Impacto da Covid-19 na incidência de hospitalizações por lesões autoinfligidas em Portugal: análise de séries temporais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/40629 |
Resumo: | A saúde mental é uma das componentes fundamentais do bem-estar emocional, psicológico e social, no entanto, ao longo da vida, todas as pessoas vão experienciar momentos que podem proteger ou fragilizar a sua saúde mental. Com o início da pandemia COVID-19, a realidade até então conhecida mudou para muitas pessoas. A pandemia e o confinamento implementado para conter a propagação do vírus provocaram a falta de convivência com familiares e amigos, insegurança, ansiedade, medo de contrair a infeção, problemas económicos decorrentes da pandemia. Todos estes fatores e outros podem aumentar os riscos para a saúde mental e consequentemente para lesões autoinfligidas e até suicídio. Esta dissertação teve como principal objetivo avaliar o impacto de 19 meses de COVID-19, desde março de 2020 a setembro de 2021, na incidência mensal de hospitalizações por lesões autoinfligidas em Portugal quando comparado com o período de 32 meses pré-pandémicos, desde julho de 2017 a fevereiro de 2020. Foram utilizados dados mensais de hospitalizações causadas por lesões autoinfligidas em hospitais públicos de Portugal entre julho de 2017 e setembro de 2021. Para a comparação das tendências nos dois períodos foi aplicada uma análise de séries temporais interrompidas cuja intervenção considerada foi o mês de março de 2020 em que houve o primeiro caso de COVID-19 registado em Portugal. A análise foi realizada para a população geral e para a população estratificada por sexo, grupo etário e região de saúde. Foram observadas 14 544 hospitalizações por lesões autoinfligidas em hospitais públicos portugueses. A taxa média mensal de hospitalizações por lesões no período total em análise foi de 2.76, no período pré-pandémico de 2.93 e no período pandémico de 2.49 hospitalizações por 100 000 habitantes. A pandemia COVID-19 provocou uma diminuição imediata de 32.5% no número de hospitalizações (IRR: 0.675; IC 95% [0.608; 0.749]). Nas análises estratificadas os resultados foram, em quase todas as populações, semelhantes ao global, com algumas variações. Após uma redução de nível no momento do confinamento de março de 2020, observou-se um aumento no número de hospitalizações por lesões autoinfligidas durante o período pandémico (2.2% mensalmente) com possível retorno aos valores pré pandémicos. Os nossos resultados indicam que a pandemia COVID-19 teve um impacto significativo nas hospitalizações por lesões autoinfligidas. Assim, num evento semelhante futuro, independentemente do que possa estar a acontecer, não devemos deixar a saúde mental de lado. |
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Esta dissertação teve como principal objetivo avaliar o impacto de 19 meses de COVID-19, desde março de 2020 a setembro de 2021, na incidência mensal de hospitalizações por lesões autoinfligidas em Portugal quando comparado com o período de 32 meses pré-pandémicos, desde julho de 2017 a fevereiro de 2020. Foram utilizados dados mensais de hospitalizações causadas por lesões autoinfligidas em hospitais públicos de Portugal entre julho de 2017 e setembro de 2021. Para a comparação das tendências nos dois períodos foi aplicada uma análise de séries temporais interrompidas cuja intervenção considerada foi o mês de março de 2020 em que houve o primeiro caso de COVID-19 registado em Portugal. A análise foi realizada para a população geral e para a população estratificada por sexo, grupo etário e região de saúde. Foram observadas 14 544 hospitalizações por lesões autoinfligidas em hospitais públicos portugueses. A taxa média mensal de hospitalizações por lesões no período total em análise foi de 2.76, no período pré-pandémico de 2.93 e no período pandémico de 2.49 hospitalizações por 100 000 habitantes. A pandemia COVID-19 provocou uma diminuição imediata de 32.5% no número de hospitalizações (IRR: 0.675; IC 95% [0.608; 0.749]). Nas análises estratificadas os resultados foram, em quase todas as populações, semelhantes ao global, com algumas variações. Após uma redução de nível no momento do confinamento de março de 2020, observou-se um aumento no número de hospitalizações por lesões autoinfligidas durante o período pandémico (2.2% mensalmente) com possível retorno aos valores pré pandémicos. Os nossos resultados indicam que a pandemia COVID-19 teve um impacto significativo nas hospitalizações por lesões autoinfligidas. Assim, num evento semelhante futuro, independentemente do que possa estar a acontecer, não devemos deixar a saúde mental de lado.Mental health is one of the fundamental components of emotional, psychological, and social well-being, yet throughout life, everyone will experience moments that can protect or undermine their mental health. With the onset of the COVID-19 pandemic, the known reality changed for many people. The pandemic and the lockdown implemented to contain the spread of the virus caused a lack of contact with family and friends, insecurity, anxiety, fear of contracting the virus, and economic problems arising from the pandemic. All these factors and others can increase the risks for mental health and consequently for self-inflicted injuries and even suicide. This dissertation aimed to assess the impact of 19 months of COVID-19, from March 2020 to September 2021, on the monthly incidence of hospitalisations due to self-harm in Portugal when compared to the pre-pandemic 32-month period, from July 2017 to February 2020. Monthly data on hospitalisations caused by self-harm in public hospitals in Portugal between July 2017 and September 2021 were used. For the comparison of trends in the two periods, an interrupted time series analysis was applied whose intervention considered was the month of March 2020 in which there was the first case of COVID-19 recorded in Portugal. This analysis was performed for the general population and for the population stratified by gender, age group and health region. A total of 14 544 hospitalisations due to self-harm were observed in Portuguese public hospitals. The mean monthly rate of hospitalisations for injuries in the total period under analysis was 2.76, in the pre-pandemic period 2.93 and in the pandemic period 2.49 hospitalisations per 100 000 inhabitants. Pandemic COVID-19 caused an immediate 32.5% decrease in the number of hospitalisations (IRR: 0.675; 95% CI [0.608; 0.749]). In stratified analyses the results were, in almost all populations, similar to the overall one, with some variations. After a level reduction at the time of the March 2020 confinement, an increase in the number of hospitalisations due to self-harm was observed during the pandemic period (2.2% monthly) with a possible return to pre-pandemic values. Our results indicate that the COVID-19 pandemic had a significant impact on hospitalisations due to self-harm. Thus, in a similar future event, regardless of what may be happening, we should not leave mental health aside.2024-02-09T14:10:43Z2023-06-30T00:00:00Z2023-06-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/40629porCardoso, Catarina Silvainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-05-06T04:52:27Zoai:ria.ua.pt:10773/40629Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-05-06T04:52:27Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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