Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/10232 |
Resumo: | Esta investigação incide sobre a aplicação de dois paradigmas associados a dois processos de memória distintos: a retenção e o esquecimento. Ao nível da retenção, recentemente a memória humana começou a ser analisada com base na perspetiva evolutiva, sendo sugerido que o modo como a memória funciona reflete as pressões seletivas que os humanos deverão ter enfrentado ao longo da sua evolução. Nesta linha, tem sido demonstrado que os humanos parecem estar “sintonizados” para reter melhor informação quando esta é processada em contextos de sobrevivência, comparativamente com várias condições de controlo (efeito de sobrevivência). Quanto ao esquecimento, o Paradigma de Esquecimento Induzido pela Recuperação (PEIR) tem demonstrado que detemos um mecanismo capaz de inibir informação, para que possamos recuperar outra informação desejada. Este paradigma é tipicamente composto por 4 fases: fase de estudo, fase de evocação parcial, período de retenção/distração, e fase de evocação total (usualmente a tarefa de evocação guiada pela categoria). Durante a fase de evocação parcial é recuperada parte da informação apresentada na fase de estudo, ocorrendo um mecanismo inibitório da informação não solicitada, para que a evocação do material alvo seja mais bem sucedida. Este mecanismo resulta numa pior recuperação posterior da informação não recuperada comparativamente com material nunca submetido à recuperação seletiva (esquecimento induzido pela recuperação - RIF). Por outro lado, é observado um efeito de facilitação para o material recuperado nesta fase. O objetivo da junção destes dois paradigmas era averiguar se efeito de sobrevivência ocorria no PEIR, assim como avaliar a suscetibilidade do processamento de sobrevivência aos efeitos tipicamente observados no PEIR. Deste modo, a experiência 2 conjuga estes dois paradigmas. Tipicamente, o PEIR é usado com categorias semânticas; contudo, por várias razões, no presente estudo foram usadas categorias ad hoc. Dada a inexistência de normas Portuguesas para este material foi realizado um estudo piloto que permitiu obter as frequências e tipicidade de exemplares para várias categorias ad hoc. Na primeira experiência procedemos à aplicação do PEIR com estas categorias ad hoc para avaliarmos a ocorrência do efeito de facilitação e do RIF com o material selecionado. Esta experiência replicou o efeito de facilitação, mas não o RIF. Na segunda experiência, procedemos à junção do paradigma de sobrevivência ao PEIR. Os resultados desta experiência não replicaram o efeito de sobrevivência, ou seja, não foi obtido um maior nível de retenção na condição de sobrevivência comparativamente ao grupo de controlo. O efeito de facilitação foi replicado nesta experiência; dada a não obtenção do RIF na primeira experiência, não podemos tirar elações sobre a suscetibilidade do processamento de sobrevivência ao mecanismo de inibição presente no PEIR. São discutidos os vários fatores que poderão estar subjacentes a estes resultados. Foram ainda deixadas em aberto várias questões que, deverão ser avaliadas em estudos experimentais futuros. |
id |
RCAP_9fd2efe6c10a9a02ebcec31285137f0a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ria.ua.pt:10773/10232 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIRPsicologia forenseMemóriaEsta investigação incide sobre a aplicação de dois paradigmas associados a dois processos de memória distintos: a retenção e o esquecimento. Ao nível da retenção, recentemente a memória humana começou a ser analisada com base na perspetiva evolutiva, sendo sugerido que o modo como a memória funciona reflete as pressões seletivas que os humanos deverão ter enfrentado ao longo da sua evolução. Nesta linha, tem sido demonstrado que os humanos parecem estar “sintonizados” para reter melhor informação quando esta é processada em contextos de sobrevivência, comparativamente com várias condições de controlo (efeito de sobrevivência). Quanto ao esquecimento, o Paradigma de Esquecimento Induzido pela Recuperação (PEIR) tem demonstrado que detemos um mecanismo capaz de inibir informação, para que possamos recuperar outra informação desejada. Este paradigma é tipicamente composto por 4 fases: fase de estudo, fase de evocação parcial, período de retenção/distração, e fase de evocação total (usualmente a tarefa de evocação guiada pela categoria). Durante a fase de evocação parcial é recuperada parte da informação apresentada na fase de estudo, ocorrendo um mecanismo inibitório da informação não solicitada, para que a evocação do material alvo seja mais bem sucedida. Este mecanismo resulta numa pior recuperação posterior da informação não recuperada comparativamente com material nunca submetido à recuperação seletiva (esquecimento induzido pela recuperação - RIF). Por outro lado, é observado um efeito de facilitação para o material recuperado nesta fase. O objetivo da junção destes dois paradigmas era averiguar se efeito de sobrevivência ocorria no PEIR, assim como avaliar a suscetibilidade do processamento de sobrevivência aos efeitos tipicamente observados no PEIR. Deste modo, a experiência 2 conjuga estes dois paradigmas. Tipicamente, o PEIR é usado com categorias semânticas; contudo, por várias razões, no presente estudo foram usadas categorias ad hoc. Dada a inexistência de normas Portuguesas para este material foi realizado um estudo piloto que permitiu obter as frequências e tipicidade de exemplares para várias categorias ad hoc. Na primeira experiência procedemos à aplicação do PEIR com estas categorias ad hoc para avaliarmos a ocorrência do efeito de facilitação e do RIF com o material selecionado. Esta experiência replicou o efeito de facilitação, mas não o RIF. Na segunda experiência, procedemos à junção do paradigma de sobrevivência ao PEIR. Os resultados desta experiência não replicaram o efeito de sobrevivência, ou seja, não foi obtido um maior nível de retenção na condição de sobrevivência comparativamente ao grupo de controlo. O efeito de facilitação foi replicado nesta experiência; dada a não obtenção do RIF na primeira experiência, não podemos tirar elações sobre a suscetibilidade do processamento de sobrevivência ao mecanismo de inibição presente no PEIR. São discutidos os vários fatores que poderão estar subjacentes a estes resultados. Foram ainda deixadas em aberto várias questões que, deverão ser avaliadas em estudos experimentais futuros.This research focuses on the application of two memory paradigms: retention and forgetting. Recently, human memory began to be conceptualized from an evolutionary perspective. Some authors have suggested that the way memory works likely reflects the selection pressures humans faced throughout evolution. Following this reasoning it has been shown that memory performance is better when information is encoded in survival contexts as compared to various control conditions (survival effect). The retrieval-practice paradigm has demonstrated that memory uses an inhibitory mechanism that allows one to more successfully retrieve a given information when competing information is present. This paradigm typically includes four phases: study, retrieval practice, retention period, and testing (usually a category-cued recall task). During the retrieval practice, part of the initially studied information is retrieved; throughout this process, the non-target information is inhibited contributing to the retrieval success of the required information. As a result, later on, memory performance for the inhibited material is lower than for material that was never practiced (retrieval-induced forgetting - RIF). On the other hand, the retrieved material is the best recalled in the final task (facilitation effect). We aim to combine these two approaches in order to investigate the occurrence of the survival effect in the retrieval-practice paradigm, as well as to investigate the susceptibility of survival processing to the effects typically observed in this forgetting paradigm. Typically, the retrieval-practice paradigm uses semantic categories; however, for various reasons, we used ad hoc categories. In an initial pilot study, Portuguese norms (frequency and typicality of generation) for ad hoc categories were collected. The first experiment tested whether the typical RIF and facilitation effects would be obtained using this material. The facilitation effect was obtained, but not the RIF. In the second experiment, the retrieval-practice paradigm and survival procedure were combined. The typical survival effect was not obtained, that is, survival processing did not increase recall as compared to the control condition. The facilitation effect was replicated in this experiment; given that the RIF was not obtained in experiment 1, no conclusions can be made about the susceptibility of survival processing to inhibitory effects. We discuss several factors that might underlie the current results. We also propose a set of to-be conducted experiments that would help clarify the obtained results.Universidade de Aveiro2013-04-18T15:42:59Z2012-01-01T00:00:00Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/10232porMarinho, Patrícia Isabel de Oliveirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:17:48Zoai:ria.ua.pt:10773/10232Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:46:53.311111Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
title |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
spellingShingle |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR Marinho, Patrícia Isabel de Oliveira Psicologia forense Memória |
title_short |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
title_full |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
title_fullStr |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
title_full_unstemmed |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
title_sort |
Impacto do processamento de sobrevivência no PEIR |
author |
Marinho, Patrícia Isabel de Oliveira |
author_facet |
Marinho, Patrícia Isabel de Oliveira |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Marinho, Patrícia Isabel de Oliveira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Psicologia forense Memória |
topic |
Psicologia forense Memória |
description |
Esta investigação incide sobre a aplicação de dois paradigmas associados a dois processos de memória distintos: a retenção e o esquecimento. Ao nível da retenção, recentemente a memória humana começou a ser analisada com base na perspetiva evolutiva, sendo sugerido que o modo como a memória funciona reflete as pressões seletivas que os humanos deverão ter enfrentado ao longo da sua evolução. Nesta linha, tem sido demonstrado que os humanos parecem estar “sintonizados” para reter melhor informação quando esta é processada em contextos de sobrevivência, comparativamente com várias condições de controlo (efeito de sobrevivência). Quanto ao esquecimento, o Paradigma de Esquecimento Induzido pela Recuperação (PEIR) tem demonstrado que detemos um mecanismo capaz de inibir informação, para que possamos recuperar outra informação desejada. Este paradigma é tipicamente composto por 4 fases: fase de estudo, fase de evocação parcial, período de retenção/distração, e fase de evocação total (usualmente a tarefa de evocação guiada pela categoria). Durante a fase de evocação parcial é recuperada parte da informação apresentada na fase de estudo, ocorrendo um mecanismo inibitório da informação não solicitada, para que a evocação do material alvo seja mais bem sucedida. Este mecanismo resulta numa pior recuperação posterior da informação não recuperada comparativamente com material nunca submetido à recuperação seletiva (esquecimento induzido pela recuperação - RIF). Por outro lado, é observado um efeito de facilitação para o material recuperado nesta fase. O objetivo da junção destes dois paradigmas era averiguar se efeito de sobrevivência ocorria no PEIR, assim como avaliar a suscetibilidade do processamento de sobrevivência aos efeitos tipicamente observados no PEIR. Deste modo, a experiência 2 conjuga estes dois paradigmas. Tipicamente, o PEIR é usado com categorias semânticas; contudo, por várias razões, no presente estudo foram usadas categorias ad hoc. Dada a inexistência de normas Portuguesas para este material foi realizado um estudo piloto que permitiu obter as frequências e tipicidade de exemplares para várias categorias ad hoc. Na primeira experiência procedemos à aplicação do PEIR com estas categorias ad hoc para avaliarmos a ocorrência do efeito de facilitação e do RIF com o material selecionado. Esta experiência replicou o efeito de facilitação, mas não o RIF. Na segunda experiência, procedemos à junção do paradigma de sobrevivência ao PEIR. Os resultados desta experiência não replicaram o efeito de sobrevivência, ou seja, não foi obtido um maior nível de retenção na condição de sobrevivência comparativamente ao grupo de controlo. O efeito de facilitação foi replicado nesta experiência; dada a não obtenção do RIF na primeira experiência, não podemos tirar elações sobre a suscetibilidade do processamento de sobrevivência ao mecanismo de inibição presente no PEIR. São discutidos os vários fatores que poderão estar subjacentes a estes resultados. Foram ainda deixadas em aberto várias questões que, deverão ser avaliadas em estudos experimentais futuros. |
publishDate |
2012 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2012-01-01T00:00:00Z 2012 2013-04-18T15:42:59Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10773/10232 |
url |
http://hdl.handle.net/10773/10232 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de Aveiro |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de Aveiro |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799137520206741504 |