Praças de touros no Alentejo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/17889 |
Resumo: | (Introdução) 'A Festa Taurina é, sem dúvida, um dos mais curiosos e interessantes documentos etnográficos, genuinamente Hispano-Lusa...' Se a tourada é segundo o artista, jornalista e crítico tauromáquico Antonio Martin Maqueda, um interessante documento etnográfico, que nos caracteriza como povo Ibérico, poder-se-á afirmar que a praça de touros é um ícone arquitectónico não só da festa taurina, bem como da cultura arquitectónica Ibérica. Apesar da importância histórica e cultural destes equipamentos em território nacional, os tauródromos nunca despertaram interesse suficiente no melo arquitectónico português, pelo que não se conhecem estudos aprofundados sobre estes espaços. A maioria dos trabalhos e artigos sobre praças de touros apenas abordam superficialmente o tema, centrando-se em aspectos históricos, por vezes apontando algum aspecto estético ou formal do edifício, mas quase sempre fora do âmbito da arquitectura. Este trabalho procura alertar a comunidade para a importância que as praças de touros desempenham no panorama cultural e social do país, mais especificamente na região do Alentejo, tendo em conta a fragilidade que actualmente existe no que toca à sua preservação. Apesar do recente aumento a nível nacional do número de espectáculos bem como de transmissões televisivas, impulsionado pela construção dos novos multiusos, o número de corridas anuais nas restantes praças de touros do país não se alterou significativamente. Estes novos espaços encontram-se dotados de infraestruturas que permitem um maior conforto e realização de eventos que não estejam necessariamente relacionados com o mundo Tauromáquico, independentemente das condições meteorológicas e época do ano. Esta necessidade de plurifuncionalidade do espaço, aliada ao próprio projecto de reconversão de alguns destes novos tauródromos acabou por desvirtua-los, adulterando-lhes o espaço, a memória, a estética e a função. Estas novas arenas têm um grande poder centralizador, absorvendo grande percentagem dos espectáculos, ao mesmo tempo que servem de elemento charneira entre o mundo tauromáquico e os restantes espectáculos, levando público às praças de touros que dificilmente entraria nestes recintos para assistir a uma tourada. É esta rentabilização do espaço que actualmente nos aponta 0 futuro destes edifícios. Actualmente pode-se conjecturar sobre o futuro da `Festa Brava'. Por maior apreço que exista da parte da população pelo espectáculo, não podemos esquecer que existe actualmente uma variedade de opções no campo do entretenimento que gradualmente lhe vieram tirar o protagonismo de outros tempos. Não obstante, existem também as condicionantes sociais do nosso país. A entrada para a União Europeia veio uniformizar as políticas dentro dos seus estados membros. Este facto, aliado à controvérsia que a tourada levanta entre os movimentos protectores dos direitos dos animais seja em território ibérico, seja no resto da Europa, indica-nos que a médio-longo prazo este espectáculo seja condicionado/alterado por força do poder central europeu ou ate mesmo do próprio governo português, como aconteceu recentemente ao proibir o uso de animais selvagens nos circos portugueses. Se o gosto pela tauromaquia se desvanecer, quer pelas alterações das preferências do público, quer por influência do poder do Estado ou da União Europeia, apenas os tauródromos que se adaptaram às novas exigências do público, neste caso os novos multiusos, poderão reunir condições para continuar, apagando assim os traços de uma cultura que nos marcou durante séculos. Actualmente os tauródromos tradicionais apresentam também uma série de problemas que se centram em redor da sua gestão e manutenção. A maioria destes espaços apenas é utilizada por regra, duas a três vezes por ano. Esta situação não deixa grande margem de manobra às entidades responsáveis, que muitas das vezes não reúnem fundos suficientes para a sua manutenção, acabando muitos deles por ficar ao abandono, tal como aconteceu no caso de Redondo em que foi necessária a intervenção da Câmara Municipal para a remodelação e reconversão do recinto. Após uma recolha e análise preliminar de dados sobre a localização das actuais praças de touros em território Ibérico, constatou-se que o Alentejo apresenta uma das maiores concentrações de tauródromos, quer por habitante, quer por km. Esta realidade tornou-se ainda mais notória devido ao encerramento de alguns destes recintos ao longo do século XX em território nacional, e o aparecimento de muitos outros, especialmente nesta região de Portugal. |
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Este trabalho procura alertar a comunidade para a importância que as praças de touros desempenham no panorama cultural e social do país, mais especificamente na região do Alentejo, tendo em conta a fragilidade que actualmente existe no que toca à sua preservação. Apesar do recente aumento a nível nacional do número de espectáculos bem como de transmissões televisivas, impulsionado pela construção dos novos multiusos, o número de corridas anuais nas restantes praças de touros do país não se alterou significativamente. Estes novos espaços encontram-se dotados de infraestruturas que permitem um maior conforto e realização de eventos que não estejam necessariamente relacionados com o mundo Tauromáquico, independentemente das condições meteorológicas e época do ano. Esta necessidade de plurifuncionalidade do espaço, aliada ao próprio projecto de reconversão de alguns destes novos tauródromos acabou por desvirtua-los, adulterando-lhes o espaço, a memória, a estética e a função. 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Este facto, aliado à controvérsia que a tourada levanta entre os movimentos protectores dos direitos dos animais seja em território ibérico, seja no resto da Europa, indica-nos que a médio-longo prazo este espectáculo seja condicionado/alterado por força do poder central europeu ou ate mesmo do próprio governo português, como aconteceu recentemente ao proibir o uso de animais selvagens nos circos portugueses. Se o gosto pela tauromaquia se desvanecer, quer pelas alterações das preferências do público, quer por influência do poder do Estado ou da União Europeia, apenas os tauródromos que se adaptaram às novas exigências do público, neste caso os novos multiusos, poderão reunir condições para continuar, apagando assim os traços de uma cultura que nos marcou durante séculos. Actualmente os tauródromos tradicionais apresentam também uma série de problemas que se centram em redor da sua gestão e manutenção. A maioria destes espaços apenas é utilizada por regra, duas a três vezes por ano. Esta situação não deixa grande margem de manobra às entidades responsáveis, que muitas das vezes não reúnem fundos suficientes para a sua manutenção, acabando muitos deles por ficar ao abandono, tal como aconteceu no caso de Redondo em que foi necessária a intervenção da Câmara Municipal para a remodelação e reconversão do recinto. Após uma recolha e análise preliminar de dados sobre a localização das actuais praças de touros em território Ibérico, constatou-se que o Alentejo apresenta uma das maiores concentrações de tauródromos, quer por habitante, quer por km. 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