Sobre a monografia rural
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1977 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/6754 |
Resumo: | A forma de pesquisa que se designa por monografia circunscreve um método que se pode reconduzir à designação de «estudo de caso» ou «análise intensiva», na classificação proposta por Ernest Greenwood. Uma busca dos primeiros usos da monografia encontraria uma tripla origem principal: a geografia humana (em especial a escola de Vidal de la Blache), a etnologia (fundamentalmente a escola estruturo-funcionalista clássica) e a ciência social (sociologia) de Le Play e das «sociedades rurais». Ora, todos esses usos da monografia revelam limites de visibilidade teórica impostos pela articulação do método com as teorias que o comandam. Na 1ª parte deste artigo, examinam-se precisamente alguns desses limites, primeiro na geografia humana (problemas do espaço e da relação entre variáveis «naturais» e «sociais»), depois na antropologia (problemas do fechamento do campo analítico e do anti-historicismo) e por fim na chamada sociologia rural (marcada até certo ponto pela dicotomia entre o evolucionismo e o anti-historicismo). Na 2ª parte, procura-se enunciar as condições de legitimidade teórica da utilização da monografia rural. Aí se afirma, por um lado, que, contra as tentações do dedutivismo teórico, é necessário reafirmar que a produção de conhecimento supõe o trabalho no terreno, a investigação empírica frequentemente o uso do método monográfico. Por outro lado, contra o hiperfactualismo empirista (conduzindo ao somatório de totalidades fechadas, à ignorância dos processos sociais contraditórios de conjunto, à reprodução elaborada das noções de «senso-comum»), há que procurar percursos teóricos alternativos e explícitos que dispam o método monográfico de certos pressupostos habituais do seu uso e que contribuam efectivamente para a inteligibilidade das situações concretas. |
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