Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Salema, Sofia
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/23040
Resumo: Durante as últimas décadas, temos assistido a um crescente reconhecimento do ornamento não só como parte integrante da arquitectura e como dimensão impor‐ tante do património construído, mas também, porque a ornamentação permite uma adequada leitura e compreensão do edifício, tanto sob o ponto de vista arquitectónico, histórico e estético, como também tecnológico e constitutivo. Num estudo que realizámos sobre o ornamento na arquitectura confirmámos que, no Alentejo, o esgrafito (técnica decorativa com argamassa de cal), usando modelos mais eruditos ora populares, decorou superfícies arquitectónicas ininterruptamente até aos inícios do século XX. Verificámos ainda que a utilização do esgrafito não é uma operação exterior à arquitectura, mas sim, algo intrínseco e indissociável do espaço onde se localiza, evidenciando a intencionalidade da relação simbiótica entre o ornamento e a arquitectura. Com uma forte expressão nos núcleos urbanos no Alentejo, designadamente na cidade de Évora, o esgrafito, localiza‐se, preferencialmente em espaços importantes da estrutura urbana – largos, praças e ruas principais – e, nos aglomerados pouco consolidados, em pequenos apontamentos, nas chaminés. O esgrafito foi amplamente utilizado nos séculos XVI e XVII, em composições eruditas – de influência italiana onde predomina técnica a branco e negro – e, em versão mais populares, mas de grande expressão estética. Durante os séculos XVIII e XIX, o esgrafito apresenta grande protagonismo urbano, associando‐se a outras técnicas ornamentais, com consequências urbanas visíveis em cidades alentejanas. Contudo constatámos também, que a maioria dos esgrafitos já não se apresenta no seu estado original porque foi pintado e/ou repintado. Várias camadas de tinta escondem a superfície mais ou menos ornamentada, alteram a textura e a cor original, anulam as linhas de incisão e de corte do desenho e ocultam os pormenores e detalhes do esquema compositivo. Perante o não reconhecimento do esgrafito por inúmeros agentes que intervêm no património, pretendemos com este artigo desmistificar o carácter “secundário” do esgrafito como ornamentação e realçar a relação simbiótica entre o ornamento – o esgrafito – e a arquitectura. Gostaríamos, ainda, sensibilizar o público em geral para o valor e para a situação de risco deste património, enfatizando a necessidade de salvaguardar a sua autenticidade material.
id RCAP_9e1b3a7a79fc69c36da93425cfa6f892
oai_identifier_str oai:dspace.uevora.pt:10174/23040
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejoornamento e a arquitecturaesgrafitoargamassas de calindissociável do espaçoDurante as últimas décadas, temos assistido a um crescente reconhecimento do ornamento não só como parte integrante da arquitectura e como dimensão impor‐ tante do património construído, mas também, porque a ornamentação permite uma adequada leitura e compreensão do edifício, tanto sob o ponto de vista arquitectónico, histórico e estético, como também tecnológico e constitutivo. Num estudo que realizámos sobre o ornamento na arquitectura confirmámos que, no Alentejo, o esgrafito (técnica decorativa com argamassa de cal), usando modelos mais eruditos ora populares, decorou superfícies arquitectónicas ininterruptamente até aos inícios do século XX. Verificámos ainda que a utilização do esgrafito não é uma operação exterior à arquitectura, mas sim, algo intrínseco e indissociável do espaço onde se localiza, evidenciando a intencionalidade da relação simbiótica entre o ornamento e a arquitectura. Com uma forte expressão nos núcleos urbanos no Alentejo, designadamente na cidade de Évora, o esgrafito, localiza‐se, preferencialmente em espaços importantes da estrutura urbana – largos, praças e ruas principais – e, nos aglomerados pouco consolidados, em pequenos apontamentos, nas chaminés. O esgrafito foi amplamente utilizado nos séculos XVI e XVII, em composições eruditas – de influência italiana onde predomina técnica a branco e negro – e, em versão mais populares, mas de grande expressão estética. Durante os séculos XVIII e XIX, o esgrafito apresenta grande protagonismo urbano, associando‐se a outras técnicas ornamentais, com consequências urbanas visíveis em cidades alentejanas. Contudo constatámos também, que a maioria dos esgrafitos já não se apresenta no seu estado original porque foi pintado e/ou repintado. Várias camadas de tinta escondem a superfície mais ou menos ornamentada, alteram a textura e a cor original, anulam as linhas de incisão e de corte do desenho e ocultam os pormenores e detalhes do esquema compositivo. Perante o não reconhecimento do esgrafito por inúmeros agentes que intervêm no património, pretendemos com este artigo desmistificar o carácter “secundário” do esgrafito como ornamentação e realçar a relação simbiótica entre o ornamento – o esgrafito – e a arquitectura. Gostaríamos, ainda, sensibilizar o público em geral para o valor e para a situação de risco deste património, enfatizando a necessidade de salvaguardar a sua autenticidade material.2018-03-19T17:13:45Z2018-03-192017-11-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://hdl.handle.net/10174/23040http://hdl.handle.net/10174/23040porhttps://ornament2017.weebly.com/simnaonaoArquietcturassalema@uevora.pt739Salema, Sofiainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T19:14:46Zoai:dspace.uevora.pt:10174/23040Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:13:55.469195Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
title Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
spellingShingle Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
Salema, Sofia
ornamento e a arquitectura
esgrafito
argamassas de cal
indissociável do espaço
title_short Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
title_full Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
title_fullStr Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
title_full_unstemmed Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
title_sort Ornamento na Arquitectura. O Esgrafito no Alentejo
author Salema, Sofia
author_facet Salema, Sofia
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Salema, Sofia
dc.subject.por.fl_str_mv ornamento e a arquitectura
esgrafito
argamassas de cal
indissociável do espaço
topic ornamento e a arquitectura
esgrafito
argamassas de cal
indissociável do espaço
description Durante as últimas décadas, temos assistido a um crescente reconhecimento do ornamento não só como parte integrante da arquitectura e como dimensão impor‐ tante do património construído, mas também, porque a ornamentação permite uma adequada leitura e compreensão do edifício, tanto sob o ponto de vista arquitectónico, histórico e estético, como também tecnológico e constitutivo. Num estudo que realizámos sobre o ornamento na arquitectura confirmámos que, no Alentejo, o esgrafito (técnica decorativa com argamassa de cal), usando modelos mais eruditos ora populares, decorou superfícies arquitectónicas ininterruptamente até aos inícios do século XX. Verificámos ainda que a utilização do esgrafito não é uma operação exterior à arquitectura, mas sim, algo intrínseco e indissociável do espaço onde se localiza, evidenciando a intencionalidade da relação simbiótica entre o ornamento e a arquitectura. Com uma forte expressão nos núcleos urbanos no Alentejo, designadamente na cidade de Évora, o esgrafito, localiza‐se, preferencialmente em espaços importantes da estrutura urbana – largos, praças e ruas principais – e, nos aglomerados pouco consolidados, em pequenos apontamentos, nas chaminés. O esgrafito foi amplamente utilizado nos séculos XVI e XVII, em composições eruditas – de influência italiana onde predomina técnica a branco e negro – e, em versão mais populares, mas de grande expressão estética. Durante os séculos XVIII e XIX, o esgrafito apresenta grande protagonismo urbano, associando‐se a outras técnicas ornamentais, com consequências urbanas visíveis em cidades alentejanas. Contudo constatámos também, que a maioria dos esgrafitos já não se apresenta no seu estado original porque foi pintado e/ou repintado. Várias camadas de tinta escondem a superfície mais ou menos ornamentada, alteram a textura e a cor original, anulam as linhas de incisão e de corte do desenho e ocultam os pormenores e detalhes do esquema compositivo. Perante o não reconhecimento do esgrafito por inúmeros agentes que intervêm no património, pretendemos com este artigo desmistificar o carácter “secundário” do esgrafito como ornamentação e realçar a relação simbiótica entre o ornamento – o esgrafito – e a arquitectura. Gostaríamos, ainda, sensibilizar o público em geral para o valor e para a situação de risco deste património, enfatizando a necessidade de salvaguardar a sua autenticidade material.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-11-22T00:00:00Z
2018-03-19T17:13:45Z
2018-03-19
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10174/23040
http://hdl.handle.net/10174/23040
url http://hdl.handle.net/10174/23040
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://ornament2017.weebly.com/
sim
nao
nao
Arquietctura
ssalema@uevora.pt
739
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136621202767872