Avaliação do impacto de poluentes estrogénicos em peixes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.1/8423 |
Resumo: | A contaminação com micropoluentes tem aumentado expressivamente nos últimos anos devido ao lançamento de resíduos industriais e domésticos no meio aquático. A acumulação destes poluentes pode afetar a sobrevivência e fisiologia dos organismos aquáticos incluindo o funcionamento do sistema endócrino, provocando uma possível acumulação e transferência na cadeia trófica. Um grupo particularmente afetado são os peixes, com elevado potencial de entrada de poluentes através das brânquias, pele/escamas e por ingestão de organismos contaminados, estando expostos por longos períodos de tempo e podendo bioacumular os poluentes. Com este trabalho, foi investigado o impacto da exposição a poluentes aquáticos nos ciclos de deposição/reabsorção de cálcio nas escamas de duas espécies de peixe, Dicentrarchus labrax (robalo) e Oreochromis mossambicus (tilápia), escolhidas como espécies modelo. As escamas dos peixes teleósteos são tecidos calcificados que contêm osteoblastos e osteoclastos, células responsáveis respetivamente pelos ciclos de deposição e reabsorção de minerais. A expressão dos recetores de estrogénio nucleares (ER , ER a e ER b) e membranar (GPER) foi identificada nas escamas, suportando o seu potencial de responsividade a compostos estrogénicos. Seguidamente, foi aplicado um bioensaio de tratamento in vitro das escamas, para avaliar os efeitos da exposição a compostos poluentes organoestânicos, como o trifenilestanho (TPT), e a ftalatos, como o (di-(2-etilexil) ftalato (DEHP) e o butilbenzil ftalato (BBP), possíveis disruptores endócrinos estrogénicos. Os efeitos de tratamentos rápidos (30 minutos) e longos (24 horas) a diferentes concentrações (10-10 M, 10-8 M e 10-6 M) destes compostos foram medidos em termos das alterações na atividade de enzimas relacionadas com formação da matriz mineralizada, fosfatase alcalina (ALP), e com a reabsorção do tecido mineralizado, fosfatase ácida resistente ao tartrato (TRAP). Nas escamas de robalos e tilápias, a atividade da TRAP não foi afetada pelo composto TPT, mas nos robalos a atividade da ALP foi aumentada por TPT, após tratamento com 10-6 M, durante 30 minutos. O DEHP, com a concentração 10-8 M, foi o tratamento que aumentou a atividade da TRAP em ambos os tempos do ensaio, nas escamas dos robalos. Nas escamas de tilápias, a atividade das enzimas não foi afetada pelo composto DEHP. Em escamas de robalo, a atividade da TRAP e da ALP não se alterou em resposta a BBP, enquanto em escamas de tilápias este composto diminuiu a atividade da ALP. Em conclusão, TPT, DEHP e BBP afetaram tanto marcadores de reabsorção (atividade osteoclástica, medida pela atividade da TRAP) como de síntese da matriz mineralizada (atividade osteoblástica, medida pela atividade da ALP). O TPT parece não afetar a reabsorção das escamas de robalos e tilápias, afetando apenas o indicador de mineralização das escamas dos robalos em concentrações de 10-6 M, aplicadas por 30 minutos. O DEHP aumentou o indicador de deposição mineral em escamas de robalos em período de resposta curta e longa em concentrações de 10-8 M. O BBP não alterou o indicador de reabsorção do cálcio da matriz das escamas dos robalos e das tilápias. Estes resultados sugerem que a exposição ambiental a estes compostos poderá afetar a homeostasia dos tecidos mineralizados em peixes, com possíveis consequências para a sua saúde. |
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