A arte como desenvolvimento espiritual: a linguagem abstrata de Rui Chafes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/13748 |
Resumo: | Hoje, a arte parece efémera, um pouco como a esperança. O diferente, o provocatório, o feio acomodaram o nosso quotidiano, o nosso olhar e o nosso coração. Aceitar e acolher, alargar as fronteiras, questionar valores e princípios tornaram-se fecundos caminhos de abertura à pluralidade e à riqueza da existência humana. Embora possam também convir a formas de banalização da verdade. No entanto, o espanto e a esperança são as sementes da vida e da arte; são sementes de diálogo na relacional condição humana. Este artigo reflete sobre o insubstituível papel da arte e dos artistas na sociedade e na cultura atual, tal como o foi em épocas passadas. Para isso, recorremos a textos e obras plásticas de três artistas renascentistas e modernos. Selecionámos trabalhos de Francisco de Holanda, de Amadeo de Sousa Cardozo e de Rui Chafes, por inúmeras razões: embora 500 anos medeiem a vida destes homens, todos são artistas independentes e indomáveis, de fortes convicções e valores (éticos e estéticos); trilham caminhos inovadores e autênticos; as suas obras são resultado de uma elaborada reflexão teórica, que enunciam; vivem fortes tempos de mudança, que os obrigam a acelerar processos de maturação interior e a ensaiar novas formas de linguagem e de estética. Social e culturalmente, não têm grande reconhecimento no seu país; vivem nas periferias do aceitável e da rebeldia, sem se proclamarem vedetas da diferença. Mas as suas obras foram escolhidas sobretudo porque são profundas, densas e misteriosas, poeticamente libertadoras. Trata-se de criações não realistas, abstratas, de limites indefinidos, que captam o âmago da totalidade: a vida, a morte e o para além. Mergulham nos abismos do tempo, da destruição, e do mal. Não escondem a precaridade da beleza, a carência de luz e de cor, a fragmentação da matéria e do espaço, em que, por vezes, o negro tudo absorve. Tornam-se criações eternas, pois a sua mensagem toca-nos, interpela-nos e obriga à reflexão e à ação, hoje como há 500 anos. São obras que nos enfrentam (pela sua força, autenticidade expressiva e inquietação), que nos fortalecem e impedem de recuar, humana e culturalmente, perante o banal estabelecido. São obras que fazem romper com os nossos horizontes, são obras que sondam o insondável: «Vejo um ramo de amendoeira» (Jeremias 1, 11). Revelam a verdade da arte, a eternidade da criação. |
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Para isso, recorremos a textos e obras plásticas de três artistas renascentistas e modernos. Selecionámos trabalhos de Francisco de Holanda, de Amadeo de Sousa Cardozo e de Rui Chafes, por inúmeras razões: embora 500 anos medeiem a vida destes homens, todos são artistas independentes e indomáveis, de fortes convicções e valores (éticos e estéticos); trilham caminhos inovadores e autênticos; as suas obras são resultado de uma elaborada reflexão teórica, que enunciam; vivem fortes tempos de mudança, que os obrigam a acelerar processos de maturação interior e a ensaiar novas formas de linguagem e de estética. Social e culturalmente, não têm grande reconhecimento no seu país; vivem nas periferias do aceitável e da rebeldia, sem se proclamarem vedetas da diferença. Mas as suas obras foram escolhidas sobretudo porque são profundas, densas e misteriosas, poeticamente libertadoras. Trata-se de criações não realistas, abstratas, de limites indefinidos, que captam o âmago da totalidade: a vida, a morte e o para além. Mergulham nos abismos do tempo, da destruição, e do mal. Não escondem a precaridade da beleza, a carência de luz e de cor, a fragmentação da matéria e do espaço, em que, por vezes, o negro tudo absorve. Tornam-se criações eternas, pois a sua mensagem toca-nos, interpela-nos e obriga à reflexão e à ação, hoje como há 500 anos. São obras que nos enfrentam (pela sua força, autenticidade expressiva e inquietação), que nos fortalecem e impedem de recuar, humana e culturalmente, perante o banal estabelecido. São obras que fazem romper com os nossos horizontes, são obras que sondam o insondável: «Vejo um ramo de amendoeira» (Jeremias 1, 11). Revelam a verdade da arte, a eternidade da criação.The paper aims to examine the transformative role of art and artists, today and in the future.We have chosen as a starting point the work of a remarkable Portuguese sculptor at the leading edge: Rui Chafes, a challenger of new aesthetic paths. Chafes is a conceptual sculptor of iron and fire who seeks and aspires to abstractionism, as a novel language and a novel vision of the world. The artist thinks his work deeply, regularly publishing texts about his work and its connections with art, beauty and life.From his imaginary artistic biography, Between Heaven and Earth, a bit like Vasari’s. The Lives, we will begin by presenting the sculptor’s aesthetic and plastic universe. Then we will consider the way his unique identity path turns out to be inspiring and fulfilling.This imaginary character, born in Germany in the 13th century, absorbed the spiritual medieval gothic shapes and the sense of nature, the sublime and the absolute spirit, peculiar to German Romanticism. From his long experience we highlight learning the value of life, and the love for here and now, both rooted in a density of experiences and memories; memories, places and times which interact and dialogue with his sculptures — works which cralise the spaces they inhabit as if they had always been part of them. For Rui Chafes the future of humankind depends on our ability to incorporate memory and the past into the present, and in this sense his project is a very original and promising alliance between tradition and modernity.Esta publicação foi financiada por Fundos Nacionais através da FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Projeto UIDB/00077/2020.Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta (CEG/UAb) | Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes (IECCPMA) | Associação Internacional de Estudos Ibero-Eslavos (CompaRes)Repositório AbertoAmado, Maria2023-05-11T15:40:54Z20212021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/13748porAmado, Maria - A arte como desenvolvimento espiritual: a linguagem abstrata de Rui Chafes. "e-LCV" [Em linha]. ISSN 2184-4097. Nº 6 (jan.-junho de 2021), p. 101-116https://doi.org/10.53943/ELCV.01212184-4097info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-17T01:48:48Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/13748Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:52:43.700961Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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