Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/31416
Resumo: As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte entre os insuficientes renais crónicos em tratamento hemodialítico. Estes doentes apresentam uma alta taxa de mortalidade e morbilidade devido a doenças cardíacas, estando a morte súbita cardíaca implicada nestes números. Se por um lado, este facto é devido às características e evolução da insuficiência renal crónica o que torna estes indivíduos especialmente suscetíveis a alterações cardiovasculares, por outro, a hemodiálise constitui por si só um elevado fator de stress cardíaco e hemodinâmico, comprometendo também todo o sistema nervoso autónomo e acarretando assim um risco elevado de morte devido a arritmias ventriculares. É por esta razão que a aplicação de técnicas não invasivas e eletrocardiográficas se tornam cada vez mais importantes na avaliação de IRCT, pois permite classificar e estratificar doentes em risco de morte súbita cardíaca devido a arritmias malignas. O objetivo principal desta investigação é avaliar quais os efeitos na eletrofisiologia cardíaca associados à terapia hemodialítica com base na eletrocardiografia e através de várias técnicas não invasivas. Estas vão por um lado, analisar a despolarização e repolarização ventriculares/ auriculares e a sua heterogeneidade das células miocárdicas, e por outro avaliar o funcionamento do sistema nervoso autónomo através da variabilidade da frequência cardíaca e turbulência da frequência cardíaca. Desta forma pretende-se aprofundar qual o risco arrítmico associado á terapia hemodialítica. A amostra em estudo é constituída por 52 doentes que realizam hemodiálise na Unidade de Diálise do Hospital Amato Lusitano da Unidade Local de Saúde de C. Branco, em que 40.4% (n=21) são mulheres e 59.6% (n=31) são homens, sendo a idade média de 67.73 ± 16.749 anos (idade mínima de 26 anos e idade máxima de 92 anos). A todos os indivíduos foram ligados Holter antes da terapia hemodialítica tendo sido desligados após o final da mesma. A variabilidade da frequência cardíaca e a turbulência da frequência cardíaca foram avaliadas e calculadas com base no registo obtido. Para além do Holter também foi realizado um ECG de 12 derivações a cada um dos indivíduos antes e após a terapia hemodialítica, sendo posteriormente medidos e calculados os parâmetros eletrocardiográficos: intervalo QT, intervalo QTc, dispersão do QT, intervalo Tpeak-Tend, intervalo JTend, dispersão do complexo QRS, dispersão da onda P e Índice de Sokolow-Lyon. Verificámos que a arritmia mais prevalente registada no Holter foi a taquicardia supraventricular ocorrida em 40.4% dos indivíduos, seguida da taquicardia ventricular com 11.1%. Apenas 3.8% dos indivíduos apresentaram fibrilhação auricular paroxística durante a terapia hemodialítica. Constatámos que com o decorrer desta ocorre um aumento estatisticamente significativo dos intervalos QT, QTc e dispersão do QT. O intervalo QT médio antes da hemodiálise é de 424.44 ± 42.61 ms, e após este tratamento aumenta para 439.11 ± 45.91 ms, ocorrendo uma diferença média de 14.66 ± 32.58 ms. Antes da terapia hemodialítica o valor do intervalo QTc médio é de 457.44 ± 38.29 ms, aumentando para 489.53 ± 50.85 ms depois de terminada a sessão, correspondendo a uma diferença média de 32.08 ± 50.22 ms. No que diz respeito á dispersão do intervalo QT, a hemodiálise provoca um aumento no mesmo de 8 ± 67.47 ms, ou seja, do valor de 63.5 ± 32.55 ms passa para 79.55 ± 44.41 ms. Não se verificou qualquer relação estatística entre os intervalos QT, QTc e dispersão do QT com a HVE ou a função ventricular esquerda diminuída, verificando-se que o intervalo QT e a dispersão do intervalo QT após a hemodiálise são superiores nos doentes com dilatação ventricular esquerda comparando com os doentes sem dilatação do ventrículo esquerdo, sendo as diferenças médias de 31.53 ms e 30.91 ms respetivamente. O intervalo Tpeak-Tend apresenta um aumento significativo de 107.27 ± 24.81 ms para 124.54 ± 22.76 ms, correspondendo a uma diferença média de 17.27 ± 28.14 ms. Não foram encontradas outras relações estatísticas entre o intervalo Tpeak-Tend e restantes variáveis estudadas. O intervalo JTend, não apresentou qualquer variação significativa com a hemodiálise, verificando-se apenas que nos doentes com hipertrofia ventricular esquerda o intervalo medido após a hemodiálise é menor cerca de 48.56 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á dispersão da onda P e á dispersão do complexo QRS, não foi encontrada qualquer alteração significativa com a terapia hemodialítica. A dispersão do complexo QRS revelou-se superior nos indivíduos sem fatores de risco cerca de 24.39 ms. Em relação á variabilidade da frequência cardíaca, apenas o componente SDNN índex isolado manifestou uma relação estatística com a hipertrofia ventricular esquerda. Na presença desta os doentes apresentam o SDNN índex reduzido em cerca de 13.13 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á turbulência da frequência cardíaca, esta investigação demonstrou que nos doentes com dilatação do ventrículo esquerdo, o valor médio de TO3 é de 1.25 ± 1.87 e sem dilatação do VE é de -0.54 ± 2.08. Desta forma, conclui-se que a hemodiálise provoca um aumento real e significativo do intervalo QT, QTc e da dispersão QT, afirmando-se a suscetibilidade e vulnerabilidade às arritmias malignas dos insuficientes renais crónicos sujeitos a este tratamento. Este facto aumenta assim o seu risco de morrer subitamente de causa cardíaca. Outros parâmetros descritos como substratos arrítmicos e estando por isso associados á morte súbita cardíaca, como a turbulência da frequência cardíaca ou a variabilidade da frequência cardíaca não encontraram neste trabalho a confirmação da sua relação com o aumento do risco arrítmico em doentes hemodialisados.
id RCAP_9ffd226286b1cf5938e2d47e48ed5cb8
oai_identifier_str oai:comum.rcaap.pt:10400.26/31416
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónicaHemodiáliseInsuficiência renal crónicaEletrofisiologia cardíacaArritmias cardíacasDoenças cardiovascularesCiências MédicasAs doenças cardiovasculares são a maior causa de morte entre os insuficientes renais crónicos em tratamento hemodialítico. Estes doentes apresentam uma alta taxa de mortalidade e morbilidade devido a doenças cardíacas, estando a morte súbita cardíaca implicada nestes números. Se por um lado, este facto é devido às características e evolução da insuficiência renal crónica o que torna estes indivíduos especialmente suscetíveis a alterações cardiovasculares, por outro, a hemodiálise constitui por si só um elevado fator de stress cardíaco e hemodinâmico, comprometendo também todo o sistema nervoso autónomo e acarretando assim um risco elevado de morte devido a arritmias ventriculares. É por esta razão que a aplicação de técnicas não invasivas e eletrocardiográficas se tornam cada vez mais importantes na avaliação de IRCT, pois permite classificar e estratificar doentes em risco de morte súbita cardíaca devido a arritmias malignas. O objetivo principal desta investigação é avaliar quais os efeitos na eletrofisiologia cardíaca associados à terapia hemodialítica com base na eletrocardiografia e através de várias técnicas não invasivas. Estas vão por um lado, analisar a despolarização e repolarização ventriculares/ auriculares e a sua heterogeneidade das células miocárdicas, e por outro avaliar o funcionamento do sistema nervoso autónomo através da variabilidade da frequência cardíaca e turbulência da frequência cardíaca. Desta forma pretende-se aprofundar qual o risco arrítmico associado á terapia hemodialítica. A amostra em estudo é constituída por 52 doentes que realizam hemodiálise na Unidade de Diálise do Hospital Amato Lusitano da Unidade Local de Saúde de C. Branco, em que 40.4% (n=21) são mulheres e 59.6% (n=31) são homens, sendo a idade média de 67.73 ± 16.749 anos (idade mínima de 26 anos e idade máxima de 92 anos). A todos os indivíduos foram ligados Holter antes da terapia hemodialítica tendo sido desligados após o final da mesma. A variabilidade da frequência cardíaca e a turbulência da frequência cardíaca foram avaliadas e calculadas com base no registo obtido. Para além do Holter também foi realizado um ECG de 12 derivações a cada um dos indivíduos antes e após a terapia hemodialítica, sendo posteriormente medidos e calculados os parâmetros eletrocardiográficos: intervalo QT, intervalo QTc, dispersão do QT, intervalo Tpeak-Tend, intervalo JTend, dispersão do complexo QRS, dispersão da onda P e Índice de Sokolow-Lyon. Verificámos que a arritmia mais prevalente registada no Holter foi a taquicardia supraventricular ocorrida em 40.4% dos indivíduos, seguida da taquicardia ventricular com 11.1%. Apenas 3.8% dos indivíduos apresentaram fibrilhação auricular paroxística durante a terapia hemodialítica. Constatámos que com o decorrer desta ocorre um aumento estatisticamente significativo dos intervalos QT, QTc e dispersão do QT. O intervalo QT médio antes da hemodiálise é de 424.44 ± 42.61 ms, e após este tratamento aumenta para 439.11 ± 45.91 ms, ocorrendo uma diferença média de 14.66 ± 32.58 ms. Antes da terapia hemodialítica o valor do intervalo QTc médio é de 457.44 ± 38.29 ms, aumentando para 489.53 ± 50.85 ms depois de terminada a sessão, correspondendo a uma diferença média de 32.08 ± 50.22 ms. No que diz respeito á dispersão do intervalo QT, a hemodiálise provoca um aumento no mesmo de 8 ± 67.47 ms, ou seja, do valor de 63.5 ± 32.55 ms passa para 79.55 ± 44.41 ms. Não se verificou qualquer relação estatística entre os intervalos QT, QTc e dispersão do QT com a HVE ou a função ventricular esquerda diminuída, verificando-se que o intervalo QT e a dispersão do intervalo QT após a hemodiálise são superiores nos doentes com dilatação ventricular esquerda comparando com os doentes sem dilatação do ventrículo esquerdo, sendo as diferenças médias de 31.53 ms e 30.91 ms respetivamente. O intervalo Tpeak-Tend apresenta um aumento significativo de 107.27 ± 24.81 ms para 124.54 ± 22.76 ms, correspondendo a uma diferença média de 17.27 ± 28.14 ms. Não foram encontradas outras relações estatísticas entre o intervalo Tpeak-Tend e restantes variáveis estudadas. O intervalo JTend, não apresentou qualquer variação significativa com a hemodiálise, verificando-se apenas que nos doentes com hipertrofia ventricular esquerda o intervalo medido após a hemodiálise é menor cerca de 48.56 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á dispersão da onda P e á dispersão do complexo QRS, não foi encontrada qualquer alteração significativa com a terapia hemodialítica. A dispersão do complexo QRS revelou-se superior nos indivíduos sem fatores de risco cerca de 24.39 ms. Em relação á variabilidade da frequência cardíaca, apenas o componente SDNN índex isolado manifestou uma relação estatística com a hipertrofia ventricular esquerda. Na presença desta os doentes apresentam o SDNN índex reduzido em cerca de 13.13 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á turbulência da frequência cardíaca, esta investigação demonstrou que nos doentes com dilatação do ventrículo esquerdo, o valor médio de TO3 é de 1.25 ± 1.87 e sem dilatação do VE é de -0.54 ± 2.08. Desta forma, conclui-se que a hemodiálise provoca um aumento real e significativo do intervalo QT, QTc e da dispersão QT, afirmando-se a suscetibilidade e vulnerabilidade às arritmias malignas dos insuficientes renais crónicos sujeitos a este tratamento. Este facto aumenta assim o seu risco de morrer subitamente de causa cardíaca. Outros parâmetros descritos como substratos arrítmicos e estando por isso associados á morte súbita cardíaca, como a turbulência da frequência cardíaca ou a variabilidade da frequência cardíaca não encontraram neste trabalho a confirmação da sua relação com o aumento do risco arrítmico em doentes hemodialisados.Cardiovascular diseases are the leading cause of death amongst patients suffering from chronic renal failure and undergoing haemodialysis. These patients have a high rate of mortality and morbidity due to heart disease, including sudden cardiac death. Whilst this is mainly due to the characteristics of chronic renal failure and its evolution, which make these individuals particularly susceptible to cardiovascular changes, it is also a consequence of haemodialysis, which itself is a high factor of cardiac and haemodynamic stress, affecting also the whole autonomic nervous system and causing a high risk of death due to ventricular arrhythmias. Hence, the application of non-invasive and electrocardiographic techniques is increasingly important since it can classify and stratify patients at risk of sudden cardiac death due to malignant arrhythmias. The main objective of this research is to evaluate which effects on cardiac electrophysiology are associated with haemodialysis, based on electrocardiography and through various non-invasive techniques. These will assess the ventricular/atrial depolarization and repolarization and its heterogeneity in myocardial cells, and also evaluate the functioning of the autonomic nervous system by heart rate variability and heart rate turbulence. Thus it is intended to better ascertain the arrhythmic risk associated with haemodialysis. The study sample consists of 52 patients on haemodialysis in the Dialysis Unit of the Hospital Amato Lusitano, Local Health Unit of Castelo Branco, in which 40.4% (n=21) are women and 59.6% (n=31) are men, with an average age of 67.73 ± 16.749 years (minimum age 26 years and maximum age 92 years). All individuals were connected to a Holter device before haemodialysis and the monitor was removed once the treatment was complete. The heart rate variability and heart rate turbulence were evaluated and calculated through the data collected. In addition to the Holter, a 12-lead ECG was also performed to each individual before and after haemodialysis and all electrocardiographic parameters were measured and calculated, including: QT, QTc, QT dispersion, Tpeak-Tend interval, interval range JTend, QRS dispersion, P-wave dispersion and Sokolow-Lyon Index. We found that the most prevalent arrhythmia on the Holter was the supraventricular tachycardia which occurred in 40.4% of individuals studied, followed by ventricular tachycardia in 11.1%. Only 3.8% of patients had paroxysmal atrial fibrillation during haemodialysis. It was determined that during the course of haemodialysis there is a statistically significant increase in the QT, QTc and QT interval dispersion. The mean QT interval before haemodialysis is 424.44 ± 42.61 ms, and after this treatment it increases to 439.11 ± 45.91 ms, with a mean difference of 14.66 ± 32.58 ms. Before haemodialysis the average value of the QTc interval is 457.44 ± 38.29 ms, increasing to 489.53 ± 50.85 ms after the completion of the session, with a mean difference of 32.08 ± 50.22 ms. Haemodialysis causes an increase in the dispersion of the QT interval of 8 ± 67.47 ms, from 63.5 ± 32.55 ms to 79.55 ± 44.41 ms. There was no statistical link between the QT, QTc and QT dispersion with LVH or reduced left ventricular function, with the QT interval and QT interval dispersion after haemodialysis being higher in patients with left ventricular dilation compared with patients without left ventricular dilation, with mean differences of 31.53 ms and 30.91 ms, respectively. The Tpeak-Tend interval shows a significant increase of 107.27 ± 24.81 ms to 124.54 ± 22.76 ms, corresponding to a mean difference of 17.27 ± 28.14 ms. There was no additional statistical correlation between the Tpeak-Tend interval and the remaining variables assessed. The JTend interval did not change significantly with haemodialysis, however patients with left ventricular hypertrophy measured approximately 48.56 ms less after haemodialysis than patients without left ventricular hypertrophy. Haemolysis had no significant impact in P-wave dispersion and dispersion of the QRS complex. The dispersion of the QRS complex was 24.39 ms higher in individuals without risk factors. The SDNN index showed a statistical correlation between heart rate variability and left ventricular hypertrophy. Patients suffering from this condition have a lower SDNN index than patients without left ventricular hypertrophy by approximately 13.13 ms. Regarding the turbulence of the heart rate, this study has demonstrated that in patients with left ventricular dilatation the average value of TO3 is 1.25 ± 1.87 and without dilatation of the left ventricle is -0.54 ± 2.08. It is concluded that haemodialysis causes a real and significant increase in QT interval and QTc and QT dispersion, thus confirming the susceptibility and vulnerability of patients with chronic renal failure to malignant arrhythmias when undergoing haemodialysis. Hence increasing the risk of dying suddenly from cardiac causes. Other parameters described as arrhythmic substrates and being therefore associated with sudden cardiac death, such as heart rate turbulence or variability of heart rate, were not confirmed in this study to be associated with increased arrhythmic risk in patients undergoing haemodialysis.Pereira, Telmo António dos Santos, 1976-Filipe, RuiRepositório ComumAlmeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-2020-02-17T16:53:59Z2014-032014-01-01T00:00:00Z2014-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/31416201493659porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T15:40:50Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/31416Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:16:39.132410Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
title Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
spellingShingle Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
Almeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-
Hemodiálise
Insuficiência renal crónica
Eletrofisiologia cardíaca
Arritmias cardíacas
Doenças cardiovasculares
Ciências Médicas
title_short Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
title_full Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
title_fullStr Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
title_full_unstemmed Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
title_sort Efeitos da hemodiálise na eletrofisiologia cardíaca em doentes com insuficiência renal crónica
author Almeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-
author_facet Almeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Pereira, Telmo António dos Santos, 1976-
Filipe, Rui
Repositório Comum
dc.contributor.author.fl_str_mv Almeida, Cláudia Cristina Barbosa de, 1981-
dc.subject.por.fl_str_mv Hemodiálise
Insuficiência renal crónica
Eletrofisiologia cardíaca
Arritmias cardíacas
Doenças cardiovasculares
Ciências Médicas
topic Hemodiálise
Insuficiência renal crónica
Eletrofisiologia cardíaca
Arritmias cardíacas
Doenças cardiovasculares
Ciências Médicas
description As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte entre os insuficientes renais crónicos em tratamento hemodialítico. Estes doentes apresentam uma alta taxa de mortalidade e morbilidade devido a doenças cardíacas, estando a morte súbita cardíaca implicada nestes números. Se por um lado, este facto é devido às características e evolução da insuficiência renal crónica o que torna estes indivíduos especialmente suscetíveis a alterações cardiovasculares, por outro, a hemodiálise constitui por si só um elevado fator de stress cardíaco e hemodinâmico, comprometendo também todo o sistema nervoso autónomo e acarretando assim um risco elevado de morte devido a arritmias ventriculares. É por esta razão que a aplicação de técnicas não invasivas e eletrocardiográficas se tornam cada vez mais importantes na avaliação de IRCT, pois permite classificar e estratificar doentes em risco de morte súbita cardíaca devido a arritmias malignas. O objetivo principal desta investigação é avaliar quais os efeitos na eletrofisiologia cardíaca associados à terapia hemodialítica com base na eletrocardiografia e através de várias técnicas não invasivas. Estas vão por um lado, analisar a despolarização e repolarização ventriculares/ auriculares e a sua heterogeneidade das células miocárdicas, e por outro avaliar o funcionamento do sistema nervoso autónomo através da variabilidade da frequência cardíaca e turbulência da frequência cardíaca. Desta forma pretende-se aprofundar qual o risco arrítmico associado á terapia hemodialítica. A amostra em estudo é constituída por 52 doentes que realizam hemodiálise na Unidade de Diálise do Hospital Amato Lusitano da Unidade Local de Saúde de C. Branco, em que 40.4% (n=21) são mulheres e 59.6% (n=31) são homens, sendo a idade média de 67.73 ± 16.749 anos (idade mínima de 26 anos e idade máxima de 92 anos). A todos os indivíduos foram ligados Holter antes da terapia hemodialítica tendo sido desligados após o final da mesma. A variabilidade da frequência cardíaca e a turbulência da frequência cardíaca foram avaliadas e calculadas com base no registo obtido. Para além do Holter também foi realizado um ECG de 12 derivações a cada um dos indivíduos antes e após a terapia hemodialítica, sendo posteriormente medidos e calculados os parâmetros eletrocardiográficos: intervalo QT, intervalo QTc, dispersão do QT, intervalo Tpeak-Tend, intervalo JTend, dispersão do complexo QRS, dispersão da onda P e Índice de Sokolow-Lyon. Verificámos que a arritmia mais prevalente registada no Holter foi a taquicardia supraventricular ocorrida em 40.4% dos indivíduos, seguida da taquicardia ventricular com 11.1%. Apenas 3.8% dos indivíduos apresentaram fibrilhação auricular paroxística durante a terapia hemodialítica. Constatámos que com o decorrer desta ocorre um aumento estatisticamente significativo dos intervalos QT, QTc e dispersão do QT. O intervalo QT médio antes da hemodiálise é de 424.44 ± 42.61 ms, e após este tratamento aumenta para 439.11 ± 45.91 ms, ocorrendo uma diferença média de 14.66 ± 32.58 ms. Antes da terapia hemodialítica o valor do intervalo QTc médio é de 457.44 ± 38.29 ms, aumentando para 489.53 ± 50.85 ms depois de terminada a sessão, correspondendo a uma diferença média de 32.08 ± 50.22 ms. No que diz respeito á dispersão do intervalo QT, a hemodiálise provoca um aumento no mesmo de 8 ± 67.47 ms, ou seja, do valor de 63.5 ± 32.55 ms passa para 79.55 ± 44.41 ms. Não se verificou qualquer relação estatística entre os intervalos QT, QTc e dispersão do QT com a HVE ou a função ventricular esquerda diminuída, verificando-se que o intervalo QT e a dispersão do intervalo QT após a hemodiálise são superiores nos doentes com dilatação ventricular esquerda comparando com os doentes sem dilatação do ventrículo esquerdo, sendo as diferenças médias de 31.53 ms e 30.91 ms respetivamente. O intervalo Tpeak-Tend apresenta um aumento significativo de 107.27 ± 24.81 ms para 124.54 ± 22.76 ms, correspondendo a uma diferença média de 17.27 ± 28.14 ms. Não foram encontradas outras relações estatísticas entre o intervalo Tpeak-Tend e restantes variáveis estudadas. O intervalo JTend, não apresentou qualquer variação significativa com a hemodiálise, verificando-se apenas que nos doentes com hipertrofia ventricular esquerda o intervalo medido após a hemodiálise é menor cerca de 48.56 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á dispersão da onda P e á dispersão do complexo QRS, não foi encontrada qualquer alteração significativa com a terapia hemodialítica. A dispersão do complexo QRS revelou-se superior nos indivíduos sem fatores de risco cerca de 24.39 ms. Em relação á variabilidade da frequência cardíaca, apenas o componente SDNN índex isolado manifestou uma relação estatística com a hipertrofia ventricular esquerda. Na presença desta os doentes apresentam o SDNN índex reduzido em cerca de 13.13 ms, comparando com os doentes sem hipertrofia ventricular esquerda. Relativamente á turbulência da frequência cardíaca, esta investigação demonstrou que nos doentes com dilatação do ventrículo esquerdo, o valor médio de TO3 é de 1.25 ± 1.87 e sem dilatação do VE é de -0.54 ± 2.08. Desta forma, conclui-se que a hemodiálise provoca um aumento real e significativo do intervalo QT, QTc e da dispersão QT, afirmando-se a suscetibilidade e vulnerabilidade às arritmias malignas dos insuficientes renais crónicos sujeitos a este tratamento. Este facto aumenta assim o seu risco de morrer subitamente de causa cardíaca. Outros parâmetros descritos como substratos arrítmicos e estando por isso associados á morte súbita cardíaca, como a turbulência da frequência cardíaca ou a variabilidade da frequência cardíaca não encontraram neste trabalho a confirmação da sua relação com o aumento do risco arrítmico em doentes hemodialisados.
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014-03
2014-01-01T00:00:00Z
2014-01-01T00:00:00Z
2020-02-17T16:53:59Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.26/31416
201493659
url http://hdl.handle.net/10400.26/31416
identifier_str_mv 201493659
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130029487030272