Re-habitar a terra: reflexão sobre a questão habitacional nos países em desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leite, Ana Luísa Martins
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/9474
Resumo: A percentagem significativa da população mundial que vive em assentamentos informais, sem acesso às condições mínimas de higiene, educação, conforto ou segurança, continua a aumentar assustadoramente. Torna-se, por isso, imperativo que, a par dos caminhos que a arquitectura percorre enquanto star system, estejam também os desafios que representa o défice habitacional mundial. Numa época em que se tenta minimizar não só os infelizes contrastes entre regiões e povos do planeta, mas também o impacto da sobre-exploração dos recursos naturais, as ideias de sustentabilidade parecem, no entanto, caminhar quase sempre a par da arrogância, numa recusa em considerar os ensinamentos do passado, de um legado arquitectónico tão rico e tão rapidamente esquecido. Contudo, ao longo dos últimos anos, alguns arquitectos têm-se dedicado à procura de soluções para estes problemas, em contextos muito diversos, com abordagens invulgares e dispondo de meios e recursos muito escassos. Neste trabalho aborda-se, essencialmente, o projecto de Hassan Fathy para Nova Gurna, nos anos 50, e o de Anna Heringer e da sua equipa em Rudrapur, no Bangladeche, quase 60 anos depois. O que une estas duas experiências é a convicção de que não existe outra maneira de facilitar o acesso à habitação das massas, que não seja construir com os recursos dos territórios e restabelecer a noção de “cultura construtiva”, o saber-fazer. A terra, vista nas últimas décadas como material do passado, apresenta enormes potencialidades como material do futuro, desde que sujeita às alterações necessárias para adequar os modelos e técnicas tradicionais aos novos tempos. Propõe-se, aqui, uma reflexão sobre o papel ou os papéis que o arquitecto deve desempenhar no século XXI, e sobre o contributo que poderá dar para que as populações mais pobres possam voltar a tirar partido dos recursos de que dispõem, sejam eles mão-de-obra, materiais, a arquitectura vernacular ou o próprio clima, alcançando, assim, maior auto-suficiência; ### Abstract Re-inhabiting Earth. A reflection on the housing problem in developing countries The high percentage of the world population living in slums, without access to the basic standards of hygiene, education, comfort or safety, keeps growing alarmingly. In such a context, architecture has a decisive role to play in facing the challenges arisen by the world housing deficit. Several efforts are already being made worldwide, in order to minimize not only the unfortunate contrasts of peoples and regions on the planet, but also the impact of the exploitation of natural resources. Nevertheless, the ideas of sustainability seem to exist side by side with arrogance, permanently refusing to consider the so rich and so quickly forgotten architectural legacy and the ways in which it has always been related to climate, to culture or geography. Still, throughout the past years, some architects have devoted themselves to searching solutions for these problems, in very different contexts and with very scarce resources. This work makes an approach mainly on Hassan Fathy’s project for New Gourna, in the 1950s, and on Anna Heringer’s and her team’s projects in Bangladesh, almost 60 years later. The common ground of these two experiments is the conviction that there is no other way to provide housing for the growing world population, but to use the resources in peoples’ own lands, and restore the idea of a “constructive culture”, the so-called know-how. Earth, considered in the last decades as a material of the past, has been recently brought back to discussion, as it appears to have an enormous potential also as a material for the future. However, some necessary changes need to be made to adequate the traditional models and techniques to the exigencies of today. This dissertation aims to reflect on the architect´s role in the 21st century, as well as on the contribution architects can offer to teach poorer people how to make use again of the resources they have at hand, be it labour force, construction materials, vernacular architecture or the climate itself, thus achieving more self-sufficiency.
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Contudo, ao longo dos últimos anos, alguns arquitectos têm-se dedicado à procura de soluções para estes problemas, em contextos muito diversos, com abordagens invulgares e dispondo de meios e recursos muito escassos. Neste trabalho aborda-se, essencialmente, o projecto de Hassan Fathy para Nova Gurna, nos anos 50, e o de Anna Heringer e da sua equipa em Rudrapur, no Bangladeche, quase 60 anos depois. O que une estas duas experiências é a convicção de que não existe outra maneira de facilitar o acesso à habitação das massas, que não seja construir com os recursos dos territórios e restabelecer a noção de “cultura construtiva”, o saber-fazer. A terra, vista nas últimas décadas como material do passado, apresenta enormes potencialidades como material do futuro, desde que sujeita às alterações necessárias para adequar os modelos e técnicas tradicionais aos novos tempos. 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Nevertheless, the ideas of sustainability seem to exist side by side with arrogance, permanently refusing to consider the so rich and so quickly forgotten architectural legacy and the ways in which it has always been related to climate, to culture or geography. Still, throughout the past years, some architects have devoted themselves to searching solutions for these problems, in very different contexts and with very scarce resources. This work makes an approach mainly on Hassan Fathy’s project for New Gourna, in the 1950s, and on Anna Heringer’s and her team’s projects in Bangladesh, almost 60 years later. The common ground of these two experiments is the conviction that there is no other way to provide housing for the growing world population, but to use the resources in peoples’ own lands, and restore the idea of a “constructive culture”, the so-called know-how. Earth, considered in the last decades as a material of the past, has been recently brought back to discussion, as it appears to have an enormous potential also as a material for the future. However, some necessary changes need to be made to adequate the traditional models and techniques to the exigencies of today. This dissertation aims to reflect on the architect´s role in the 21st century, as well as on the contribution architects can offer to teach poorer people how to make use again of the resources they have at hand, be it labour force, construction materials, vernacular architecture or the climate itself, thus achieving more self-sufficiency.Universidade de Évora2014-01-09T17:47:07Z2014-01-092012-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/9474http://hdl.handle.net/10174/9474pornd329Leite, Ana Luísa Martinsinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:51:21Zoai:dspace.uevora.pt:10174/9474Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:03:29.152369Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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