Análise operacional, económica, social e ambiental do projeto-piloto de recolha seletiva de biorresíduos de Cascais

• Autor(a) principal: Candeias, Bernardo de Figueiredo Fresta
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/141385
• topic: biorresíduos; recolha seletiva; separação por sensor ótico; análise ambiental; análise económica; análise social; Domínio/Área Científica::Engenharia e Tecnologia::Engenharia do Ambiente

Os biorresíduos representam atualmente cerca de 37% dos Resíduos Urbanos (RU) produzidos em Portugal pelo que a implementação de um sistema de recolha seletiva deste fluxo será benéfica para a redução dos resíduos indiferenciados. Além do mais, a sua valorização tem inúmeros benefícios, nomeadamente a produção de biogás, que permite a produção de energia que pode ser injetada da rede nacional, e a produção de um composto orgânico de elevada qualidade que permite restituir nutrientes e outros propriedades físico- químicas aos solos. Face ao número de países que ainda não tinham implementado sistemas de recolha seletiva de biorresíduos a União Europeia (EU), através de Diretiva (EU) 2018/851, decretou que, a partir de 2024, todos os Estados-membro teriam de ter implementados sistemas de recolha de biorresíduos na origem. Nesse sentido, a Cascais Ambiente que opera como entidade gestora dos serviços em baixa por delegação da EMAC – Empresa Municipal de Ambiente de Cascais, E.M., S.A, detida na sua totalidade pelo município de Cascais, em 2019 iniciou na zona piloto de Carcavelos e Parede, um sistema de recolha de biorresíduos pioneiro que consiste numa co-recolha com o fluxo dos RU indiferenciados, evitando assim a aquisição de novos contentores e a criação de novos circuitos. Aos munícipes foram distribuídos um contentor de 7 litros e um conjunto de sacos verdes para realizarem a separação dos biorresíduos na origem para, posteriormente, os depositarem no contentor dos indiferenciados. Atualmente os sacos verdes são separados manualmente, quer na central de Tratamento Mecânico (TM) de Trajouce, quer na linha de processo da Central de Digestão Anaeróbia (CDA) na Abrunheira. Todavia está em curso a aprovação da remodelação desta central no sentido de dispor de separadores óticos na linha de processo para separação automática dos sacos verdes. Sendo um caso de estudo único no país considerou-se de interesse avaliar este sistema de recolha de biorresíduos implementado pela Cascais Ambiente através de indicadores económicos, ambientais e sociais. Os resultados obtidos revelam um desempenho ambiental e económico bastante favorável, indiciando que este projeto pode ser uma referência para os municípios, únicos responsáveis pela implementação da recolha seletiva de biorresiduos no pós-2023. Todavia, o tipo de sacos de plástico utilizados para o acondicionamento dos biorresíduos revelou-se pouco eficaz, uma vez que apenas 50% da recolha chega em condições de serem encaminhados para valorização orgânica, o que representa uma perda elevada face aos biorresíduos recolhidos seletivamente, pelo que devem ser encontradas alternativas mais eficientes e sustentáveis. Também a eficiência dos separadores óticos carece de uma análise funcional, pois não foi possível abordar nesta dissertação o seu funcionamento porque o projeto de remodelação foi já submetido para apoio por fundos europeus, encontrando-se em fase de decisão.