Citotoxicidade da vitamina C em células tumorais: estudos in-vitro e in-vivo através de métodos bioquímicos e de imagiologia nuclear

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pires, Ana Salomé dos Santos
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/12260
Resumo: A vitamina C é uma substância essencial no metabolismo das células vivas, com inúmeras propriedades fisiológicas, apresentando-se maioritariamente sob duas formas, a reduzida e a oxidada. O ácido ascórbico (AA), a forma reduzida da vitamina C, é um potente antioxidante hidrossolúvel, na medida em que neutraliza os radicais livres, constituindo um potencial mecanismo anticancerígeno. A vitamina C actua também como pró-oxidante, promovendo a formação de espécies reactivas de oxigénio (ROS), como o peróxido de hidrogénio (H2O2), que comprometem a viabilidade celular. Por outro lado, a maioria das células tumorais não transporta directamente o AA para o seu interior, razão pela qual as células obtêm a vitamina C na sua forma oxidada, o ácido dehidroascórbico (DHA). As células tumorais demonstram ainda outra particularidade, a diminuição da catalase (enzima responsável pela destoxificação do H2O2), num factor entre 10 e 100, relativamente às células normais. Assim, o aumento da produção de H2O2, acoplado à deficiência da actividade da catalase nas células neoplásicas e à presença de metais de transição, poderá redundar na citotoxicidade selectiva da vitamina C e na consequente revelação do seu potencial terapêutico. O objectivo deste trabalho é avaliar o metabolismo das duas formas da vitamina C e mostrar o efeito citotóxico das mesmas, em células de adenocarcinoma do cólon, recorrendo a métodos bioquímicos e de imagiologia nuclear. Primeiramente, efectuou-se a marcação da forma reduzida da vitamina C com tecnécio, de forma a obter um complexo radioactivo (99mTc-AA) passível de ser usado em imagiologia nuclear. Posteriormente, realizaram-se estudos in vitro, com a linha celular de adenocarcinoma do cólon (WiDr), que incluíram estudos de captação com 99mTc-AA, estudos de estabilidade por HPLC e estudos de avaliação da citotoxicidade da vitamina C. Estes incluíram a análise do seu efeito na proliferação, na viabilidade e na morte das células WiDr, recorrendo a técnicas de colorimetria e à citometria de fluxo. Por último, foram feitos estudos in vivo, com ratinhos Balb/c nu/nu, com o intuito de comprovar os resultados obtidos no controlo de qualidade do 99mTc-AA, e obter informação sobre a biodistribuição e vias de excreção e metabolização do mesmo. Assim, foi desenvolvido um procedimento adequado de marcação radioactiva, assim como, um método de controlo de qualidade do 99mTc-AA, por HPLC, permitindo atingir uma elevada eficiência de marcação. Os resultados obtidos dos estudos in vitro revelaram que ambas as formas da vitamina C induzem um efeito anti-proliferativo e citotóxico nas células de adenocarcinoma do cólon, embora em diferentes concentrações e tempos de exposição, podendo eventualmente constituir uma nova abordagem terapêutica no tratamento do cancro do cólon. Os estudos in vivo comprovaram o elevado grau de pureza radioquímica do complexo 99mTc-AA.
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