BITCOIN: As inconsistências do Modelo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guilherme Canedo Correia
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/20027
Resumo: A tecnologia Bitcoin, desenvolvida no final da década passada, em plena crise financeira, pretendeu ser, desde a origem, uma alternativa ao sistema financeiro vigente. Para Nakamoto, o criador do Bitcoin, o principal problema deste sistema reside no facto de ser necessária a presença de intermediários de confiança (v.g., instituições financeiras), para que as pessoas possam realizar transações financeiras. Esta configuração trilateral, paradigmática das transacções financeiras, leva a um aumento dos custos de transacção (desde logo, pela presença de uma terceira parte) mas também à necessidade de partilhar informação sobre as partes envolvidas (o que faz perigar a privacidade das pessoas). Nakamoto apresenta, então, em 2008, um sistema de pagamentos online alternativo, baseado em código criptográfico e informático, mediante o qual seria possível (no seu entendimento) substituir os intermediários de confiança por uma confiança no código matemático. Por outro lado, e posto que as transações realizadas neste sistema alternativo são denominadas numa unidade própria, o Bitcoin, o sistema assume uma natureza dual: é simultaneamente um sistema de pagamentos, de troca, e uma moeda digital. Com a presente dissertação pretendemos, por um lado, fazer uma revisão da literatura existente sobre o Bitcoin, e com isso perceber o estado da arte. Por outro lado, pretendemos também confrontar os objectivos que orientaram Nakamoto, no desenho do protocolo, com as evidências sobre o seu funcionamento. Resumidamente, Nakamoto pretendeu desenvolver um sistema que fosse descentralizado, e acessível a qualquer pessoa: disso fez depender, inclusivamente, a segurança do próprio sistema. Não obstante, a arquitectura do sistema, a sua complexidade para o homem médio e as dinâmicas próprias do capitalismo parecem estimular a centralização. Com base na revisão de bibliografia realizada concluímos que existem vários níveis de centralização no sistema. Ademais, ao escrever o protocolo do Bitcoin, Nakamoto introduziu um limite de emissão monetária, que será atingido em 2140, num total de 21 milhões de Bitcoins. Esta natureza deflacionária, da própria moeda, leva muitas pessoas a comprar Bitcoins como um investimento financeiro, aguardando a sua futura valorização. Ou seja, da já reduzida oferta monetária, uma grande parte não é utilizada para realizar transacções, resultando num mercado pouco líquido, e numa hipervalorização do Bitcoin (por confronto com outras moedas).
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