Homossexualidade e resistência durante a ditadura portuguesa: estudos de caso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Louro, Raquel Afonso
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/54183
Resumo: Em Portugal, o estudo acerca da não-heterossexualidade tem um início mais vincado a partir da década de 90 do século XX. Os estudos que se iniciam nesta década abordam os mais variados assuntos e as mais diferenciadas pessoas, que compõem a população LGBT em Portugal. Como é sabido, durante o século XX, vários países europeus estiveram sobre alçada de ditaduras fascistas, na qual a homossexualidade era condenada, a nível legislativo, médico, religioso ou a nível social. Neste sentido, em anos recentes começaram a surgir estudos sobre a memória das vítimas homossexuais destes regimes antidemocráticos, como é o caso de Espanha ou Alemanha, por exemplo. Em Portugal, apesar de já se ter iniciado o estudo acerca da homossexualidade na ditadura salazarista, pouco se sabe acerca das lésbicas e dos gays que viveram este período, principalmente a vida das pessoas comuns. Assim, este trabalho de investigação nasceu da tentativa de dar voz a essas pessoas e pretende refletir acerca da homossexualidade durante o período do Estado Novo e de como viviam os homossexuais durante estas décadas. Durante esse período, esta era observada enquanto crime e doença, encarada como antissocial, um desvio da normatividade. Nesta dissertação aborda-se a visão da homossexualidade durante o salazarismo, através dos parâmetros estatais, a partir de três eixos centrais e que fazem o fundo científico do Estado Novo: a diferença de tratamento devido à classe social; o eixo do não-dito, e a visão da sexualidade a partir da referência do masculino. Desenvolve-se ainda a vida quotidiana de gays e lésbicas que viveram clandestinamente a sua sexualidade, analisando-se a opressão social a que estavam sujeitos a partir das suas redes de sociabilização mais próximas, como a família ou os amigos. Compreendendo que a homossexualidade era reprimida, haveria também formas de resistir, de manter estas práticas, veladamente. Assim, pretende-se analisar as formas de resistência quotidiana, que passavam pela dissimulação ou ocultação da homossexualidade mas, também, pela prática clandestina da mesma, em locais que eram identificados pelos homossexuais como lugares de encontro ou de prática sexual. Aborda-se ainda o final da ditadura e o início da democracia, que permite compreender que, apesar do 25 de Abril de 1974 ser um marco importante, não foi aí que a liberdade chegou para a homossexualidade, sendo preciso esperar até à década de 90 para se ver mudanças de maior, apesar das várias tentativas pós-25 de Abril de 1974.
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Em Portugal, apesar de já se ter iniciado o estudo acerca da homossexualidade na ditadura salazarista, pouco se sabe acerca das lésbicas e dos gays que viveram este período, principalmente a vida das pessoas comuns. Assim, este trabalho de investigação nasceu da tentativa de dar voz a essas pessoas e pretende refletir acerca da homossexualidade durante o período do Estado Novo e de como viviam os homossexuais durante estas décadas. Durante esse período, esta era observada enquanto crime e doença, encarada como antissocial, um desvio da normatividade. Nesta dissertação aborda-se a visão da homossexualidade durante o salazarismo, através dos parâmetros estatais, a partir de três eixos centrais e que fazem o fundo científico do Estado Novo: a diferença de tratamento devido à classe social; o eixo do não-dito, e a visão da sexualidade a partir da referência do masculino. Desenvolve-se ainda a vida quotidiana de gays e lésbicas que viveram clandestinamente a sua sexualidade, analisando-se a opressão social a que estavam sujeitos a partir das suas redes de sociabilização mais próximas, como a família ou os amigos. Compreendendo que a homossexualidade era reprimida, haveria também formas de resistir, de manter estas práticas, veladamente. Assim, pretende-se analisar as formas de resistência quotidiana, que passavam pela dissimulação ou ocultação da homossexualidade mas, também, pela prática clandestina da mesma, em locais que eram identificados pelos homossexuais como lugares de encontro ou de prática sexual. Aborda-se ainda o final da ditadura e o início da democracia, que permite compreender que, apesar do 25 de Abril de 1974 ser um marco importante, não foi aí que a liberdade chegou para a homossexualidade, sendo preciso esperar até à década de 90 para se ver mudanças de maior, apesar das várias tentativas pós-25 de Abril de 1974.In Portugal the study of non-heterosexuality was more pronnunced since the 90’s of the 20th century. The studies that begin in this decade approach the most varied subjects and the most differentiated people, who make up the LGBT population in Portugal. As it is known, during the 20th century, several European countries were under the power of fascists dictatorships, in which homosexuality was condemned, at the legislative, medical, religious or social level. In this sense, in recent years studies have begun to emerge about the memory of the homosexual victims of these antidemocratic regimes, as is the case of Spain or Germany, for example. In Portugal, although the study about homosexuality in the Salazarist dictatorship has already begun, little is known about the lesbians and gays who lived through this period, especially the lives of ordinary people. Thus, this research work was born of the attempt to give voice to these people and aiming to reflect on homosexuality during the Estado Novo period and on how homosexuals lived during these decades. During this period, it was considered a crime and a disease, seen as antissocial, a deviation from normativity. This dissertation approaches the vision of homosexuality during the salazarismo, through the state parameters, from three central axes that make the scientific bottom of Estado Novo: the difference of treatment due to the social class; the axis of the unsaid, and the vision of sexuality from the reference of the masculine. It also develops the daily life of gays and lesbians who have lived clandestinely their sexuality, analyzing the social opression to which they were subjeted from their networks of closer social networks, such as family or friends. Realizing that homosexuality was suppressed, there would also be ways to resist, to keep these practices, covertly. Thus, it is intended to analyze the forms of daily resistance, which went trough the concealment of homosexuality, but also the clandestine practice of it, in places that were identified by homosexuals as places of encounter or sexual practice. The end of the dictatorship and the beginning of democracy are also discussed, which allows us to understand that although 25th of April, 1974 was an important milestone, it was not the time that lead to freedom of homosexuality, and it was necessary to wait until de 90’s to see greater changes, in spite of several attemps after April 25th, 1974.RUNLouro, Raquel Afonso2020-11-06T01:30:30Z2018-11-062018-07-202018-11-06T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/54183TID:202023192porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:26:39Zoai:run.unl.pt:10362/54183Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:32:44.121086Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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