Microbiological Quality of Water from Lis Valley Rice Ecosystems

• Autor(a) principal: Almeida, Francisca Cardoso Osório
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: eng
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/42906
• topic: Rice Crop; Lis Valley; Fecal Coliforms; Fecal Enterococci; Ampicillin-Resistant Enterobacteriaceae

A cultura do arroz tem um importante valor económico e social em Portugal, numa área total de cerca de 30 mil ha. Os agroecossistemas orizícolas são peculiares, desenvolvem-se em terrenos baixos, planos e aluvionares, na proximidade da costa, com uma natural dificuldade de drenagem e influência da salinidade, com o cultivo em canteiros regados por submersão contínua, num equilíbrio muito sensível. Os sistemas orizícolas desempenham um valioso papel ambiental, em harmonia com a produção de um alimento humano de reconhecida qualidade, num contributo significativo para a soberania alimentar nacional. Os principais constrangimentos atuais da rega do arroz prendem-se com a escassez de água, questões com uma dimensão mundial, sendo a poupança de água um tema muito estudado, com diversas soluções alternativas já implementadas na realidade de vários países. Este estudo teve como objetivo analisar a qualidade microbiológica da água e do solo no cultivo de arroz no Vale do Lis em sistemas de rega por submersão contínua e intermitente em canteiros de nível, e na rega por gotejamento num talhão de ensaio, para avaliar os respetivos impactos nos recursos hídricos, visando contribuir para o estabelecimento de boas práticas agrícolas e de saúde pública e ambiental no uso da água e do solo naqueles agroecossistemas. Na metodologia experimental foram selecionados os bioindicadores microbiológicos clássicos de contaminação fecal (coliformes totais, coliformes fecais e enterecocos fecais), bem como uma análise de resistência a antibióticos (enumeração de Enterobacteriaceae resistentes à ampicilina, caracterização fenotípica de bactérias resistentes isoladas e deteção molecular de seus genes de resistência a antibióticos. Os resultados dos bioindicadores clássicos nos sistemas de alagamento apontam para um impacte ambiental positivo, pois a água drenada tem melhor qualidade do que a água utilizada na rega. Por outro lado, estes arrozais apresentam indícios de poluição por fauna selvagem, o que reforça o serviço ambiental desempenhado por esses agroecossistemas, pois fornecem habitat e alimento para diversas espécies deste tipo. Em relação à análise de resistência aos antibióticos, os resultados indicam que a enumeração de Enterobacteriaceae resistentes à ampicilina permanece idêntica ou aumenta nas saídas de água, em comparação com as entradas, que os fenótipos de resistência a antibióticos testados estão amplamente disseminados nesses agroecossistemas e também são altamente prevalentes em amostras colhidas tanto nas entradas quanto nas saídas, com alta percentagem de isolados multirresistentes, e que a identificação de genes tet e sul revelou a prevalência de tetA, tetL, tetM e sul2. Como conclusão, em relação aos bioindicadores fecais, os sistemas de produção de arroz por alagamento têm um efeito depurador significativo na qualidade da água, contribuindo para a melhoria da qualidade da água de drenagem da rede coletiva. No entanto, a análise de resistência a antibióticos revelou que a saúde do agricultor e os ecossistemas de arroz podem estar ameaçados, pois esses ambientes atuam como um hotspot para a disseminação de determinantes genéticos de antibióticos. Propõe-se que os planos de gestão da água no aproveitamento hidroagrícola incluam a monitorização da qualidade da água de rega, com uma frequência de amostragem de acordo com as fontes de poluição, para estabelecer cuidados especiais de higiene e segurança.