Narrativa protótipo do luto complicado na população portuguesa
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://repositorio.cespu.pt/handle/20.500.11816/57 http://hdl.handle.net/20.500.11816/57 |
Resumo: | A morte de um ente significativo é um acontecimento de vida inevitável na vivência da pessoa, em que esta se adaptará a uma nova vida. Esta “nova vida” não integra fisicamente a pessoa perdida, pois o sobrevivente terá que construir uma relação diferente com o falecido (Neimeyer, 2005). O processo de luto origina na pessoa a vivência de momentos perturbadores (Komaroff, 2006), momentos estes de sofrimento, perda de interesse, inactividade, sentimentos de culpa, de raiva e depressão. Quando estas emoções e sentimentos se tornam perturbadores para a pessoa estamos pois perante um Luto Complicado (Komaroff, 2006). O conceito de Luto Complicado é definido por Horowitz et al. (1993), como extremamente intenso que leva a pessoa a reportar-se para um comportamento desadaptativo ou a uma estagnação do processo de luto, afectando várias actividades e relações interpessoais da pessoa (Shear et al., 2007). Neymeyer, Prigerson & Davies (2002) sistematizaram os vários critérios para a classificação de Luto Complicado. Apesar destas definições, o conceito de Luto Complicado carece de clarificação face ao modo como cada indivíduo constrói este processo. De uma visão narrativa, a incapacidade de lidar com a perda depende da capacidade de reconstrução da realidade pessoal (Neymeyer et al., 2002). O objectivo desta investigação é construir uma narrativa protótipo de pessoas com Luto Complicado. O conceito narrativa protótipo corresponde em termos globais a um conteúdo narrativo com componentes rígidos e inflexíveis da organização do significado da experiência. Com este estudo, pretende-se investigar o modo como estas pessoas vivenciam e organizam narrativamente as suas experiências significativas. Após procedimentos de consentimento informado, foram avaliados 42 adultos em consulta externa de psiquiatria e em diferentes momentos após a perda (com mais de 6 meses), com os seguintes instrumentos: a) um questionário sócio-demográfico, e b) o ICG (Inventory of Complicated Grief) adaptado para a população portuguesa por Bruno Frade (2009). Foram excluídos pessoas com Perturbações Demenciais e com escolaridade inferior ao 6º ano. A partir dos resultados do ICG é possível identificar as pessoas que se encontram em Luto Complicado, aquelas que apresentam uma pontuação acima do ponto de corte. Destes 42 adultos avaliados, somente 14 apresentaram os critérios de inclusão no estudo, tendo-se recolhido 11 narrativas por desistência dos restantes três elementos. A Instituto Superior Ciências da Saúde do Norte iii amostra foi constituída por 10 mulheres e 1 homem (idade média 46,18 e desvio padrão 10,52). Após a identificação das pessoas em Luto Complicado, é realizada uma entrevista estruturada para explorar uma narrativa episódica nos casos sinalizados. Depois de recolher as narrativas efectua-se uma análise de conteúdo através de uma metodologia qualitativa designada de Grounded-analysis (Rennie, Phillips & Quartaro, 1988) que permite construir a narrativa protótipo através de um processo de categorização em 5 fases. Com base nos resultados obtidos foi criada a narrativa protótipo do luto complicado, no qual verificamos que vai de encontro com a revisão literária acerca desta vivência. Também realizamos uma comparação com a narrativa protótipo do luto de modo a identificar as diferenças e semelhanças no processo de organização e construção de significado, e também se comparou com a narrativa protótipo da depressão devido à estreita ligação que apresenta com este fenómeno. Com este estudo realizado, acreditamos que apresenta uma relevância patente tanto ao nível clínico como ao nível da investigação, podendo auxiliar numa melhor caracterização e compreensão do processo de significação e integração da experiência de luto em luto complicado. Este ponto torna-se importante pelo facto de não existir um consenso geral acerca das características e critérios do luto complicado. Por fim, os resultados desta investigação podem servir de base a futuros estudos, pretendendo também ser uma mais-valia para o estudo da significação do luto complicado, através do seu suporte empírico na procura de uma melhor prática clínica em termos de investigação e intervenção clínica. |
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Após a identificação das pessoas em Luto Complicado, é realizada uma entrevista estruturada para explorar uma narrativa episódica nos casos sinalizados. Depois de recolher as narrativas efectua-se uma análise de conteúdo através de uma metodologia qualitativa designada de Grounded-analysis (Rennie, Phillips & Quartaro, 1988) que permite construir a narrativa protótipo através de um processo de categorização em 5 fases. Com base nos resultados obtidos foi criada a narrativa protótipo do luto complicado, no qual verificamos que vai de encontro com a revisão literária acerca desta vivência. Também realizamos uma comparação com a narrativa protótipo do luto de modo a identificar as diferenças e semelhanças no processo de organização e construção de significado, e também se comparou com a narrativa protótipo da depressão devido à estreita ligação que apresenta com este fenómeno. Com este estudo realizado, acreditamos que apresenta uma relevância patente tanto ao nível clínico como ao nível da investigação, podendo auxiliar numa melhor caracterização e compreensão do processo de significação e integração da experiência de luto em luto complicado. Este ponto torna-se importante pelo facto de não existir um consenso geral acerca das características e critérios do luto complicado. 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