Formação da população idosa reclusa para a gestão do regime terapêutico, antes do regresso à liberdade

• Autor(a) principal: Simões, Ana Rita Sepúlveda Borges
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/38131
• topic: Contexto prisional; População envelhecida; Gestão do regime medicamentoso; Intervenções de Enfermagem; Prison context; Elderly population; Therapeutic regimen management; Nursing interventions; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde

O envelhecimento demográfico é um fenómeno que também se faz sentir nos estabelecimentos prisionais. Assim, os reclusos acima dos 65 anos convivem com múltiplas patologias que aumentam a complexidade do seu regime medicamentoso. Ao longo do período em reclusão, estes ficam impossibilitados de assumir a gestão do seu próprio regime terapêutico. Surgem assim duas questões que pretendemos ver respondidas: estarão estes indivíduos preparados para assumir o autocuidado? Poderão os enfermeiros ser um contributo para a reaquisição dessa autonomia? Trata-se de um estudo de paradigma quantitativo, com desenho quasi-experimental, com a aplicação de um questionário, em dois momentos diferenciados, num Estabelecimento Prisional da zona Norte. A amostra foi constituída por reclusos, com 65 anos ou mais de idade, polimedicados (com cinco ou mais medicamentos prescritos) e com ainda, no mínimo, 6 meses de pena a cumprir; foram apenas incluídos reclusos com capacidade cognitiva para participar no estudo. Estes foram avaliados face ao conhecimento e capacidade demonstrados para assumir o autocuidado na gestão do regime terapêutico em duas fases distintas, existindo entre elas um processo de desenvolvimento de competências desenvolvido por enfermeiros, de acordo com os défices encontrados. Os resultados obtidos foram ao encontro da literatura consultada. O estudo evidencia a importância de se detetarem possíveis défices relacionados com a gestão do regime terapêutico na população mais envelhecida, de forma a ser criado um projeto de capacitação antes do regresso a casa. Neste âmbito, após a implementação de intervenções de enfermagem e estratégias relacionadas com o regime medicamentoso, foram detetadas melhorias significativas. Concluímos, portanto, que apesar de ser necessária mais pesquisa e desenvolvimento científico na área em estudo, um programa de capacitação relacionado com a gestão do regime terapêutico, antes da saída em liberdade que, para além de contribuir para o desenvolvimento de prescrições de enfermagem direcionadas a uma população fragilizada e potencialmente negligenciada, pode contribuir para a reinserção social destes indivíduos permitindo, assim, a manutenção da sua qualidade de vida após o regresso a casa.