Paisagem como salvação: Modernidade, Grande Guerra e Natureza perdida

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques, Inês Castelhano de Sousa
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/51687
Resumo: Tendo como pano de fundo o evento terrível da Primeira Guerra Mundial, a presente Dissertação procura indagar sobre onde será possível encontrar salvação para os traumas do indivíduo humano, projectado para uma Guerra criada por uma civilização moderna imparável. Nesta investigação irei defender que será a paisagem, como dimensão intermédia, o plano que oferecerá ao soldado, tanto abrigo, como uma profunda reconexão com uma Natureza ôntica, há muito perdida. A difícil noção de “paisagem” há muito é explorada na Filosofia e na Literatura. A originalidade do meu projecto, todavia, − e a investigação sobre a dimensão da paisagem − , reside no seu quadro cultural, social e, sobretudo, ontológico, especialmente quando combinado com o panorama enevoado e de delicado escrutínio que serve de fundo aos anos que albergaram a Primeira Grande Guerra. O indivíduo humano, num tempo e num espaço de matança industrializada e já tão distante da Natureza, viverá o trauma de uma forma, até então, nunca antes vista. A salvação de si próprio, quando tudo o mais cai por terra, residirá afinal no espaço exterior (que se tornará interior) como paisagem, agora reflexo de uma compreensão mais profunda sobre a condição humana. A metodologia que guiará esta investigação dirá respeito a uma constante interdisciplinaridade entre a Filosofia e a Literatura. No âmbito da Filosofia contaremos com o pensamento da paisagem de Joachim Ritter (1963), explorado sobretudo na Primeira Parte desta Tese, e com o qual aprofundarei a ideia de “paisagem como compensação”. A Segunda Parte pauta-se pelo desenvolvimento da proposta da “paisagem como salvação”, que defenderei paralelamente à investigação da filosofia da paisagem de Rosario Assunto (1973). Para esta Segunda Parte, farei uso de duas obras maiores da Literatura do século XX que, implícita e explicitamente, ajudaram a definir e expressar a consciência do indivíduo humano que de perto viveu o fenómeno da Grande Guerra. Jacob’s Room (1922), de Virginia Woolf, e Im Westen nichts Neues (1929), de Erich Maria Remarque, iluminarão de forma especial o problema da paisagem e da Natureza como busca eterna pela unidade, quando a Humanidade desmorona, e onde, em última instância, a salvação residirá em tempos de violência e destruição.
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A originalidade do meu projecto, todavia, − e a investigação sobre a dimensão da paisagem − , reside no seu quadro cultural, social e, sobretudo, ontológico, especialmente quando combinado com o panorama enevoado e de delicado escrutínio que serve de fundo aos anos que albergaram a Primeira Grande Guerra. O indivíduo humano, num tempo e num espaço de matança industrializada e já tão distante da Natureza, viverá o trauma de uma forma, até então, nunca antes vista. A salvação de si próprio, quando tudo o mais cai por terra, residirá afinal no espaço exterior (que se tornará interior) como paisagem, agora reflexo de uma compreensão mais profunda sobre a condição humana. A metodologia que guiará esta investigação dirá respeito a uma constante interdisciplinaridade entre a Filosofia e a Literatura. No âmbito da Filosofia contaremos com o pensamento da paisagem de Joachim Ritter (1963), explorado sobretudo na Primeira Parte desta Tese, e com o qual aprofundarei a ideia de “paisagem como compensação”. A Segunda Parte pauta-se pelo desenvolvimento da proposta da “paisagem como salvação”, que defenderei paralelamente à investigação da filosofia da paisagem de Rosario Assunto (1973). Para esta Segunda Parte, farei uso de duas obras maiores da Literatura do século XX que, implícita e explicitamente, ajudaram a definir e expressar a consciência do indivíduo humano que de perto viveu o fenómeno da Grande Guerra. Jacob’s Room (1922), de Virginia Woolf, e Im Westen nichts Neues (1929), de Erich Maria Remarque, iluminarão de forma especial o problema da paisagem e da Natureza como busca eterna pela unidade, quando a Humanidade desmorona, e onde, em última instância, a salvação residirá em tempos de violência e destruição.With the terrible event of the First World War as the background, this Dissertation seeks where a possible salvation could lie for the traumas of the human individual who was thrown to a War created by an unstoppable modern civilization. Already outside Nature, and outside one-self, this research aims to investigate where this individual could find a redemption, since civilization had failed. Here I will sustain that it is landscape the dimension that gives the soldier’s shelter and a reconnection to an ontological Nature, a long time lost. The difficult notion of "landscape" has long been explored in Philosophy and Literature, but the originality of my project lies in its cultural, sociological and, above all, ontological framework, mainly when combined with the environment that served as a background for the years that included the First World War. The human individual, in a time and space long outside Nature and of industrialized killing, experiences trauma in a way never seen before. Salvation for one self, when everything else fails, will ultimately lie on the outer space as landscape, here made a search for a deeper ontological understanding and belonging of one self, when everything is fragmented. The methodology used to conduct this investigation will be guided by a constant interdisciplinarity between Philosophy and Literature. Philosophy, for example, will rely on the philosophy of landscape of Joachim Ritter (1963), mainly explored in the First Part of this Thesis, and with whom I will explore the idea of “landscape as compensation”. In the Second Part, I will develop my defense of “landscape as salvation” alongside the important theories on landscape of Rosario Assunto (1973). For this Second Part, I will make use of two works of Literature of the XX century that both implicitly and explicitly helped to define and express the consciousness of the human individual that closely lived the phenomenon of the First World War. Virginia Woolf’s Jacob’s Room (1922) and Erich Maria Remarque’s All Quiet on The Western Front (1929) will here give us a new light on the problem of landscape and Nature as an eternal pursuit for oneness when Humanity crashes, and where salvation ultimately resides in times of deep violence and destruction.Serrão, Adriana Conceição Guimarães VeríssimoRepositório da Universidade de LisboaMarques, Inês Castelhano de Sousa2022-03-11T09:37:09Z2021-12-142021-09-152021-12-14T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/51687TID:202855040porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:56:33Zoai:repositorio.ul.pt:10451/51687Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:02:56.579536Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Marques, Inês Castelhano de Sousa
Ritter, Joachim, 1903-1974
Assunto, Rosario, 1915-1994
Woolf, Virginia - 1882-1941. Jacob’s room
Remarque, Erich Maria - 1898-1970. Im Westen nichts Neues
Paisagem
Salvação
Modernidade
Guerra mundial (1914-1918)
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