Saúde em meio livre e em meio prisional: perspetiva dos reclusos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Simões, Otília da Conceição Saraiva
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/11036
Resumo: A saúde do ser humano, por si só, é um direito que não pode ser negado, nem mesmo numa situação extrema de privação de liberdade, como é a de reclusão. No entanto, sabemos que a saúde e a doença são fenómenos sociais, profundamente interligados com a cultura e as condições estruturais da sociedade onde ocorrem. As experiências objetivas e subjetivas de saúde e doença, a sua perceção e avaliação, são resultado de um conjunto de cruzamentos entre as condições sociais em que os indivíduos vivem e as suas biografias particulares. A presente investigação tem como objetivo geral analisar as perceções de saúde, as avaliações sobre o acesso à saúde e sobre a prestação de cuidados de saúde de reclusos, procurando estabelecer uma análise comparativa entre a situação em meio prisional e em meio livre. Relativamente aos objetivos específicos deste trabalho pretende-se clarificar o que é percebido como relevante na área da saúde, enquanto cidadão livre e depois enquanto recluso; compreender como estes sujeitos interpretam os percursos de acesso à saúde e o tipo de tratamento, em meio livre e em meio prisional; compreender em que medida a sua situação de fragilidade e/ou vulnerabilidade influência a necessidade de procurar os serviços de saúde; compreender em que medida o género masculino influência os comportamentos de saúde e a procura de cuidados de saúde. A estratégia metodológica adotada é de tipo qualitativo, com o objetivo de dar voz a este grupo de pessoas (reclusos) que se sentem, e frequentemente são, socialmente excluídos. Como técnica de recolha de dados utiliza-se o focus group. Foram selecionados quatro (4) Estabelecimentos Prisionais, dois no interior e dois no litoral do país, neste último sobressai as substâncias ilícitas, já no interior ressalta o alcoolismo, requerendo intervenções diferenciadas sobre os cuidados de saúde a serem prestados, recebidos e esperados. Este estudo contou com a participação de 37 reclusos. No que concerne às principais conclusões, evidencia-se que os reclusos em meio livre não têm autocuidado na gestão da doença, não priorizam o seu estado de saúde, pelo que também não procuram os profissionais e serviços de saúde. O mesmo já não acontece em meio prisional, que ao restringir o contacto social e familiar faz exacerbar sintomas e estados de ansiedade, que os impelem a procurar cuidados médicos. Os reclusos reconhecem vantagens na acessibilidade aos serviços clínicos intramuros, apontam dificuldades de acesso aos serviços de saúde em meio livre. Por fim são alvitrados por parte dos participantes, considerações para melhorar os serviços de saúde em meio prisional.
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A presente investigação tem como objetivo geral analisar as perceções de saúde, as avaliações sobre o acesso à saúde e sobre a prestação de cuidados de saúde de reclusos, procurando estabelecer uma análise comparativa entre a situação em meio prisional e em meio livre. Relativamente aos objetivos específicos deste trabalho pretende-se clarificar o que é percebido como relevante na área da saúde, enquanto cidadão livre e depois enquanto recluso; compreender como estes sujeitos interpretam os percursos de acesso à saúde e o tipo de tratamento, em meio livre e em meio prisional; compreender em que medida a sua situação de fragilidade e/ou vulnerabilidade influência a necessidade de procurar os serviços de saúde; compreender em que medida o género masculino influência os comportamentos de saúde e a procura de cuidados de saúde. A estratégia metodológica adotada é de tipo qualitativo, com o objetivo de dar voz a este grupo de pessoas (reclusos) que se sentem, e frequentemente são, socialmente excluídos. Como técnica de recolha de dados utiliza-se o focus group. Foram selecionados quatro (4) Estabelecimentos Prisionais, dois no interior e dois no litoral do país, neste último sobressai as substâncias ilícitas, já no interior ressalta o alcoolismo, requerendo intervenções diferenciadas sobre os cuidados de saúde a serem prestados, recebidos e esperados. Este estudo contou com a participação de 37 reclusos. No que concerne às principais conclusões, evidencia-se que os reclusos em meio livre não têm autocuidado na gestão da doença, não priorizam o seu estado de saúde, pelo que também não procuram os profissionais e serviços de saúde. O mesmo já não acontece em meio prisional, que ao restringir o contacto social e familiar faz exacerbar sintomas e estados de ansiedade, que os impelem a procurar cuidados médicos. Os reclusos reconhecem vantagens na acessibilidade aos serviços clínicos intramuros, apontam dificuldades de acesso aos serviços de saúde em meio livre. Por fim são alvitrados por parte dos participantes, considerações para melhorar os serviços de saúde em meio prisional.The health of the human being, in itself, is a right that cannot be denied, even in an extreme situation of deprivation of liberty, such as that of seclusion. However, we know that health and illness are social phenomena, deeply intertwined with the culture and the structural conditions of the society in which they occur. The objective and subjective experiences of health and disease, their perception and evaluation, are the result of a set of crossings between the social conditions in which individuals live and their particular biographies. The present investigation has as general objective to analyze the perceptions of health, the evaluations on the access to health and on the provision of health care of prisoners, trying to establish a comparative analysis between the situation in prison and in free environment. Regarding the specific objectives of this work, it is intended to clarify what is perceived as relevant in the area of health, as a free citizen and then as a prisoner; understand how these subjects interpret the access routes to health and the type of treatment, in a free environment and in a prison environment; understand to what extent their situation of fragility and / or vulnerability influences the need to seek health services; understand to what extent the male gender influences health behaviours and the demand for health care. The adopted methodological strategy is of a qualitative type, with the purpose of giving voice to this group of people (prisoners) who feel, and are often, socially excluded. As a data collection technique, the focus group is used. Four (4) prison establishments were selected, two in the interior and two on the coast of the country, in the latter the illegal substances stand out, while in the interior alcoholism stands out, requiring different interventions on the health care to be provided, received and expected. This study was attended by 37 prisoners. Regarding the main conclusions, it is evident that prisoners in free environments have not self-care in the management of the disease, they do not prioritize their health status, so they also do not seek health professionals and services. The same is no longer the case in prisons, which, by restricting social and family contact, exacerbate symptoms and states of anxiety, which impel them to seek medical care. Prisoners recognize advantages in accessing intramural clinical services, pointing out difficulties in accessing health services in free environments. Finally, considerations are made on the part of participants to improve health services in prison.Augusto, Amélia Maria CavacauBibliorumSimões, Otília da Conceição Saraiva2021-01-18T14:26:19Z2020-10-292020-09-212020-10-29T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/11036TID:202578364porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:53:09Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11036Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:50:54.241338Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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