Preexistencias de Setúbal. 2ª campanha de escavações arqueológicas na Rua Francisco Augusto Flamengo, nos 10-12. Da Idade do Ferro ao Período Medieval
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/31626 |
Resumo: | O lote da Rua Francisco Augusto Flamengo, localizado no casco histórico de Setúbal, forneceu ampla sequência estratigráfica onde ficaram impressas as grandes fases de desenvolvimento deste aglomerado urbano nos seus primórdios. Da primeira ocupação estável, implantada no período orientalizante, recuperaram-se somente materiais, nomeadamente cerâmicas de engobe vermelho, ânforas fenícias, cerâmicas cinzentas, remobilizados em níveis coluvionares que preencheram fossas de abarrancamento existentes no nosso lote. Neste horizonte (Cs. 11-14), os materiais mais recentes, muito raros, podem atingir a II Idade do Ferro (séculos IV-III a. C.) ou mesmo o período Romano Republicano (séculos II-I a. C.). Da cidade romana, identificou-se e escavou-se parte de um vazadouro público do Alto Império, que forneceu entre outro espólio um notável conjunto de terra sigillata com apreciável número de marcas de oleiro. A selagem do vazadouro ocorreu na segunda metade do século II. Um importantíssimo equipamento urbano é então construído no local, talvez nos inícios do século III, destinado a depósito público de água, com capacidade superior a 250m3, assinalando um pico de desenvolvimento urbano. O declínio de Caetobriga torna-se evidente a partir de meados do século IV, arrastando-se, em processo de desurbanização pelos séculos V e VI. Essa redução da vida e espaço urbanos a uma provável aldeia ao serviço do porto, explica a periferização do nosso lote, que recebe no período islâmico uma necrópole. Durante o ressurgimento do burgo na Baixa Idade Média, o espaço em apreço é integrado no recinto muralhado, mas a memória de campo funerário permanecerá na toponímia (Rua da Paz). Este local, certamente mera reserva em termos urbanísticos, e marginal quanto à localização das funções mais qualificadas, foi ocupado por lixeiras domésticas nos séculos XIII-XIV. A urbanização do lote só terá ocorrido nos séculos XVI-XVII de acordo com informação da primeira campanha de escavações, anteriormente publicada. |
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Preexistencias de Setúbal. 2ª campanha de escavações arqueológicas na Rua Francisco Augusto Flamengo, nos 10-12. Da Idade do Ferro ao Período MedievalO lote da Rua Francisco Augusto Flamengo, localizado no casco histórico de Setúbal, forneceu ampla sequência estratigráfica onde ficaram impressas as grandes fases de desenvolvimento deste aglomerado urbano nos seus primórdios. Da primeira ocupação estável, implantada no período orientalizante, recuperaram-se somente materiais, nomeadamente cerâmicas de engobe vermelho, ânforas fenícias, cerâmicas cinzentas, remobilizados em níveis coluvionares que preencheram fossas de abarrancamento existentes no nosso lote. Neste horizonte (Cs. 11-14), os materiais mais recentes, muito raros, podem atingir a II Idade do Ferro (séculos IV-III a. C.) ou mesmo o período Romano Republicano (séculos II-I a. C.). Da cidade romana, identificou-se e escavou-se parte de um vazadouro público do Alto Império, que forneceu entre outro espólio um notável conjunto de terra sigillata com apreciável número de marcas de oleiro. A selagem do vazadouro ocorreu na segunda metade do século II. Um importantíssimo equipamento urbano é então construído no local, talvez nos inícios do século III, destinado a depósito público de água, com capacidade superior a 250m3, assinalando um pico de desenvolvimento urbano. O declínio de Caetobriga torna-se evidente a partir de meados do século IV, arrastando-se, em processo de desurbanização pelos séculos V e VI. Essa redução da vida e espaço urbanos a uma provável aldeia ao serviço do porto, explica a periferização do nosso lote, que recebe no período islâmico uma necrópole. Durante o ressurgimento do burgo na Baixa Idade Média, o espaço em apreço é integrado no recinto muralhado, mas a memória de campo funerário permanecerá na toponímia (Rua da Paz). Este local, certamente mera reserva em termos urbanísticos, e marginal quanto à localização das funções mais qualificadas, foi ocupado por lixeiras domésticas nos séculos XIII-XIV. A urbanização do lote só terá ocorrido nos séculos XVI-XVII de acordo com informação da primeira campanha de escavações, anteriormente publicada.The excavated plot of the Street Francisco Augusto Flamengo, located in the historic centre of Setubal, provided a broad stratigraphic sequence in which the major stages of development of this urban agglomeration were represented from its beginnings to the Middle Ages. The first stable occupation, from the Phoenician period, had been recovered only by artefacts, including red slip ceramics, Phoenician amphorae, gray ceramics remobilised in levels of colluvial nature. Rare ceramic sherds could be attributed to the second Iron Age (IV-III centuries a. C.), or even to the Roman Republic period (II-I centuries a. C.). In what concerns the Roman city, we excavated part of a public dump of the High Empire, which provided among other artefacts a remarkable set of Terra sigillata with an appreciable number of potter`s stamps. The sealing of the dump occurred in the second half of the second century. An important urban infrastructure was then built on the site, perhaps in the early third century, intended for public water reservoir, with a capacity exceeding 250m3, marking a peak of urban development. The decline of Caetobriga became evident from the mid-fourth century, creeping de-urbanization in the fifth and sixth centuries. This reduction of life and urban space explains the peripherization of the excavated area, which received a necropolis in the Islamic period. During the resurgence of the burgh in the late Middle Ages, the space in question was integrated into the walled enclosure, but the memory of the funerary field remained in the names of places (Rua da Paz). This site is certainly a mere reservation in urban terms, and marginal to the location of the most qualified functions as domestic rubbish dumps occupied it in the XIIIXIV centuries. The urbanization of the plot has only occurred in the XVI-XVII centuries according to the report of the first archaeological excavations, already published.Repositório da Universidade de LisboaSilva, Carlos Tavares daSoares, JoaquinaCoelho-Soares, AntóniaDuarte, SusanaGodinho, Ricardo2018-02-08T21:17:03Z20142014-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/31626porSILVA, Carlos Tavares da, et. al. (2014) - Preexistencias de Setúbal. 2ª campanha de escavações arqueológicas na Rua Francisco Augusto Flamengo, nos 10-12. Da Idade do Ferro ao Período Medieval. "Musa. Museus, Arqueologia e Outros Patrimónios" Nº 4 (2014), p. 161-214.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:25:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/31626Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:47:03.575068Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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