As Quintas de Recreio com precursoras da agricultura urbana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matos, Rute
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/7986
Resumo: As quintas de recreio constituem um paradoxo cultural, expressão da dialética da natureza e do artifício. Ao longo de toda a história da arquitetura ocidental, distinguem-se das quintas agrícolas, no seu processo construtivo, pelo investimento programático intensivo nos objetivos ideológicos, sempre mais evidente no desenho das quintas de recreio do que em qualquer outro tipo de construção, pois a imagem deste refúgio no campo foca-se, não tanto na acomodação das funções rurais claramente definidas, como na existência de valores que não estão na cidade. A cidade como local de interação social é inevitavelmente mundana e temporal, enquanto o campo, no confronto com as forças brutas imanentes e os sensuais encantamentos da natureza, solicita respostas inspiradas. Também o mesmo repertório dos benefícios da presença do campo na cidade está nelas presente ao longo dos séculos: as vantagens das práticas agrícolas, o bem-estar físico e psíquico conferidos pelo ar puro e pelo exercício físico – particularmente a caça e a descontração dada por atividades como a leitura, o convívio e a contemplação da paisagem onde se integra. A quinta de recreio é a permanência, em espaço urbano, desta necessidade do recreio associado à produção, da utilidade associada ao prazer, que tanto se defende atualmente nas cidades. Acompanham a evolução e as transformações culturais no decorrer dos tempos, pois a sua ideologia de natureza mítica liberta-as de qualquer tipo de restrições mundanas de utilidade e de produtividade, tornando-as ideais para as aspirações criativas. Sendo periféricas são urbanas por fundação, função e vivência.
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