Esperança? Confiamos que sim

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BAD, Cadernos
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.48798/cadernosbad.1128
Resumo: Inegávelmente: nestes últimos meses o País tem vivido, no campo da Educação, um surto de reformas extraordinário. Marcelo Caetano, Presidente do Conselho de Ministros, e José Hermano Saraiva, ministro da Educação Nacional, apresentaram uma série de diplomas que mostra bem como o problema do Ensino está a assumir, no momento presente, as proporções de verdadeiro problema fundamental da Nação.Ainda bem que se está a olhar com tanta atenção para um ramo que não havia merecido o necessário cuidado e demorado reparo.Ora para que algumas dessas reformas possam atingir os seus alvos, foi necessário resolver a situação material dos seus agentes, pois tal é questão basilar. Assim, foram revistos os vencimentos dos professores primários e secundários, o que é motivo para augurar bom resultado a grande parte dos cometimentos iniciados.Por outro lado, os' bibliotecários e arquivistas estão confiantes em que a hora de justiça para eles também esteja a soar muito em breve. Nem faria sentido que assim não fosse. Porquê? Porque doutro modo assistir-se-ia a esta tremenda desigualdade: qualquer novel professor do ensino secundário, mal saído dos bancos da Universidade, logo passa a auferir tanto como um primeiro-conservador que só pode ascender a tal posto ao cabo e ao fim de um bom e dilatado par de anos... Pensemos ainda que um terceiro-bibliotecário ganha 3120$00 - (2600$00 mais 20 % de subsídio eventual) - ele, um diplomado com um curso superior e ainda possuidor de um outro curso de especialização post-universitário! Poucos se poderão orgulhar de ostentarem tais títulos, mas também ninguém mais, no quadro do foncionalismo nacional com cursos universitários, se gabará de ganhar tão pouco... Triste glória! ... Acontece mais ainda esta coisa terrível e dolorosa: muitos dos nossos colegas, por ganharem tão pouco, sentem vergonha de dizer qual o seu vencimento hoje em dia!Como se sabe, um dos valores que mais pesam na consideração social de uma profissão é também o da sua remuneração. Assim, quanto mais baixa esta for, tanto menos apreço haverá pelos seus serventuários. Ora a nossa é das piores no capítulo de ordenados. Portanto das mais desprezíveis no conjunto social... Sentimo-nos envergonhados como a própria pobreza envergonhada, que é a mais dramática das pobrezas ...Mas realmente que esperamos? Que chegue, em breve, a nossa hora de justiça e reparação. Que os poderes públicos, agora volvidos de vez para o vasto e complexo problema da Educação, atentem bem de frente nas questões que atormentam os bibliotecários e arquivistas, e lhas resolvam. Logo de seguida se deve pensar noutra coisa: que se crie um vasto plano nacional, de molde a que as bibliotecas e arquivos passem a desempenhar na Vida Portuguesa o papel que nunca lhes foi dado devido unicamente à incompreensão daqueles que mais proveito devem obter da nossa colaboração, que é cívica, que é técnica, que é altamente rentável para a vida económica - exacto: económica! - e vida intelectual e científica da Nação.Queremos, mas damos! Que se saiba aproveitar da nossa capacidade - e todos ganharão.
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