Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinheiro, Jéssica Inês Vidal
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/52159
Resumo: Tese de mestrado, Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2020
id RCAP_b494b7f883f2d1dba58a14c98b9a550f
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/52159
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competiçãoParâmetros hemorreológicosFibrinogénioFibrinogénio γ’Atletas de alta competiçãoDoenças cardiovascularesTeses de mestrado - 2020Domínio/Área Científica::Ciências MédicasTese de mestrado, Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2020As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morbilidade e mortalidade em Portugal, responsáveis por um terço de todas as mortes e incapacidade. Os fatores de risco para as doenças cardiovasculares englobam fatores não modificáveis (hereditariedade, género e idade), e modificáveis (sedentarismo, a hipertensão arterial (HTA), tabagismo, stress, obesidade, diabetes mellitus tipo II e dislipidemias). Estudos recentes reportaram haver uma associação entre alterações no perfil hemorreológico e hemostático e o aumento do risco cardiovascular, assim como identificam o fibrinogénio γ’ como um novo fator de risco emergente para as DCV. O exercício físico exerce um efeito trifásico ao nível dos fatores hemorreológicos: A curto prazo promove hiperviscosidade e aumento da agregação, a médio prazo leva à reversão dos efeitos agudos através do aumento do volume plasmático, com diminuição da viscosidade plasmática e do hematócrito, e a longo prazo promove o aumento da fluidez sanguínea paralelamente às alterações metabólicas e hormonais decorrentes da prática regular de exercício. Existem outros fatores inerentes ao exercício físico que vão influenciar a suscetibilidade individual ao surgimento de problemas de saúde tais como a intensidade, duração, aumento da temperatura, frequência do exercício, as especificidades técnicas da modalidade, a qualidade dos períodos de descanso, o descanso entre sessões de treino, o período da época desportiva em que os atletas se encontram e fatores ambientais. Ao nível da alimentação existe forte evidência do efeito protetor conferido pela Dieta Mediterrânica (DM) ao nível cardiovascular. No entanto, os hábitos alimentares dos portugueses estão cada vez mais distantes da típica DM. Segundo os resultados do último Inquérito Alimentar Nacional, um em cada dois portugueses não consome a quantidade de hortofrutícolas recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 17% da população consome pelo menos um refrigerante ou néctar por dia e mais de 95% da população consome açúcares simples acima do limite recomendado pela OMS (10% do aporte energético total). Em 2014, a prevalência de excesso de peso em Portugal rondava os 59,8%, e a prevalência de obesidade os 22,1%. Este estudo tem como objectivo avaliar se existem alterações ao nível hemorreológico e hemodinâmico em atletas de andebol de alta competição e praticantes de cardiofitness, assim como alterações ao nível do fibrinogénio γ’; determinar se a prática de exercício de forma intensa promove a ocorrência de alterações dos parâmetros hemorreológicos e do fibrinogénio γ’ e se, por conseguinte, se associa a maior risco de DCV; e, por último, determinar se a alimentação das atletas e praticantes de exercício físico se enquadra na Dieta Mediterrânica. O presente estudo consiste num estudo observacional analítico, transversal. A população em estudo englobou 14 atletas de alta competição da modalidade andebol e 15 praticantes de exercício físico de intensidade moderada (cardiofitness). O grupo controlo (pessoas não praticantes de exercício) foi constituído por 15 elementos. Este estudo decorreu na região de Águeda. Para a recolha de dados laboratoriais foi efetuada uma colheita de amostras de sangue para posterior pesquisa e análise dos parâmetros hemorreológicos e aplicado o “Questionário de Frequencia Alimentar” para recolha de dados relativos à alimentação das atletas e praticantes de exercício físico de intensidade moderada. Após a análise dos fatores hemorreológicos dos grupos de estudo verificou-se que os eritrócitos das atletas de alta competição apresentam menor tendência de deformação nos vasos de maior diâmetro e são mais deformáveis comparativamente aos das praticantes de cardiofitness e ao grupo controlo nos vasos de menor diâmetro (p < 0,05 a 0,3 Pa, 0,6 Pa e 1,2 Pa). Nas atletas de alta competição e praticantes de exercício físico de intensidade moderada verificou-se uma menor tendência de agregação dos eritrócitos comparativamente ao grupo controlo a 5 e 10 s (concentração de fibrinogénio de 0 a 80 mg/dL; p < 0,05). A agregação eritrocitária aumentou com o aumento da concentração de fibrinogénio nas amostras, nos 3 grupos. Após medição da viscosidade sanguínea, verificou-se que para menores taxas de cisalhamento (22,5 s-1), as atletas de alta competição apresentam valores de viscosidade sanguínea mais elevados que o grupo das praticantes de cardiofitness. Para taxas de cisalhamento superiores (225 s-1) os resultados não são estatisticamente significativos. Após medição das concentrações de fibrinogénio total e fibrinogénio γ’, verificou- se que as atletas de andebol apresentam menores concentrações de fibrinogénio no plasma comparativamente com o grupo de cardiofitness e o grupo controlo (231,6 ± 10,9 mg/dL vs. 235,7 ± 9,6 mg/dL vs. 278,3 ± 27,5 mg/dL, respetivamente) e concentrações de fibrinogénio γ’ no plasma menores comparativamente com o grupo de praticantes de cardiofitness (53,55 ± 3,72 mg/dL vs. 53,63 ± 3,60 mg/dL, respetivamente), mas mais elevados comparativamente com o grupo controlo (34,93 ± 2,04 mg/dL). Após o cálculo da razão entre as concentrações de fibrinogénio γ’ e fibrinogénio total para todas as amostras, verificou-se que as andebolistas apresentam menor percentagem de fibrinogénio γ’ no plasma do que o grupo de praticantes de cardiofitness (22,65 ± 1,10 % vs. 23,28 ± 1,45 %, respetivamente), mas maior que os controlos não praticantes de desporto (13,75 ± 1,23 %). Relativamente ao estudo da alimentação nas atletas e praticantes de cardiofitness, verificou-se um consumo energético superior no grupo das andebolistas (2223 kcal/dia) comparativamente com as praticantes de cardiofitness (2141 kcal/dia). Hidratos de carbono totais (complexos e simples), hidratos de carbono complexos, açúcar e álcool são consumidos em maior quantidade pelas atletas de andebol. Nas praticantes de cardiofitness verificam- se valores superiores para as proteínas e gordura. No entanto, o consumo de hidratos de carbono em ambos os grupos não atinge a recomendação (consumo de 275 g/dia pelas andebolistas e 22 0g/dia pelas praticantes de cardiofitness; recomendações: 519-865 g/dia). Por outro lado, o consumo de açúcar apresenta- se muito acima do desejável (122,2 g/dia vs. recomendação: 27,8- 55,6 g/dia nas atletas e 97 g/dia vs. recomendação: 26,8-53,5 g/dia nas praticantes de cardiofitness). Este estudo mostrou que as atletas de alta competição e as praticantes de exercício físico de intensidade moderada seguidas neste trabalho apresentam um aumento de parâmetros que podem ser associados ao risco cardiovascular, uma vez que, em condições normais, em indivíduos saudáveis, se espera que os valores de percentagem de fibrinogénio γ’ se encontrem próximos de 15%, e que a alimentação em ambos os grupos se afasta da Dieta Mediterrânica.Cardiovascular Diseases are the main causes of morbility and mortality in Portugal, accounting for one third of all deaths and disability. The risk factors for cardiovascular disease development can be divided in non-modifiable factors (heredity, gender and age) and modifiable factors (sedentary lifestyle, hypertension, smoking, stress, obesity, diabetes mellitus type II and dyslipidemias). Recent studies have reported positive associations between the hemorreological and hemostatic porfile and the increased incidence of cardiovacsular diseases, and have also identified γ’ fibrinogen as a new risk factor for cardiovascular diseases. Physical exercise exerts a three-phase effect on the hemorheological factors: in the short term it promotes hyperviscosity and increases erythrocyte aggregation; in the medium term it leads to the reversal of the acute effects through the increase of the plasma volume and the decrease of plasma viscosity and hematocrit; and, in the long-term, physical exercise promotes the increase of blood flow along with metabolic and hormonal changes due to regular exercise. There are other factors related to physical exercise that influence individual health problems susceptibility, such as: intensity, duration, temperature increase, frequency, modality’s technical specificities, the quality of resting periods, rest between training sessions, sports season and period and environmental factors. Regarding the diet, there is strong evidence of the protective effect confered by the Mediterranean Diet for cardiovascular health. However, Portuguese food habits are becoming further away from the typical Mediterranean Diet. The results of the last National Food Survey showed that one in two Portuguese do not consume the ammount of fruit and vegetables recommended by the World Health Organization (WHO), 17% of the population consumes at least one soft drink or nectar per day and more than 95% of the population consumes simple sugars above the limit recommended by the WHO (10% of total energy intake). In 2014, the prevalence of overweight in Portugal was 59.8%, and the prevalence of obesity was 22.1%. This study aims to evaluate the hemorheological and hemodynamic changes in high competition handball athletes and cardiofitness practitioners, as well as changes in γ’ fibrinogen levels, to understand if intense exercise promotes alterations in hemorheological parameters and if changes in γ’ fibrinogen will occur, associated to a greater risk of Cardiovascular Diseases. Finally, this study aims to determine if the athlete’s and cardiofitness practitioner’s diets would fit within the Mediterranean Diet. The present study is characterized by an observational and cross-sectional design. The study’s sample included 14 handball athletes and 15 practitioners of moderate intensity physical exercise (cardiofitness). The control group (without significant exercise) included 15 elements. This study was conducted in the Agueda region. Blood samples were collected for laboratorial assessment and analysis of hemorheological parameters and the "Food Frequency Questionnaire" was used to collect information about sample diet. After the analysis of the hemorheological factors of the study groups, a lower erythrocyte deformability in the handball players for the larger diameter vessels and a lower erythrocyte deformability in smaller diameter vessels for the handball players, compared to cardiofitness practitioners and the control group (p < 0.05 at 0.3 Pa, 0.6 Pa and 1.2 Pa). Handball players and cardiofitness practitioners had a lower erythrocyte aggregation than the control group, both at 5 and 10 s (fibrinogen concentration ranging from 0 to 80 mg/dL) (p < 0.05). Erythrocyte aggregation increased on the three groups upon increasing fibrinogen concentration. After measuring blood viscosity, it was found that for lower shear rates (22.5 s-1), high-performance athletes had higher blood viscosity values compared to the cardiofitness group. For higher shear rate values (225 s-1) the results were not statistically significant. Upon measuring total fibrinogen and γ’ fibrinogen concentrations, it was found that handball athletes had lower plasma fibrinogen values compared to cardiofitness practitioners and control groups (231.6 ± 10.9 mg/dL vs. 235.7 ± 9.6 mg/dL vs. 278.3 ± 27.5 mg/dL, respectively) and plasma γ’ fibrinogen concentrations were lower compared to cardiofitness practitioners (53.55 ± 3.72 mg/dL vs. 53.63 ± 3.60 mg/dL, respectively), but higher compared to the control group (34.93 ± 2.04 mg/dL). After calculating the concentration ratio of γ’ fibrinogen and total fibrinogen for all the samples, it was found that the handball players had a lower percentage of γ’ fibrinogen in the plasma than the group of cardiofitness practitioners (22.65 ± 1.10 % vs. 23.28 ± 1.45 %, respectively), but higher than non-sport controls (13.75 ± 1.23 %). Regarding the study of athletes and cardiofitness practitioners diet, it was found that the group of handball players consumes higher energy (2223 kcal/day), when compared to cardiofitness (2141 kcal/day). The consumption of total carbohydrates (complex and simple), complex carbohydrates, sugar and alcohol are higher in handball athletes. In cardiofitness practitioners, there are higher values for protein and fat consumption. However, the consumption of carbohydrates in both groups is below the recommendations (consumption: 275 g/day for the handball players and 219.8 g/day for cardiofitness practitioners; recommendations: 519-865 g/day). On the other hand, sugar consumption is higher than desirable (122.2 g/day vs. recommendation: 27.8-55.6 g/day, for athletes, and 97 g/day vs. recommendation: 26.8-53.5 g/day, for cardiofitness practitioners). This study suggests that handball players and cardiofitness practitioners may be more likely to have increased cardiovascular risk, because, under normal conditions, healthy subjects are expected to have γ’ 'fibrinogen levels close to 15%, and both groups diets are distant from the Mediterranean Diet.Santos, Nuno Fernando Duarte Cordeiro Correia dosRepositório da Universidade de LisboaPinheiro, Jéssica Inês Vidal2023-01-15T01:31:25Z2020-01-152020-01-15T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/52159TID:202366340porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-11-20T18:13:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/52159Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-11-20T18:13:18Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
title Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
spellingShingle Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
Pinheiro, Jéssica Inês Vidal
Parâmetros hemorreológicos
Fibrinogénio
Fibrinogénio γ’
Atletas de alta competição
Doenças cardiovasculares
Teses de mestrado - 2020
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
title_short Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
title_full Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
title_fullStr Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
title_full_unstemmed Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
title_sort Avaliação hemorreológica e nutricional em atletas femininas de alta competição
author Pinheiro, Jéssica Inês Vidal
author_facet Pinheiro, Jéssica Inês Vidal
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Santos, Nuno Fernando Duarte Cordeiro Correia dos
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Pinheiro, Jéssica Inês Vidal
dc.subject.por.fl_str_mv Parâmetros hemorreológicos
Fibrinogénio
Fibrinogénio γ’
Atletas de alta competição
Doenças cardiovasculares
Teses de mestrado - 2020
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
topic Parâmetros hemorreológicos
Fibrinogénio
Fibrinogénio γ’
Atletas de alta competição
Doenças cardiovasculares
Teses de mestrado - 2020
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
description Tese de mestrado, Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2020
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-01-15
2020-01-15T00:00:00Z
2023-01-15T01:31:25Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/52159
TID:202366340
url http://hdl.handle.net/10451/52159
identifier_str_mv TID:202366340
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv mluisa.alvim@gmail.com
_version_ 1817549179176615936