Litíase biliar : casuística de uma série hospitalar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Rui Alexandre Anastácio
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/31397
Resumo: INTRODUÇÃO – A litíase biliar e suas complicações são uma causa frequente de internamento hospitalar. Nos últimos anos, a sua incidência e prevalência têm aumentado sobretudo à custa de comportamentos e hábitos de risco. OBJECTIVO – Avaliar aspectos epidemiológicos, clínicos, doenças associadas, complicações, abordagem diagnóstica e terapêutica e sequelas da litíase biliar. MÉTODOS – Análise retrospectiva de processos clínicos de pacientes admitidos com o diagnóstico de litíase biliar no Serviço de Gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra durante o ano de 2007. RESULTADOS – O estudo avaliou os processos clínicos de internamento por litíase biliar no Hospital da Universidade de Coimbra em 2007 de 146 doentes, sendo 67 homens (45,9%) e 79 mulheres (55,1%) e com uma média de idades de 69,6 anos. 14 doentes (9,6%) tinham sido previamente sujeitos a colecistectomia. Registaram-se 13 óbitos (8,9%), mas apenas 3,4% por complicações da litíase biliar. Os sintomas mais comuns de apresentação foram a dor abdominal (87,0%), náuseas e vómitos (65,8%) e icterícia (59,6%). As complicações da litíase biliar ocorreram em 114 doentes (78,1%): 38,4% por coledocolitíase, 34,2% por colangite, 19,2% por pancreatite aguda litiásica e 7,5% por colecistite aguda. A tríade de sintomas dor abdominal, febre e icterícia na detecção de doentes com colangite teve uma sensibilidade de 52,0%, uma especificidade de 91,7%, um valor predictivo positivo (VPP) de 76,5% e um valor predictivo negativo (VPN) de 78,6%. A presença de coledocolitíase nos doentes com colangite foi verificada em 24 doentes (48% dos doentes com colangite), não se demonstrando uma correlação significativa entre as duas. Observou-se que a bilirrubina, fosfatase alcalina e gama GT sofreram um aumento significativo na colestase, apresentando no seu diagnóstico elevada sensibilidade e VPN mas baixa especificidade e VPP. A ecografia foi utilizada em todos os doentes e teve uma sensibilidade, especificidade, VPP e VPN de 100% na detecção da colelitíase; na detecção de coledocolitíase a sensibilidade da ecografia foi de 69,6%, a especificidade e o VPP de 100%, e o VPN de 84,1%. Nos doentes com colangite a ecografia detectou coledocolitíase em apenas 21 doentes (42,0% dos doentes com colangite) e encontrou dilatação das vias biliares em 41 doentes (82,0% dos doentes com colangite). A CPRE foi realizada em 108 doentes (74,9%) e na detecção da coledocolitíase teve uma sensibilidade especificidade, VPP e VPN de 100%; em 14 doentes (13,0% das CPRE), foi necessário recorrer à CPT; observou-se pancreatite pós-CPRE em 11 casos (10,2% dos doentes sujeitos). A CPRM foi efectuada em 21 doentes (14,4%) e a TC em 32 doentes (21,9%). Os antibióticos foram utilizados em 120 doentes (82,2%) e 101 doentes (69,2%) fizeram terapia de dissolução oral com AUDC. CONCLUSÃO – Conclui-se que a litíase biliar originou internamentos mais frequentemente no sexo feminino e, em média, na sétima década de vida. Foram detectadas complicações da litíase em 78,1% dos casos, mais frequentemente por coledocolitíase associada a colangite. A sensibilidade da tríade sintomática clássica da colangite foi de apenas 52%, tendo-se detectado cálculos em apenas metade destes doentes. É clara a menor acuidade diagnóstica da ecografia na coledocolitíase relativamente à colelitíase. Salienta-se a existência de uma taxa de mortalidade de 3,4% em relação com complicações, designadamente pancreatite aguda.
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RESULTADOS – O estudo avaliou os processos clínicos de internamento por litíase biliar no Hospital da Universidade de Coimbra em 2007 de 146 doentes, sendo 67 homens (45,9%) e 79 mulheres (55,1%) e com uma média de idades de 69,6 anos. 14 doentes (9,6%) tinham sido previamente sujeitos a colecistectomia. Registaram-se 13 óbitos (8,9%), mas apenas 3,4% por complicações da litíase biliar. Os sintomas mais comuns de apresentação foram a dor abdominal (87,0%), náuseas e vómitos (65,8%) e icterícia (59,6%). As complicações da litíase biliar ocorreram em 114 doentes (78,1%): 38,4% por coledocolitíase, 34,2% por colangite, 19,2% por pancreatite aguda litiásica e 7,5% por colecistite aguda. A tríade de sintomas dor abdominal, febre e icterícia na detecção de doentes com colangite teve uma sensibilidade de 52,0%, uma especificidade de 91,7%, um valor predictivo positivo (VPP) de 76,5% e um valor predictivo negativo (VPN) de 78,6%. A presença de coledocolitíase nos doentes com colangite foi verificada em 24 doentes (48% dos doentes com colangite), não se demonstrando uma correlação significativa entre as duas. Observou-se que a bilirrubina, fosfatase alcalina e gama GT sofreram um aumento significativo na colestase, apresentando no seu diagnóstico elevada sensibilidade e VPN mas baixa especificidade e VPP. A ecografia foi utilizada em todos os doentes e teve uma sensibilidade, especificidade, VPP e VPN de 100% na detecção da colelitíase; na detecção de coledocolitíase a sensibilidade da ecografia foi de 69,6%, a especificidade e o VPP de 100%, e o VPN de 84,1%. Nos doentes com colangite a ecografia detectou coledocolitíase em apenas 21 doentes (42,0% dos doentes com colangite) e encontrou dilatação das vias biliares em 41 doentes (82,0% dos doentes com colangite). A CPRE foi realizada em 108 doentes (74,9%) e na detecção da coledocolitíase teve uma sensibilidade especificidade, VPP e VPN de 100%; em 14 doentes (13,0% das CPRE), foi necessário recorrer à CPT; observou-se pancreatite pós-CPRE em 11 casos (10,2% dos doentes sujeitos). A CPRM foi efectuada em 21 doentes (14,4%) e a TC em 32 doentes (21,9%). Os antibióticos foram utilizados em 120 doentes (82,2%) e 101 doentes (69,2%) fizeram terapia de dissolução oral com AUDC. CONCLUSÃO – Conclui-se que a litíase biliar originou internamentos mais frequentemente no sexo feminino e, em média, na sétima década de vida. Foram detectadas complicações da litíase em 78,1% dos casos, mais frequentemente por coledocolitíase associada a colangite. A sensibilidade da tríade sintomática clássica da colangite foi de apenas 52%, tendo-se detectado cálculos em apenas metade destes doentes. É clara a menor acuidade diagnóstica da ecografia na coledocolitíase relativamente à colelitíase. Salienta-se a existência de uma taxa de mortalidade de 3,4% em relação com complicações, designadamente pancreatite aguda.INTRODUCTION – Gallstones and their complications are a frequent cause of hospitalization. In recent years, its incidence and prevalence has increased mainly at the expense of behaviors and habits of risk. OBJECTIVE – To evaluate the epidemiology, clinical aspects, associated diseases, complications, diagnosis, treatment and sequelae of gallstones. METHODS – Retrospective analysis of clinical data from patients admitted with a diagnosis of gallstones in the Department of Gastroenterology of the University Hospitals of Coimbra during the year 2007. RESULTS – The study evaluated the clinical records of hospitalization for gallstones at the University Hospital of Coimbra in 2007 of 146 patients, including 67 men (45.9%) and 79 women (55.1%) with a mean age of 69.6 years. 14 patients (9.6%) had previously been subjected to cholecystectomy. There were 13 deaths (8.9%), but only 3.4% for complications of gallstones. The most common symptoms of presentation were abdominal pain (87.0%), nausea and vomiting (65.8%) and jaundice (59.6%). The gallstone complications occurred in 114 patients (78.1%): 38.4% for choledocholithiasis, 34.2% for cholangitis, 19.2% for acute calculous pancreatitis and 7.5% for acute cholecystitis. The triad of symptoms: abdominal pain, fever and jaundice in the detection of patients with cholangitis had a sensitivity of 52.0%, a specificity of 91.7%, a positive predictive value (PPV) of 76.5% and a negative predictive value (NPV) of 78.6%. The presence of choledocholithiasis in patients with cholangitis was observed in 24 patients (48% of patients with cholangitis). It was observed that bilirubin, alkaline phosphatase and gamma GT increased significantly in cholestasis, having in its diagnosis a high sensitivity and VPN but low specificity and PPV. Ultrasonography was used in all patients and the detection of cholelithiasis had a sensitivity, specificity, PPV and NPV of 100%; in detecting choledocholithiasis sensitivity of ultrasonography was 69.6%, specificity and PPV of 100% and NPV of 84.1%. In patients with cholangitis ultrasonography detected choledocholithiasis in 21 patients (42.0% of patients with primary) and found dilatation of bile ducts in 41 patients (82.0% of patients with cholangitis). ERCP was performed in 108 patients (74.9%) and the detection of choledocholithiasis had a sensitivity, specificity, PPV and NPV of 100%; in 14 patients (13.0% of ERCP) CPT was necessary; post-ERCP pancreatitis occurred in 11 cases (10.2% of patients submitted to ERCP). The MRCP was performed in 21 patients (14.4%) and CT in 32 patients (21.9%). Antibiotics were used in 120 patients (82.2%) and 101 patients (69.2%) had oral dissolution therapy with UDCA. CONCLUSION – It’s concluded that gallstones are responsible for more hospitalizations in the feminine gender and, in average, in the seventieth decade of life. Gallstones complications were found in 78,1% of the cases, more frequently caused by choledocholithiasis in association with cholangitis. The sensibility of the classic symptomatic triad of cholangitis was only 52%, and calculi were found only in half of these patients. It’s clear the lower diagnostic acuity of ultrasonography in choledocholithiasis comparatively to colelithiasis. A mark about the presence of a 3.4% death rate due to complications like such as pancreatitis.2010info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/31397http://hdl.handle.net/10316/31397porFernandes, Rui Alexandre Anastácioinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:45Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/31397Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:50.987929Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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