As narrativas biográficas: oralidade e intersubjectividade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10437/7294 |
Resumo: | A questão da intersubjetividade tem vindo a ser abordada na teoria do conhecimento com uma proposta de superação da relação do sujeito (aquele que formula os problemas) com o seu objeto de conhecimento (formulação de problemas sobre os quais são aplicados os métodos de observação e medição). Esta crítica ao paradigma racional, que tem vindo a ser feito entre outros pela escola de Frankfurt, de onde salientam os trabalhos de Jürgen Habermas (1990) Axel Honneth (2011) e ente nós pelos trabalhos de Boaventura Sousa Santos (1987). Entre outras questões a teoria crítica fundamenta uma proposta de reformulação dos modos de objetivação do real a partir da intersubjetividade. Propomo-nos neste trabalho a efetuar uma análise sobre a intersubjetividade na museologia a partir duma postura de investigação-ação através do recurso das narrativas biográficas. No paradigma da ciência social moderna as categorias de espaço e tempo surgem como formulações absolutas (SANTOS, 1987). Invariáveis a partir das quais se efetuam a construção de narrativas lineares sobre os espaços e as comunidades. A crítica de construção destas categorias como fenómenos processuais, interelacionais e reflexivos (HABERMAS, 1990) tem vindo a concluir que uma narrativa não pode aspirar a constituir-se mais do que uma entre outras narrativas possíveis. A possibilidade de narrativa emerge assim não pelo seu caráter universal e único, mas pela sua relação com as forças sociais que em determinadas conjunturas a tornam dominantes. A critica destas narrativas implica equacionar a sua expressão como possibilidade narrativa. A visão critica sobre as narrativas como fenómenos que resultam dum processo social interrelacional evidencia, na museologia, a necessidade de equacionar o sujeito que produz o discurso. Ora, neste ponto de vista, uma narrativa museológica, como processo de conhecimento construído a partir do sujeito museólogo, é um processo que resulta mais próprio conhecimento prévio do sujeito como que construindo um efeito de imagem refletida num espelho. A narrativa museológica moderna é portanto um conhecimento que se reflete a si mesmo. Ora a construção deste conhecimento reflexivo, a partir do qual se reconstroem as narrativas, é também criticado a partir do seu efeito processual. Isto é, ao projetarmos no mundo uma interrogação que nos é devolvida como resposta (quando construímos um problema já construímos, intuitivamente, a resposta para esses problemas (Ver JESUINO,2000 Processos Cognitivos), também estamos ao mesmo tempo a predeterminar a essa narrativa construindo os seus próprios limites de possibilidade, a partir da sua formulação. A comunicação não é neutra e não existe sem desencadear uma multiplicidade de efeitos a partir da qual se geram novos campos de tensão. O reconhecimento deste princípio da incerteza nas narrativas (do sujeito sobre o objeto),pelo efeito de reflexo e pelo efeito processual, induz uma consciência sobre as narrativas museológicas como campos de possibilidades contínuas. |
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