Autoaversão e memória para faces emocionais: um estudo comportamental e psicofisiológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: João, Diana Rocha
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/23645
Resumo: O nojo é uma emoção básica associada à contaminação e doença. Esta emoção pode distinguir-se de outras emoções de valência negativa (por exemplo, o medo), nomeadamente ao nível fisiológico, sendo, o nojo geralmente associado à desaceleração da atividade cardíaca, enquanto o medo é associado à sua aceleração. As respostas de nojo tendem a ser adaptativas prevenindo que o individuo entre em contacto com objetos ou situações que provoquem situações de perigo ou contaminação. Contudo, estas respostas podem tornar-se disfuncionais, como é o caso da autoaversão. A autoaversão pode ser definida com a internalização das respostas de nojo, ou seja, o individuo, dirige os sentimentos de repulsa para o próprio aspeto, personalidade e comportamento. O objetivo do presente estudo é perceber de que forma os níveis de autoaversão poderão influenciar o desempenho numa tarefa de memória e os correlatos psicofisiológicos da atividade cardíaca. Assim, o presente trabalho consistiu numa tarefa de memória para faces emocionais (alegria, nojo e medo), espera-se que os participantes com elevada autoaversão evidenciem melhor recordação para as faces de nojo do que os participantes com baixos níveis de autoaversão. A amostra foi selecionada com base na Escala Multidimensional de Autoaversão e os participantes foram divididos pelos grupos: elevada, média e baixa autoaversão. A tarefa experimental iniciava com uma tarefa de autofócus, com vista a aumentar a autoconsciência, e de seguida, os participantes tinham de memorizar e posteriormente recordar faces emocionais. Durante a tarefa foi registada a atividade cardíaca. Os resultados comportamentais não revelaram diferenças significativas entre os grupos e as emoções das faces. As faces de alegria forma melhor recordadas do que as de nojo e de medo. Já a análise da atividade cardíaca revelou diferenças significativas entre a alegria e o nojo, e marginalmente significativas entre o medo e o nojo, particularmente no grupo com elevada autoaversão, apenas durante a fase de aprendizagem da tarefa de memória. Foram ainda realizadas análises de heart rate varibility, que revelaram uma ativação significativamente mais elevada na tarefa de autofócus em relação à tarefa de aprendizagem. Em suma, na tarefa comportamental não se comprovou a hipótese inicialmente colocada. Os dados psicofisiológicos, apesar de não serem consistentes ao longo das fases da tarefa de memória, sugerem que possa haver um processamento diferencial e específico da emoção de nojo, por parte de indivíduos com elevados níveis de autoaversão. A análise do heart rate variability permitiu-nos perceber que os efeitos de ativação provocados pela tarefa de autofocus não foram transferidos para a tarefa de memória. Pelo que sabemos, o presente estudo é o primeiro a investigar o processamento da emoção de nojo por parte de indivíduos com elevada autoaversão. No futuro, mais estudos serão necessários para melhor compreender e clarificar a relação entre os níveis de autoaversão e o processamento da emoção de nojo.
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O objetivo do presente estudo é perceber de que forma os níveis de autoaversão poderão influenciar o desempenho numa tarefa de memória e os correlatos psicofisiológicos da atividade cardíaca. Assim, o presente trabalho consistiu numa tarefa de memória para faces emocionais (alegria, nojo e medo), espera-se que os participantes com elevada autoaversão evidenciem melhor recordação para as faces de nojo do que os participantes com baixos níveis de autoaversão. A amostra foi selecionada com base na Escala Multidimensional de Autoaversão e os participantes foram divididos pelos grupos: elevada, média e baixa autoaversão. A tarefa experimental iniciava com uma tarefa de autofócus, com vista a aumentar a autoconsciência, e de seguida, os participantes tinham de memorizar e posteriormente recordar faces emocionais. Durante a tarefa foi registada a atividade cardíaca. Os resultados comportamentais não revelaram diferenças significativas entre os grupos e as emoções das faces. As faces de alegria forma melhor recordadas do que as de nojo e de medo. Já a análise da atividade cardíaca revelou diferenças significativas entre a alegria e o nojo, e marginalmente significativas entre o medo e o nojo, particularmente no grupo com elevada autoaversão, apenas durante a fase de aprendizagem da tarefa de memória. Foram ainda realizadas análises de heart rate varibility, que revelaram uma ativação significativamente mais elevada na tarefa de autofócus em relação à tarefa de aprendizagem. Em suma, na tarefa comportamental não se comprovou a hipótese inicialmente colocada. Os dados psicofisiológicos, apesar de não serem consistentes ao longo das fases da tarefa de memória, sugerem que possa haver um processamento diferencial e específico da emoção de nojo, por parte de indivíduos com elevados níveis de autoaversão. A análise do heart rate variability permitiu-nos perceber que os efeitos de ativação provocados pela tarefa de autofocus não foram transferidos para a tarefa de memória. Pelo que sabemos, o presente estudo é o primeiro a investigar o processamento da emoção de nojo por parte de indivíduos com elevada autoaversão. No futuro, mais estudos serão necessários para melhor compreender e clarificar a relação entre os níveis de autoaversão e o processamento da emoção de nojo.Disgust is a basic emotion which is associated to contaminantion and disease. This emotion can be distinguished from other negative valence emotions (eg, fear), namely at the physiological domain, being the disgust usually associated with the deceleration of cardiac activity, while fear is associated with its acceleration. Disgust responses tend to be adaptive preventing the contact with objects or situations that lead to situations of danger or contamination. However, these responses may become dysfunctional, as in the self-disgust. Self-disgust can be described by the internalization of the disgust responses. People with self disgust guide the feelings of repulsion to the self-image, personality, and behavior to herself. The objective of the present study is to understand how self-disgust levels can influence performance in a memory task and the psychophysiological correlates of cardiac activity. Thus, the present work consisted in a memory task for emotional faces (happy, disgust and fear), it is expected that the participants with high levels of self disgust show better recall for disgust faces than the participants with lower levels of self disgust. The sample was selected based on the Multidimensional Self-Disgust Scale and the participants were divided in three groups: high, medium and low of self-disgust. The experimental task began with an self-awareness task in order to increase self-awareness, and then the participants had to memorize and recall emotional faces. During the experiment, cardiac activity was recorded. Behavioral results showed no significant differences between the groups and the emotions of the faces. The analysis of the cardiac activity revealed significant differences between happy and disgust, and marginally significant between fear and disgust, particularly in the high self-disgust group, only during the learning phase of the memory task. Heart rate variability analysis showed a significantly higher activation in autofocus task in relation to the learning task. of the heart rate change revealed significant differences between happy and disgust faces, particularly in the high self-disgust group. Heart rate variability analyzes were also performed and revealed a significantly greater activation in the self-focus task compared to the learning task. Concluding, in the behavioral task, the initial hypothesis was not proven. Psychophysiological data, were not consistent throughout the phases of the memory task, but suggest that there may be a differential and specific processing of the emotion of disgust by individuals with high levels of self-disgust. The heart rate variability analysis led us to realize that the activation effects caused by the autofocus task were not transferred to the memory task. To our knowledge, the present study is the first that investigate the disgust processing by the individuals with high self-disgust. In the future, more studies are necessary to better understand the relationship between the levels of self-disgust and the disgust processing.Universidade de Aveiro2018-06-23T16:02:40Z2018-01-01T00:00:00Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/23645TID:201945436porJoão, Diana Rochainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:46:39Zoai:ria.ua.pt:10773/23645Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:57:37.453957Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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