O trabalho: punição divina e libertação prometaica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11144/1331 |
Resumo: | E “ganharás o teu pão com o suor do teu rosto até que voltes ao chão de que és feito” (Génese, 3,19). Para as culturas que mantêm a Bíblia, a judaica e a cristã, como narrativa kérygmática arquetipal, fundadora de crença, ou como texto mítico de referência obrigatória, o sentido do trabalho é fácil de definir: ele faz parte do pacote de sanções com que Yahvé, implacável, pune o pecado original — e hereditário — do primeiro homem. Expulso do Éden, onde fora criado para ser apenas o ocioso jardineiro de Deus, Adão e toda sua progenitura vêem-se condenados a trabalhar. O trabalho nasce como castigo e marca da condição humana. “Até que voltes ao chão de que és feito”: sem reforma, nem sequer por invalidez, nem, muito menos, férias pagas. Tudo isso são paliativos modernos, amnistias contratualizadas que amenizam a divina condenação, e que as sociedades foram tolerando como pharmakon nas suas lentas laicizações, que as tornaram mais profanas, ou menos literalistas em matéria de sagradas escrituras. |
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