O despertar da consciência cívica feminina: identidade e valores femininos na literatura proto-feminista do século XVIII

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Ana
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.15/253
Resumo: O século XVIII pautou-se por um intenso debate sobre a educação feminina, questão que constituiu um primeiro passo no desafio à “Lei do Costume”, a qual perpetuava a inferioridade das mulheres em relação aos homens. Assim, a defesa do direito à educação enquadra-se num plano mais amplo de reivindicações, o da defesa da igualdade intelectual, servindo de esteio a posteriores movimentos de índole política. De facto, o Feminismo em Inglaterra está intimamente ligado à questão da educação feminina, como o exemplo do percurso literário de escritoras como Mary Astell e Catharine Macaulay atesta. Seguindo uma já longa tradição literária, encontramos em Setecentos uma vasta ensaística apologética acerca do estatuto e da participação da mulher na sociedade. Até aí, as mulheres eram consideradas as guardiãs da moral e dos bons costumes, desempenhando um papel fulcral na manutenção da estabilidade doméstica e social. Nesta altura, algumas pensadoras almejavam objectivos mais vastos e de maior relevância para o colectivo. Assim, este século pautou-se por profundas convulsões ao nível da mentalidade social, especialmente no que concerne ao modo como as mulheres eram vistas e ao papel que desempenhavam no seio da sociedade, como prova o intenso debate observado relativamente aos direitos das mulheres, não só a nível educacional (a tónica dominante no início do século), mas também a nível cívico e político, mais óbvio no final do século, muito propiciado pelos ventos revolucionários soprados de França e da América do Norte que incentivavam a mulher a adoptar uma postura mais reivindicativa. - The eighteenth-century comes out as a moment of intense debate in what concerns female education, the milestone of the “Custom Law” contest which had long perpetuated the inferiority of women, and had confined them to the private domestic sphere. Thus, the defence of the right to education must be understood in a broader context, i.e. the defence of the intellectual equality of genders. In fact, The English Feminism is closely linked to the issue of female education, as the example of the literary course of writers such as Mary Astell and Catharine Macaulay proves. Following a long literary tradition, we find in the eighteenth-century a great apologetic rhetoric concerning women’s role and participation in society. Until then, women were considered the moral arbiters and keepers of good costumes, thus playing a vita role in ensuring the domestic and social stability. But now some women wished for higher goals in life and with more relevance to the society. Therefore, this century was marked by deep changes and convulsions in what concerns the social mentalities, especially, the way women were regarded and the role they played within society, as the intense debate (much influenced by the revolutionary winds blown from France and North America that encouraged women to adopt a more vindicative posture), about women’s rights, not only concerning educational rights, the most important issue in the early century, but also civic and political ones, more obviously at the end of the century.
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