Bernardim Freire de Andrade, Tenente-General (1759-1809)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.26/15537 |
Resumo: | Bernardim Freire de Andrade foi um homem à frente da sua época. Um cidadão, um português e um oficial do Exército que assumiu, cumpriu e, num dos momentos mais difíceis da História de Portugal, ficou entre e com o seu povo. Morreu em 1809 de forma bárbara, linchado pela população que jurara defender. Fim inglório para um oficial que tanto deu e fez por Portugal. Como foi possível chegar a este ponto? O que levou umas poucas dezenas de populares a executar tal ato vil e desprezível? Bernardim Freire de Andrade estava entre os primeiros oficiais do Exército que alcançaram as mais importantes responsabilidades na defesa da Nação, não apenas porque o seu estatuto aristocrático lho permitia, mas também porque o mérito lhe foi reconhecido. Resultado de uma das importantes reformas levadas a cabo por Marquês de Pombal, Bernardim Freire de Andrade fez parte de uma nova geração de oficiais do Exército que percorreu um percurso mais esclarecido, avaliado e meritório. Não era assim no tempo em que o Marquês de Pombal tinha tentado, ser ele também, um oficial do Exército. Quando Sebastião de Carvalho e Melo, ainda longe de se tornar Marquês de Pombal, ingressou no Exército, descobriu que os postos mais elevados estavam reservados apenas à mais alta aristocracia, que mesmo quando analfabeta e inculta, poderia ocupar as patentes mais elevadas enquanto que ele, refém do seu “estatuto menor”, mesmo que provasse cultura e mérito, nunca passaria dos postos intermédios. Por isso, foi criada inicialmente uma escola para os filhos da aristocracia, o Colégio dos Nobres e depois, já no reinado de D. Maria I, nasceu em 1790 uma grande escola de formação para os futuros oficiais do Exército, uma das antecessoras da atual Academia Militar, a Academia Real de Fortificação Artilharia e Desenho (a primeira escola de oficiais do exército foi a Aula de Artilharia e Esquadria criada em 1641 por D. João IV). Em consequência também se alterou o estatuto dos oficiais do Exército e o mérito, paulatinamente, foi-se sobrepondo a critérios subjetivos de aristocracia. Não foi um processo imediato, levou tempo, e entre os primeiros a frequentar o Colégio dos Nobres esteve Bernardim Freire de Andrade e o seu primo (mais tarde cunhado, que fará um percurso sempre próximo e de grande amizade recíproca para com ele), Miguel Pereira de Forjaz, dois homens que foram essenciais para a defesa e consolidação de Portugal no princípio do século XIX. Bernardim Freire pertencia a uma família privilegiada mas não se apoiou simplesmente na sua condição de nascimento, progrediu por mérito, por demonstração de valor em combate, pela disponibilidade para partir e defender o País. Não se acomodou e, em alguns dos momentos mais difíceis da História de Portugal, assumiu responsabilidades e morreu por elas. Não merecia o fim que teve, e deve ser recordado como um entre os melhores que o Exército teve a honra de incluir nos seus quadros. Foi e é um exemplo de cidadão, de militar e, acima de tudo, de Português. |
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Bernardim Freire de Andrade, Tenente-General (1759-1809)Patrono dos cursos de entrada na Academia Militar : Ano letivo de 2013-2014História militarFormação militarPatronosBernardim Freire de Andrade foi um homem à frente da sua época. Um cidadão, um português e um oficial do Exército que assumiu, cumpriu e, num dos momentos mais difíceis da História de Portugal, ficou entre e com o seu povo. Morreu em 1809 de forma bárbara, linchado pela população que jurara defender. Fim inglório para um oficial que tanto deu e fez por Portugal. Como foi possível chegar a este ponto? O que levou umas poucas dezenas de populares a executar tal ato vil e desprezível? Bernardim Freire de Andrade estava entre os primeiros oficiais do Exército que alcançaram as mais importantes responsabilidades na defesa da Nação, não apenas porque o seu estatuto aristocrático lho permitia, mas também porque o mérito lhe foi reconhecido. Resultado de uma das importantes reformas levadas a cabo por Marquês de Pombal, Bernardim Freire de Andrade fez parte de uma nova geração de oficiais do Exército que percorreu um percurso mais esclarecido, avaliado e meritório. Não era assim no tempo em que o Marquês de Pombal tinha tentado, ser ele também, um oficial do Exército. Quando Sebastião de Carvalho e Melo, ainda longe de se tornar Marquês de Pombal, ingressou no Exército, descobriu que os postos mais elevados estavam reservados apenas à mais alta aristocracia, que mesmo quando analfabeta e inculta, poderia ocupar as patentes mais elevadas enquanto que ele, refém do seu “estatuto menor”, mesmo que provasse cultura e mérito, nunca passaria dos postos intermédios. Por isso, foi criada inicialmente uma escola para os filhos da aristocracia, o Colégio dos Nobres e depois, já no reinado de D. Maria I, nasceu em 1790 uma grande escola de formação para os futuros oficiais do Exército, uma das antecessoras da atual Academia Militar, a Academia Real de Fortificação Artilharia e Desenho (a primeira escola de oficiais do exército foi a Aula de Artilharia e Esquadria criada em 1641 por D. João IV). Em consequência também se alterou o estatuto dos oficiais do Exército e o mérito, paulatinamente, foi-se sobrepondo a critérios subjetivos de aristocracia. Não foi um processo imediato, levou tempo, e entre os primeiros a frequentar o Colégio dos Nobres esteve Bernardim Freire de Andrade e o seu primo (mais tarde cunhado, que fará um percurso sempre próximo e de grande amizade recíproca para com ele), Miguel Pereira de Forjaz, dois homens que foram essenciais para a defesa e consolidação de Portugal no princípio do século XIX. Bernardim Freire pertencia a uma família privilegiada mas não se apoiou simplesmente na sua condição de nascimento, progrediu por mérito, por demonstração de valor em combate, pela disponibilidade para partir e defender o País. Não se acomodou e, em alguns dos momentos mais difíceis da História de Portugal, assumiu responsabilidades e morreu por elas. Não merecia o fim que teve, e deve ser recordado como um entre os melhores que o Exército teve a honra de incluir nos seus quadros. Foi e é um exemplo de cidadão, de militar e, acima de tudo, de Português.Academia MilitarRepositório ComumPires, Nuno Lemos2016-11-21T12:25:43Z2013-09-01T00:00:00Z2013-09-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjectapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/15537porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-21T08:55:55Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/15537Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:54:35.500398Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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