de APR destinada a usos urbanos são adequados; viii. no contexto da resistência antimicrobiana o controlo operacional das APR não deveria prever a monitorização de antibióticos. O Painel de Delphi revelou-se uma ferramenta útil para este trabalho, sendo que como aspeto menos positivo realça-se a sua morosidade, e as taxas de adesão e resposta relativamente baixas. A revisão sistemática da literatura indica que existem métodos de análise de riscos decorrentes da utilização de ApR mais completos do que o sugerido pela APA. Apesar de a legislação prever a necessidade da avaliação de riscos biológicos, químicos e físicos, o guia apenas descreve a avaliação de riscos biológicos com base no indicador E. coli, deixando para a Entidade produtora de ApR a responsabilidade da definição de outros parâmetros e respetivos valores em função dos riscos identificados.ABSTRACT - The reuse of treated wastewater can pose risks to the environment and health, due not only to pathogenic microorganisms, but also to disinfection by-products and emerging compounds (antibiotics, hormones...), among others. The APA proposes a risk analysis methodology in its APA guide, published in the article: "Water reuse in Portugal: New legislation trends to support the definition of water quality standards based on risk characterisation" (5), in which risk characterisation consists of quantifying and prioritising the microbiological risk to human health resulting directly from the factors associated with the hazard, exposure routes, applicable scenarios and multi-barriers in place. The indicator is the bacterium Escherichia coli, and the risk characterisation involves a semiquantitative model supported by importance scales. This methodology does not assess other risks, such as chemical ones. The aim of this work was to validate the APA's risk analysis methodology for the reuse of treated wastewater, using a systematic review on the subject and the Delphi methodology. Consensus was reached on 2 of the 10 questions posed (20%), and in the 2nd round the response rate was only 50% compared to 67% in the first round. According to the experts consulted: i) the risk analysis of ART must take into account other hazards than just microbiological ones, namely: - the danger of micro-pollutants accumulating in soil or water bodies; - chemical substances present in ART with a high level of probability and harmful to the environment and public health: drugs, endocrine disrupters, pesticides; - the danger of accumulation in soil or water bodies of substances such as pesticides, endocrine disruptors, pharmaceuticals, phytopharmaceuticals; - Pharmaceuticals, pesticides. ii) It should not be compulsory to use a dose-response model to assess the risk of ingesting or inhaling ART, even though this possibility/guidance is provided for in current legislation. No consensus was reached on the other issues, namely: i. the hazard identification proposed by the APA is appropriate for all types of use; ii. the E.coli bacterium is a sufficient indicator for assessing the microbiological risk to public health of treated wastewater to be used for environmental uses, non-potable urban uses, agriculture, industry and recreational uses; iii. the separation presented by the APA for the assessment of risks to the health of users and risks to the environment is the most appropriate; iv. the barrier approach to be defined by the entity producing the APR is sufficient and appropriate to guarantee the use of treated wastewater; v. In the context of public health, the separation presented by the APA, for the assessment of risks to the health of users and risks to the environment, is the most appropriate; vi. the parameters indicated for monitoring APR for urban uses are sufficient; vii. the parametric values indicated for monitoring APR for urban uses are adequate; viii. in the context of antimicrobial resistance, the operational control of RPAs should not include the monitoring of antibiotics. The Delphi Panel proved to be a useful tool for this work, with the less positive aspects being its slowness and relatively low adherence and response rates. The systematic literature review indicates that there are more complete methods for analysing the risks arising from the use of RPAs than the one suggested by the APA. Although the legislation provides for the need to assess biological, chemical and physical risks, the guide only describes the assessment of biological risks based on the E. coli indicator, leaving it up to the ApR producing organisation to define other parameters and their values according to the risks identified.Tavares, AntónioRUNSacadura, Paula Cabral20232025-08-24T00:00:00Z2023-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/164769TID:203533526porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-18T01:45:08Zoai:run.unl.pt:10362/164769Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T04:01:59.530600Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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