O VALOR ECONÓMICO DO CICLOTURISMO: REVISÃO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Catela, David
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Milheiro, Vitor
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25746/ruiips.v7.i2.19295
Resumo: Os mais recentes dados publicados confirmam que o cicloturismo está em crescimento e o seu impacto económico anual ronda os 55 biliões de euros, estando a tornar-se num instrumento de desenvolvimento do território, através da diversificação da oferta turística e proporcionando a criação de novos empregos. Este desenvolvimento tem levado muitos países a estudar o impacto económico deste tipo de turismo (Mercat et al., 2011; Weston et al., 2012; Neun et al., 2016; Flusche, 2012; Rajé et al., 2016). Com o objetivo de ficar a conhecer melhor esta realidade, realizámos uma revisão de estudos onde foram incluídos trabalhos científicos, relatórios estatísticos e artigos de revisão de literatura, publicados a partir de 2008 e usando para a pesquisa através do Google Académico as palavras chave “touring cycling”, “cycling” e “economic impact”. Os dados analisados confirmam um impacto económico anual do cicloturismo na Europa de 44 biliões de euros, com a Alemanha a liderar a lista dos países da Europa com maior número de cicloturistas, com um retorno económico de 2030 milhões de euros (Weston et al. 2012). Em França, o segundo maior destino de cicloturismo da Europa, em 2011 foram criados 16 500 novos empregos (Weston et al., 2012). Num estudo de 2016, o EU Cycling Economy estimou que em termos globais o ciclismo na União Europeia contribui com um benefício económico de 513 biliões de euros (Neun et al., 2016). Mas este fenómeno não é exclusivo da Europa. Nos últimos anos, em vários estados americanos têm sido monitorizados os benefícios económicos do ciclismo e do cicloturismo e observaram e os resultados mostram que os americanos gastam anualmente 67 biliões de euros em despesas diretamente relacionadas com o cicloturismo (OIA, 2017) e a todos os negócios ligados ao ciclismo contribuem anualmente para a economia dos Estados Unidos com cerca de 110 biliões de euros e gera quase 1,1 milhões de empregos (Flusche, 2012). O crescimento do uso da bicicleta também está a ter um enorme impacto na indústria das bicicletas. Graças ao cicloturismo, a indústria da bicicleta na Europa fatura anualmente 5.5 biliões de euros na Europa (Palós et al. 2014) e 4,8 biliões de euros nos Estados unidos (Flusche, 2012). No que se refere ao retorno dos investimentos, vários estudos referem que os investimentos em infraestruturas para a bicicleta são rapidamente amortizados (Zovko, 2013; Weston, 2012). Os dados analisados revelam que o cicloturismo é um setor em crescimento, com um enorme impacto na economia nos países onde as condições para o cicloturismo estão mais desenvolvidas. O cicloturismo tem um maior impacto na economia local do que o turismo convencional, com particular vantagem para as regiões onde o turismo é residual ou inexistente, criando novos postos de trabalho e ajudando a fixar a população local, com investimentos relativamente baixos (Weston, 2012; Mercat, 2009). Portugal, devido à sua geografia, património histórico e cultural e clima ameno, tem um enorme potencial para se tornar um dos principais destinos de cicloturismo da Europa. Mas para isso é necessário fazer alguns investimentos e implementar medidas que tornem o nosso país “bike friendly”, nomeadamente e como é sugerido pelo estudo de Weston et al. (2012), desenvolver uma rede de ciclovias e respetivas infraestruturas de apoio ao cicloturista, melhorar a coordenação e cooperação entre governantes e prestadores de serviços, e aumentar a eficácia da promoção e do marketing.
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spelling O VALOR ECONÓMICO DO CICLOTURISMO: REVISÃOO VALOR ECONÓMICO DO CICLOTURISMO: REVISÃOArtigosOs mais recentes dados publicados confirmam que o cicloturismo está em crescimento e o seu impacto económico anual ronda os 55 biliões de euros, estando a tornar-se num instrumento de desenvolvimento do território, através da diversificação da oferta turística e proporcionando a criação de novos empregos. Este desenvolvimento tem levado muitos países a estudar o impacto económico deste tipo de turismo (Mercat et al., 2011; Weston et al., 2012; Neun et al., 2016; Flusche, 2012; Rajé et al., 2016). Com o objetivo de ficar a conhecer melhor esta realidade, realizámos uma revisão de estudos onde foram incluídos trabalhos científicos, relatórios estatísticos e artigos de revisão de literatura, publicados a partir de 2008 e usando para a pesquisa através do Google Académico as palavras chave “touring cycling”, “cycling” e “economic impact”. Os dados analisados confirmam um impacto económico anual do cicloturismo na Europa de 44 biliões de euros, com a Alemanha a liderar a lista dos países da Europa com maior número de cicloturistas, com um retorno económico de 2030 milhões de euros (Weston et al. 2012). Em França, o segundo maior destino de cicloturismo da Europa, em 2011 foram criados 16 500 novos empregos (Weston et al., 2012). Num estudo de 2016, o EU Cycling Economy estimou que em termos globais o ciclismo na União Europeia contribui com um benefício económico de 513 biliões de euros (Neun et al., 2016). Mas este fenómeno não é exclusivo da Europa. Nos últimos anos, em vários estados americanos têm sido monitorizados os benefícios económicos do ciclismo e do cicloturismo e observaram e os resultados mostram que os americanos gastam anualmente 67 biliões de euros em despesas diretamente relacionadas com o cicloturismo (OIA, 2017) e a todos os negócios ligados ao ciclismo contribuem anualmente para a economia dos Estados Unidos com cerca de 110 biliões de euros e gera quase 1,1 milhões de empregos (Flusche, 2012). O crescimento do uso da bicicleta também está a ter um enorme impacto na indústria das bicicletas. Graças ao cicloturismo, a indústria da bicicleta na Europa fatura anualmente 5.5 biliões de euros na Europa (Palós et al. 2014) e 4,8 biliões de euros nos Estados unidos (Flusche, 2012). No que se refere ao retorno dos investimentos, vários estudos referem que os investimentos em infraestruturas para a bicicleta são rapidamente amortizados (Zovko, 2013; Weston, 2012). Os dados analisados revelam que o cicloturismo é um setor em crescimento, com um enorme impacto na economia nos países onde as condições para o cicloturismo estão mais desenvolvidas. O cicloturismo tem um maior impacto na economia local do que o turismo convencional, com particular vantagem para as regiões onde o turismo é residual ou inexistente, criando novos postos de trabalho e ajudando a fixar a população local, com investimentos relativamente baixos (Weston, 2012; Mercat, 2009). Portugal, devido à sua geografia, património histórico e cultural e clima ameno, tem um enorme potencial para se tornar um dos principais destinos de cicloturismo da Europa. Mas para isso é necessário fazer alguns investimentos e implementar medidas que tornem o nosso país “bike friendly”, nomeadamente e como é sugerido pelo estudo de Weston et al. (2012), desenvolver uma rede de ciclovias e respetivas infraestruturas de apoio ao cicloturista, melhorar a coordenação e cooperação entre governantes e prestadores de serviços, e aumentar a eficácia da promoção e do marketing.The most recent published data confirms that touring cycling is growing and its annual economic impact is around 55 billion euros, becoming a tool for the territory’s development, by diversifying the tourist offer and creating new jobs. This development has led many countries to study the economic impact of this type of tourism (Mercat et al., 2011; Weston et al., 2012; Neun et al., 2016; Flusche, 2012 and Rajé et al., 2016). With the purpose of getting to know this reality better, we carried out a review of studies that included scientific papers, statistical reports and literature review articles published since 2008, using the keywords "touring cycling "," cycling "and" economic impact ". The analyzed data confirm an annual economic impact of 44€ billion cycling in Europe, with Germany leading the list of European countries with the largest number of cyclists, with an economic return of € 2,030 million (Weston et al., 2012). In France, the second largest bicycle tourism destination in Europe, 16 500 new jobs were created in 2011 (Weston et al., 2012). In a 2016 study, the EU Cycling Economy estimated that overall cycling in the European Union contributes an economic benefit of 513 billion euros (Neun et al., 2016). But this phenomenon is not unique to Europe. In recent years, the economic benefits of cycling and touring cycling have been monitored in several US states and the results show that Americans spend € 67 billion annually on expenses directly related to cycling (OIA, 2017) and all businesses annually contribute to the US economy at around 110 billion euros, which generates almost 1.1 million jobs (Flusche, 2012). The growth of bicycle use is also having a huge impact on the bicycle industry. Thanks to cycling, the bicycle industry in Europe annually accounts for 5.5 billion euros in Europe (Palos et al., 2014) and 4.8 billion euros in the United States (Flusche, 2012). Regarding the return on investments, several studies report that investments in bicycle infrastructure are rapidly amortized (Zovko, 2013; Weston, 2012). The analyzed data reveals that touring cycling is a growing sector with a massive impact on the economy in countries where conditions for cycling are more developed. Touring cycling has even greater impact on the local economy than conventional tourism, with particular advantage for regions where tourism is residual or non-existent, creating new jobs and helping to fix the local people with relatively low investments (Weston, 2012). Portugal, due to its geographic, historical, cultural heritage and mild climate, has an enormous potential to become one of the main cycling destinations in Europe. But for this we need to make some investments and implement measures that make our country "bike friendly", namely and as suggested by the study of Weston et al. (2012), to develop a cycle lanes’ network and their infrastructure to support the cyclist, to improve coordination and cooperation between government and service providers, and to increase the effectiveness of promotion and marketing.Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém2020-01-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25746/ruiips.v7.i2.19295por2182-9608Catela, DavidMilheiro, Vitorinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-22T17:11:42Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/19295Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:02:04.900566Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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