A modelação dinâmico-espacial na gestão do Parque Natural da Madeira: qual a relação da comunidade de passeriformes comuns com a qualidade ecológica dos habitats nativos?

• Autor(a) principal: Gonçalves, Adriana José Abreu
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/7662
• topic: Passeriformes; Parque natural; Ilha da Madeira (Portugal); Conservação; Modelação dinâmico-espacial; Espécies exóticas

As ilhas oceânicas têm cativado o interesse de biólogos evolucionistas e ecólogos por serem entidades territoriais confinadas mas, em regra, com elevada biodiversidade, funcionando como modelos ideais para o estudo de processos evolutivos e de alteração ambiental. As ilhas são normalmente caracterizadas por um número significativo de espécies endémicas, que surgem por processos de especiação em contextos de isolamento (ecótipos ou neo-endemismos), bem como por habitats/ecossistemas únicos. Nesta perspectiva, a conservação e gestão destes valores ecológicos é crucial para garantir a sua viabilidade e sustentabilidade face às pressões antropogénicas a que estão sujeitos. Na Madeira, este desígnio conservacionista tem sido desenvolvido no seu Parque Natural. No presente trabalho pretende-se demonstrar a aplicabilidade de um protocolo de modelação dinâmico-espacial na previsão de tendências ecológicas relevantes para avaliar o estado de conservação de habitats nativos. A metodologia estocástico-dinâmica (StDM) foi a abordagem seleccionada em virtude de permitir estudar localmente o modo como indicadores ecológicos relevantes, expressos ao nível das comunidades, respondem às alterações do meio envolvente. O principal objetivo deste trabalho consistiu na selecção de indicadores que permitam avaliar qualidade ecológica dos habitats nativos em contraposição com os habitats moldados pela actividade humana, como as áreas periurbanas e agro-florestais. Para este efeito foram selecionados atributos das comunidades de passeriformes comuns (riqueza específica e abundância) como indicadores da presença de habitats humanizados, muito marcados pela presença de espécies exóticas, potenciais ameaças para a integridade dos habitats nativos. Em termos demonstrativos foram considerados dois cenários contrastantes: (1) o cenário de continuidade, tendo em conta o histórico das alterações em curso no território da Madeira, que têm gerado o aumento das espécies exóticas e da sua dispersão; (2) o cenário de gestão dos habitats nativos, com a implementação mais generalizada de medidas de conservação e de controlo de exóticas. Em termos comparativos, não obstante a degradação implícita no cenário de continuidade (especialmente induzida pela proliferação de espécies exóticas), os passeriformes revelaram-se bons indicadores da prevalência das características associadas a ecossistemas humanizados, com abundâncias relativas mais elevadas nesses contextos. Quando a gestão é simulada de forma a minimizar os efeitos associados às práticas humanas e/ou das suas consequências sobre os ecossistemas nativos (cenário de gestão), onde se privilegiou a manutenção dos habitats nativos e o controlo da expansão de espécies exóticas, as comunidades de passeriformes típicas dos sistemas humanizados reflectem essas tendências diminuindo a sua abundância relativa (embora sem reflexos na riqueza específica) nos ecossistemas/habitats alvo dessas medidas de conservação.