Estudo da quantidade e qualidade da matéria orgânica sob diferentes usos do solo

• Autor(a) principal: Santos, Joceline Ailine Cruz Estevão
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/26251
• topic: Carbono orgânico do solo; Qualidade; Fracionamento da matéria orgânica do solo; Substâncias húmicas; Ácidos húmicos; Domínio/Área Científica::Ciências Agrárias::Agricultura, Silvicultura e Pescas

A matéria orgânica do solo é a chave da fertilidade dos solos pois determina os principais atributos que definem a qualidade do solo, primordialmente as suas frações e o mesmo é afetado principalmente pelas práticas de uso e maneio do solo. Uma das formas de avaliar a qualidade da matéria orgânica do solo tem sido a determinação da quantidade de carbono orgânico do solo, nomeadamente na fração das substâncias húmicas. As substâncias húmicas constituem cerca de 70% da matéria orgânica do solo e é sabido que são formadas por diversos compostos orgânicos aromáticos, de coloração castanha ou preta, possuindo alto peso molecular, sendo formadas reações de sínteses secundárias bióticas e abióticas que, através dos seus grupos carboxílicos, fenólicos e aminas influenciam as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi estudar a quantidade e a qualidade da matéria orgânica do solo sob diferentes usos de solo: floresta de carvalhal, matos (antes e após um fogo controlado) e lameiros (pastagens de montanha). As amostras para a realização deste estudo foram coletadas em 3 locais diferentes: floresta da espécie nativa carvalhal (Quercus pyrenaica) na Serra da Nogueira, área de matos antes e após um fogo controlado (2021) em Aveleda, e lameiros situados no Parque Natural de Montesinho. Foram estudadas variáveis de rotina, como o pH e a condutividade elétrica, e além de determinar a matéria orgânica do solo e o carbono orgânico do solo, foi desenvolvido o fracionamento químico da matéria orgânica do solo que incluiu: a determinação da matéria orgânica livre ou particulada, a determinação das substâncias húmicas: ácidos húmicos e fúlvicos, e calculo das huminas e a posterior purificação química dos ácidos húmicos para caraterização. Como um indicador da qualidade dos ácidos húmicos, foi determinada a densidade ótica dos ácidos húmicos e calculados os índices E4, E6 e E4/E6. Os resultados demonstraram que não houve grandes diferenças no que diz respeito a quantidade de carbono orgânico do solo, sendo a floresta o uso da terra que apresentou maior quantidade de carbono orgânico do solo (9,09 g carbono orgânico do solo /100 g solo) vs. os lameiros (7,72 g carbono orgânico do solo /100 g solo), pelo que os diferentes usos da terra, contribuem praticamente na mesma medida ao sequestro de carbono de solo no Nordeste de Portugal, embora, os resultados do fracionamento de matéria orgânica do solo mostraram diferenças na qualidade de carbono orgânico do solo. O fracionamento da matéria orgânica do solo evidenciou diferenças significativas nos diferentes usos do solo. A floresta acumulou a maior parte do carbono orgânico do solo em forma de matéria orgânica livre e humina, isto demostra que o aporte de material vegetal da floresta no solo é maior que nos outros usos de solo; os lameiros mostraram que armazenam grande parte do carbono orgânico do solo em forma de ácidos húmicos, que são as substâncias húmicas mais ativas/funcionais nos ecossistemas. E por último, não foram encontradas diferenças significativas com o mato, mas chama-se a atenção que o efeito do fogo favorece a aromatização das substâncias húmicas a ácidos húmicos.