A antropologia pragmática como metacrítica. Uma leitura da Crítica da razão pura à luz da antropologia de Kant

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, João Pedro Amorety
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/61442
Resumo: A sistematicidade da filosofia de Kant é um dos pontos mais contenciosos da sua receção, pois não há consenso nem quanto à sua existência, nem quanto à natureza da sua putativa ligação sistemática. A questão da sistematicidade do pensamento kantiano tem, contudo, de ser abordada à luz da distinção que, na Arquitetónica da razão pura, Kant estabelece entre o conceito escolástico e o conceito cósmico de filosofia: enquanto na filosofia escolástica o conhecimento é unificado pela sua subsunção num princípio do qual todo o sistema possa ser inferido, na filosofia em sentido cósmico o conhecimento é unificado pela sua referência à destinação moral da razão humana. Sobre estes dois conceitos fundam-se tipos distintos de ligação sistemática, pelo que – como para Kant só a filosofia cósmica é a filosofia em sentido próprio – o sentido da sua filosofia deve ser problematizado não em sede teórica, mas sim em sede pragmática. Se o papel que cada parte do sistema filosófico kantiano desempenha é determinado pela sua utilidade para com a finalidade última da razão humana, o projeto filosófico de Kant deve então ser interpretado na sua totalidade como um instrumento para tal finalidade. Esta orientação hermenêutica é aqui exemplificada mediante uma leitura da Crítica da razão pura que considera o valor pragmático dos seus princípios para a destinação moral do género humano. Esta exposição do valor pragmático da Crítica da razão pura tem como seu fio condutor o conceito de aplicabilidade, conceito esse que procuramos explicitar, antes de tudo, por meio de uma investigação do papel que a imaginação desempenha na economia da Crítica da razão pura e, em seguida, mediante uma análise da relação desta obra com a antropologia pragmática kantiana.
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spelling A antropologia pragmática como metacrítica. Uma leitura da Crítica da razão pura à luz da antropologia de KantDomínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e ReligiãoA sistematicidade da filosofia de Kant é um dos pontos mais contenciosos da sua receção, pois não há consenso nem quanto à sua existência, nem quanto à natureza da sua putativa ligação sistemática. A questão da sistematicidade do pensamento kantiano tem, contudo, de ser abordada à luz da distinção que, na Arquitetónica da razão pura, Kant estabelece entre o conceito escolástico e o conceito cósmico de filosofia: enquanto na filosofia escolástica o conhecimento é unificado pela sua subsunção num princípio do qual todo o sistema possa ser inferido, na filosofia em sentido cósmico o conhecimento é unificado pela sua referência à destinação moral da razão humana. Sobre estes dois conceitos fundam-se tipos distintos de ligação sistemática, pelo que – como para Kant só a filosofia cósmica é a filosofia em sentido próprio – o sentido da sua filosofia deve ser problematizado não em sede teórica, mas sim em sede pragmática. Se o papel que cada parte do sistema filosófico kantiano desempenha é determinado pela sua utilidade para com a finalidade última da razão humana, o projeto filosófico de Kant deve então ser interpretado na sua totalidade como um instrumento para tal finalidade. Esta orientação hermenêutica é aqui exemplificada mediante uma leitura da Crítica da razão pura que considera o valor pragmático dos seus princípios para a destinação moral do género humano. Esta exposição do valor pragmático da Crítica da razão pura tem como seu fio condutor o conceito de aplicabilidade, conceito esse que procuramos explicitar, antes de tudo, por meio de uma investigação do papel que a imaginação desempenha na economia da Crítica da razão pura e, em seguida, mediante uma análise da relação desta obra com a antropologia pragmática kantiana.The systematicity of Kant's philosophy is one of the most contentious points of its reception, as there is no consensus either on its existence or on the nature of its supposed systematic connection. The question of the systematicity of Kantian thought must, however, be approached in light of the distinction that, in the Architectonics of Pure Reason, Kant establishes between the scholastic and the cosmic concepts of philosophy: while in scholastic philosophy knowledge is unified by its subsumption into a principle from which the whole system can be inferred, in cosmic philosophy knowledge is unified by its reference to the moral destination of human reason. These two concepts ground different types of systematic connection, which means that, insofar as for Kant only cosmic philosophy is philosophy in the proper sense, the meaning of his philosophy must be problematized not theoretically, but pragmatically. If the role that each part of the Kantian philosophical system plays is determined by its usefulness for the ultimate end of human reason, Kant's philosophical project must therefore be interpreted in its entirety as an instrument for such an end. This hermeneutical orientation is exemplified here by a reading of the Critique of Pure Reason that considers the pragmatic value of its principles for the moral destination of humankind. This exposition of the pragmatic value of the Critique of pure reason has as its guiding thread the concept of applicability, a concept which we seek to make explicit, first of all, through an investigation of the role that imagination plays in the economy of the Critique of pure reason, and then through an analysis of the relationship between this work and Kant’s pragmatic anthropology.Alves, Pedro Manuel dos SantosRepositório da Universidade de LisboaFernandes, João Pedro Amorety2023-12-19T17:56:02Z2023-02-012022-09-122023-02-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/61442TID:203221672porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-25T01:18:21Zoai:repositorio.ul.pt:10451/61442Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:56:06.240804Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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