Mimesis in Plato, Plotinus, and Proclus

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Anjos, Duarte João Venâncio dos
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/51261
Resumo: Nesta dissertação proponho investigar o conceito de mimese em três fases distintas, mas conectadas, do Platonismo, cingindo-me aos autores: Platão, Plotino e Proclo. A mimese é um conceito filosófico tratado primordialmente por Platão. Comumente, a mimese é definida como imitação. Nesta tese defendo e estabeleço que este mecanismo implica dois movimentos: a contemplação e a criação. Para se imitar um objeto, é necessário, primeiro, contemplar esse objeto e, em seguida criar a representação desse objeto. Esta divisão da mimese em dois movimentos distintos servirá de base à minha argumentação. Platão, no Livro X da República, ataca os artistas miméticos por estarem três vezes distantes da realidade. Se tivermos em consideração que a realidade para Platão é o mundo inteligível, esta crítica aos artistas miméticos pode ser entendida na medida em que estes imitam objetos sensíveis que, por si, já são imitações dos objetos inteligíveis e, por esta razão, estes artistas estão a imitar imitações, criando ilusões através das quais enganam quem as contemplar. Porém, esta não é a única perspetiva de Platão face à mimese. Como defendo, a mimese, tal como é interpretada por Platão, não se limita à crítica feita no Livro X da República. No primeiro capítulo, apresento uma perspetiva que escapa às críticas da República. Denomino esta nova perspetiva “mimese superior”. É definida pela sua contemplação, que, ao contrário da mimese criticada na República, a qual intitulei “mimese inferior”, tem como objeto os próprios Inteligíveis. Esta “mimese superior”, assim denominada porque contempla aquilo que Platão considera ser a verdadeira realidade, cria algo que é apenas uma vez removido da realidade, sendo uma representação mais perfeita do que a dos poetas miméticos. O foco desta dissertação não se limita à visão estética ou artística da mimese. Ou seja, embora tradicionalmente o conceito de mimese se englobe nos campos filosóficos de teorias estéticas e teorias da arte, considero que o verdadeiro valor da mimese está numa visão desta num contexto de teoria de criatividade. A mimese, como mecanismo metafísico (visto que o conceito de imitação implica uma relação entre vários níveis ontológicos) tem uma importância vital para a realidade Platónica, particularmente para a criação do mundo sensível. Como demonstro, os vários níveis ontológicos das metafísicas platónicas têm uma relação mimética entre si, no sentido em que cada nível é uma imitação do nível que é seu superior. Este foco na mimese como mecanismo criativo incorpora, por consequência, teorias estéticas e artísticas, visto que o estabelecimento dos ideais de criação levar-nos-ão aos ideais de beleza e de arte. No esquema metafísico platónico, a verdadeira beleza é a Forma do Belo, que é imitada por todas as coisas que participam nesta forma. A “mimese superior”, sendo capaz de contemplar as Formas, está potencialmente mais próxima da verdadeira beleza do que as teorias de beleza que se centram no mundo sensível. Através deste foco numa teoria de criatividade, demonstro a particularidade da mimese no sistema filosófico platónico. Esta distinção entre o que denominei “mimese superior” e “mimese inferior” estende-se para lá das obras de Platão, embora não seja uma distinção feita conscientemente pelos autores estudados. Ainda que não seja feita a distinção diretamente, os três autores Platónicos que apresento nesta dissertação exibem perspetivas particulares face à mimese que obedecem à definição de “mimese superior” e “mimese inferior”. Desta forma, cada capítulo, dedicado a um autor platónico, analisa e define as perspetivas miméticas consoante a minha interpretação da divisão da mimese em “superior” e “inferior”, tal como a minha divisão do mecanismo mimético em dois movimentos, contemplação e criação. A escolha dos três autores, Platão, Plotino e Proclo, reflete, até certo ponto, uma evolução do pensamento platónico, representando três grandes etapas do Platonismo. Começando pelo próprio Platão, fundador da filosofia platónica, passando por Plotino, fundador do pensamento Neoplatónico, e acabando em Proclo, o melhor exemplo do Neoplatonismo Tardio. No primeiro capítulo, dedicado a Platão, demonstro a crítica ex libris da mimese na República, estabelecendo aqui a definição de “mimese inferior”. De seguida, argumento contra a interpretação que dita que esta perspetiva da mimese em Platão é monolítica, apresentando fatores condicionantes à conclusão do Livro X da República. Depois, concluindo que a “mimese inferior” é apenas uma forma de mimese em Platão, defendo a possibilidade de uma “mimese superior”, por meio de evidências que podem ser encontradas em vários diálogos de Platão. Esta “mimese superior” é referida em vários contextos, mas sempre com um foco na relação entre diferentes níveis ontológicos. No segundo capítulo, focado em Plotino, demonstro as várias formas de mimese que o fundador do Neoplatonismo aceita, dividindo-as, tanto quanto possível, entre “mimese superior” e “inferior”. A mimese em Plotino, embora evidentemente relacionada com a mimese em Platão, exibe características particulares, devidas às inovações do sistema Neoplatónico, que é reconhecido por vários autores como o sistema filosófico mais complexo da tradição ocidental. Por essa razão, procuro introduzir de uma forma generalizada o esquema metafísico que permeia toda a filosofia de Plotino. Seguidamente, trato o conceito de “mimese inferior” em Plotino, demonstrando as inovações nesta perspetiva negativa da mimese. A “mimese superior” em Plotino, particularmente na sua vertente de mecanismo metafísico que compõe o cosmo, ganha ainda mais relevância no sistema filosófico Neoplatónico, visto que neste sistema há uma grande insistência nos múltiplos níveis ontológicos distintos. Consequentemente, este capítulo contém uma secção dedicada à mimese como mecanismo criador da realidade sensível e inteligível. As secções seguintes são dedicadas à “mimese superior” como mecanismo criativo num contexto da agência humana, discutindo também as formas de atingir esse ideal através da virtude, dialética e anamnese, com o objetivo de relatar as formas de iniciar contemplação do reino divino, de acordo com Plotino. Por fim, este capítulo discute o potencial artista ideal, que consegue contemplar os inteligíveis e criar algo que, embora não seja uma representação perfeita (o que seria fora das capacidades da mimese), tenha uma relação dinâmica que implica semelhança. Por fim, o terceiro capítulo foca-se em Proclo. Este filósofo é considerado vital para o nosso entendimento da filosofia Neoplatónica Tardia, visto que a sua obra sistematiza todo o esquema metafísico desta filosofia. O Neoplatonismo Tardio é caracterizado por um acréscimo na complexidade na metafísica, pois os níveis ontológicos sofrem um “efeito telescópico”, no sentido em que o que era um nível ontológico em Plotino transforma-se em vários níveis. O foco desta dissertação no contexto de Proclo é a sua obra intitulada Comentário à República de Platão, particularmente nos Ensaios V e VI, onde Proclo elucida a relação entre Platão e os artistas miméticos e defende Homero das acusações feitas por Platão, e nos seus Hinos. Anexo a dissertação a tradução do Ensaio V e dos Hinos. Neste capítulo discuto a visão da mimese que Proclo descortina. Proclo, enquanto comenta a República, segue a conclusão de Platão sobre os artistas miméticos, que apresentam ilusões três vezes distantes da realidade, argumentando que estes são prejudiciais à alma da audiência. Proclo, porém, também sugere que as conclusões da República são condicionais devido ao contexto em que se inserem, e por vezes, indica a possibilidade de a mimese escapar às críticas de Platão. Além disso, a sua filosofia dos symbola, fruto do conceito de teurgia, é dependente do conceito de “mimese superior”, como argumento. Este symbola são marcas que existem dentro de todos os seres e que representam a semelhança dinâmica que estes seres têm com as suas causas. Com esta dissertação, procuro defender uma visão da mimese que ultrapassa as limitações de perspetivas estéticas e artísticas e que reabilita o potencial da mimese, não só defendendo que é uma forma válida de criação, mas também que é a única forma de criação dentro do esquema metafísico platónico.
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Se tivermos em consideração que a realidade para Platão é o mundo inteligível, esta crítica aos artistas miméticos pode ser entendida na medida em que estes imitam objetos sensíveis que, por si, já são imitações dos objetos inteligíveis e, por esta razão, estes artistas estão a imitar imitações, criando ilusões através das quais enganam quem as contemplar. Porém, esta não é a única perspetiva de Platão face à mimese. Como defendo, a mimese, tal como é interpretada por Platão, não se limita à crítica feita no Livro X da República. No primeiro capítulo, apresento uma perspetiva que escapa às críticas da República. Denomino esta nova perspetiva “mimese superior”. É definida pela sua contemplação, que, ao contrário da mimese criticada na República, a qual intitulei “mimese inferior”, tem como objeto os próprios Inteligíveis. Esta “mimese superior”, assim denominada porque contempla aquilo que Platão considera ser a verdadeira realidade, cria algo que é apenas uma vez removido da realidade, sendo uma representação mais perfeita do que a dos poetas miméticos. O foco desta dissertação não se limita à visão estética ou artística da mimese. Ou seja, embora tradicionalmente o conceito de mimese se englobe nos campos filosóficos de teorias estéticas e teorias da arte, considero que o verdadeiro valor da mimese está numa visão desta num contexto de teoria de criatividade. A mimese, como mecanismo metafísico (visto que o conceito de imitação implica uma relação entre vários níveis ontológicos) tem uma importância vital para a realidade Platónica, particularmente para a criação do mundo sensível. Como demonstro, os vários níveis ontológicos das metafísicas platónicas têm uma relação mimética entre si, no sentido em que cada nível é uma imitação do nível que é seu superior. Este foco na mimese como mecanismo criativo incorpora, por consequência, teorias estéticas e artísticas, visto que o estabelecimento dos ideais de criação levar-nos-ão aos ideais de beleza e de arte. No esquema metafísico platónico, a verdadeira beleza é a Forma do Belo, que é imitada por todas as coisas que participam nesta forma. A “mimese superior”, sendo capaz de contemplar as Formas, está potencialmente mais próxima da verdadeira beleza do que as teorias de beleza que se centram no mundo sensível. Através deste foco numa teoria de criatividade, demonstro a particularidade da mimese no sistema filosófico platónico. Esta distinção entre o que denominei “mimese superior” e “mimese inferior” estende-se para lá das obras de Platão, embora não seja uma distinção feita conscientemente pelos autores estudados. Ainda que não seja feita a distinção diretamente, os três autores Platónicos que apresento nesta dissertação exibem perspetivas particulares face à mimese que obedecem à definição de “mimese superior” e “mimese inferior”. Desta forma, cada capítulo, dedicado a um autor platónico, analisa e define as perspetivas miméticas consoante a minha interpretação da divisão da mimese em “superior” e “inferior”, tal como a minha divisão do mecanismo mimético em dois movimentos, contemplação e criação. A escolha dos três autores, Platão, Plotino e Proclo, reflete, até certo ponto, uma evolução do pensamento platónico, representando três grandes etapas do Platonismo. Começando pelo próprio Platão, fundador da filosofia platónica, passando por Plotino, fundador do pensamento Neoplatónico, e acabando em Proclo, o melhor exemplo do Neoplatonismo Tardio. No primeiro capítulo, dedicado a Platão, demonstro a crítica ex libris da mimese na República, estabelecendo aqui a definição de “mimese inferior”. De seguida, argumento contra a interpretação que dita que esta perspetiva da mimese em Platão é monolítica, apresentando fatores condicionantes à conclusão do Livro X da República. Depois, concluindo que a “mimese inferior” é apenas uma forma de mimese em Platão, defendo a possibilidade de uma “mimese superior”, por meio de evidências que podem ser encontradas em vários diálogos de Platão. Esta “mimese superior” é referida em vários contextos, mas sempre com um foco na relação entre diferentes níveis ontológicos. No segundo capítulo, focado em Plotino, demonstro as várias formas de mimese que o fundador do Neoplatonismo aceita, dividindo-as, tanto quanto possível, entre “mimese superior” e “inferior”. A mimese em Plotino, embora evidentemente relacionada com a mimese em Platão, exibe características particulares, devidas às inovações do sistema Neoplatónico, que é reconhecido por vários autores como o sistema filosófico mais complexo da tradição ocidental. Por essa razão, procuro introduzir de uma forma generalizada o esquema metafísico que permeia toda a filosofia de Plotino. Seguidamente, trato o conceito de “mimese inferior” em Plotino, demonstrando as inovações nesta perspetiva negativa da mimese. A “mimese superior” em Plotino, particularmente na sua vertente de mecanismo metafísico que compõe o cosmo, ganha ainda mais relevância no sistema filosófico Neoplatónico, visto que neste sistema há uma grande insistência nos múltiplos níveis ontológicos distintos. Consequentemente, este capítulo contém uma secção dedicada à mimese como mecanismo criador da realidade sensível e inteligível. As secções seguintes são dedicadas à “mimese superior” como mecanismo criativo num contexto da agência humana, discutindo também as formas de atingir esse ideal através da virtude, dialética e anamnese, com o objetivo de relatar as formas de iniciar contemplação do reino divino, de acordo com Plotino. Por fim, este capítulo discute o potencial artista ideal, que consegue contemplar os inteligíveis e criar algo que, embora não seja uma representação perfeita (o que seria fora das capacidades da mimese), tenha uma relação dinâmica que implica semelhança. Por fim, o terceiro capítulo foca-se em Proclo. Este filósofo é considerado vital para o nosso entendimento da filosofia Neoplatónica Tardia, visto que a sua obra sistematiza todo o esquema metafísico desta filosofia. O Neoplatonismo Tardio é caracterizado por um acréscimo na complexidade na metafísica, pois os níveis ontológicos sofrem um “efeito telescópico”, no sentido em que o que era um nível ontológico em Plotino transforma-se em vários níveis. O foco desta dissertação no contexto de Proclo é a sua obra intitulada Comentário à República de Platão, particularmente nos Ensaios V e VI, onde Proclo elucida a relação entre Platão e os artistas miméticos e defende Homero das acusações feitas por Platão, e nos seus Hinos. Anexo a dissertação a tradução do Ensaio V e dos Hinos. Neste capítulo discuto a visão da mimese que Proclo descortina. Proclo, enquanto comenta a República, segue a conclusão de Platão sobre os artistas miméticos, que apresentam ilusões três vezes distantes da realidade, argumentando que estes são prejudiciais à alma da audiência. Proclo, porém, também sugere que as conclusões da República são condicionais devido ao contexto em que se inserem, e por vezes, indica a possibilidade de a mimese escapar às críticas de Platão. Além disso, a sua filosofia dos symbola, fruto do conceito de teurgia, é dependente do conceito de “mimese superior”, como argumento. Este symbola são marcas que existem dentro de todos os seres e que representam a semelhança dinâmica que estes seres têm com as suas causas. Com esta dissertação, procuro defender uma visão da mimese que ultrapassa as limitações de perspetivas estéticas e artísticas e que reabilita o potencial da mimese, não só defendendo que é uma forma válida de criação, mas também que é a única forma de criação dentro do esquema metafísico platónico.This thesis investigates the concept of mimesis in three philosophers, Plato, Plotinus, and Proclus, who represent three major stages of Platonism, with Plotinus being the founder of what is considered to be Neoplatonic philosophy and Proclus representing Later Neoplatonic thought. Most studies of mimesis focus on its value in theories of aesthetics or poetics. Particularly in Plato’s works, mimesis is usually seen negatively and is criticized for creating things “three times removed from reality” –mere illusions. My focus, however, will be on mimesis as a creative mechanism. In fact, as I argue, mimesis is the only possible creative mechanism within the metaphysics of Platonism, be it in the creation of a work of art or the creation of the universe itself. Mimesis, therefore, also has a positive value in Platonism, particularly since Platonic and Neoplatonic metaphysics are dependent on the concept of mimesis. I distinguish between two versions of mimesis: one I have called “inferior mimesis”, which is equated with Plato’s criticism of mimesis in Book X of the Republic. This “inferior mimesis” is a form of imitation that is limited to the mere copying of copies, and consequently creates illusions. The other version, “superior mimesis”, defends that mimesis can look beyond the Sensible directly into the Intelligible realm and create representations of that reality. In each chapter, dedicated to each philosopher, I present their different perspectives on mimesis, while highlighting that the distinction between “superior” and “inferior mimesis” is maintained by all. I have translated into Portuguese Proclus’ Hymns and Essay V of Proclus’ Commentary on Plato’s Republic, which are, respectively, Appendix I and Appendix II. This translation fills a gap in modern translations of Neoplatonic authors into European Portuguese. It is the first time that a complete work of Proclus is translated into European Portuguese. It is my aim to contribute to the Neoplatonic studies in this language.Hadjittofi, FotiniRepositório da Universidade de LisboaAnjos, Duarte João Venâncio dos2022-02-14T11:38:09Z2021-11-092021-09-112021-11-09T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/51261TID:202885283porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:55:51Zoai:repositorio.ul.pt:10451/51261Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:02:34.939134Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Se tivermos em consideração que a realidade para Platão é o mundo inteligível, esta crítica aos artistas miméticos pode ser entendida na medida em que estes imitam objetos sensíveis que, por si, já são imitações dos objetos inteligíveis e, por esta razão, estes artistas estão a imitar imitações, criando ilusões através das quais enganam quem as contemplar. Porém, esta não é a única perspetiva de Platão face à mimese. Como defendo, a mimese, tal como é interpretada por Platão, não se limita à crítica feita no Livro X da República. No primeiro capítulo, apresento uma perspetiva que escapa às críticas da República. Denomino esta nova perspetiva “mimese superior”. É definida pela sua contemplação, que, ao contrário da mimese criticada na República, a qual intitulei “mimese inferior”, tem como objeto os próprios Inteligíveis. Esta “mimese superior”, assim denominada porque contempla aquilo que Platão considera ser a verdadeira realidade, cria algo que é apenas uma vez removido da realidade, sendo uma representação mais perfeita do que a dos poetas miméticos. O foco desta dissertação não se limita à visão estética ou artística da mimese. Ou seja, embora tradicionalmente o conceito de mimese se englobe nos campos filosóficos de teorias estéticas e teorias da arte, considero que o verdadeiro valor da mimese está numa visão desta num contexto de teoria de criatividade. A mimese, como mecanismo metafísico (visto que o conceito de imitação implica uma relação entre vários níveis ontológicos) tem uma importância vital para a realidade Platónica, particularmente para a criação do mundo sensível. Como demonstro, os vários níveis ontológicos das metafísicas platónicas têm uma relação mimética entre si, no sentido em que cada nível é uma imitação do nível que é seu superior. Este foco na mimese como mecanismo criativo incorpora, por consequência, teorias estéticas e artísticas, visto que o estabelecimento dos ideais de criação levar-nos-ão aos ideais de beleza e de arte. No esquema metafísico platónico, a verdadeira beleza é a Forma do Belo, que é imitada por todas as coisas que participam nesta forma. A “mimese superior”, sendo capaz de contemplar as Formas, está potencialmente mais próxima da verdadeira beleza do que as teorias de beleza que se centram no mundo sensível. Através deste foco numa teoria de criatividade, demonstro a particularidade da mimese no sistema filosófico platónico. Esta distinção entre o que denominei “mimese superior” e “mimese inferior” estende-se para lá das obras de Platão, embora não seja uma distinção feita conscientemente pelos autores estudados. Ainda que não seja feita a distinção diretamente, os três autores Platónicos que apresento nesta dissertação exibem perspetivas particulares face à mimese que obedecem à definição de “mimese superior” e “mimese inferior”. Desta forma, cada capítulo, dedicado a um autor platónico, analisa e define as perspetivas miméticas consoante a minha interpretação da divisão da mimese em “superior” e “inferior”, tal como a minha divisão do mecanismo mimético em dois movimentos, contemplação e criação. A escolha dos três autores, Platão, Plotino e Proclo, reflete, até certo ponto, uma evolução do pensamento platónico, representando três grandes etapas do Platonismo. Começando pelo próprio Platão, fundador da filosofia platónica, passando por Plotino, fundador do pensamento Neoplatónico, e acabando em Proclo, o melhor exemplo do Neoplatonismo Tardio. No primeiro capítulo, dedicado a Platão, demonstro a crítica ex libris da mimese na República, estabelecendo aqui a definição de “mimese inferior”. De seguida, argumento contra a interpretação que dita que esta perspetiva da mimese em Platão é monolítica, apresentando fatores condicionantes à conclusão do Livro X da República. Depois, concluindo que a “mimese inferior” é apenas uma forma de mimese em Platão, defendo a possibilidade de uma “mimese superior”, por meio de evidências que podem ser encontradas em vários diálogos de Platão. Esta “mimese superior” é referida em vários contextos, mas sempre com um foco na relação entre diferentes níveis ontológicos. No segundo capítulo, focado em Plotino, demonstro as várias formas de mimese que o fundador do Neoplatonismo aceita, dividindo-as, tanto quanto possível, entre “mimese superior” e “inferior”. A mimese em Plotino, embora evidentemente relacionada com a mimese em Platão, exibe características particulares, devidas às inovações do sistema Neoplatónico, que é reconhecido por vários autores como o sistema filosófico mais complexo da tradição ocidental. Por essa razão, procuro introduzir de uma forma generalizada o esquema metafísico que permeia toda a filosofia de Plotino. Seguidamente, trato o conceito de “mimese inferior” em Plotino, demonstrando as inovações nesta perspetiva negativa da mimese. A “mimese superior” em Plotino, particularmente na sua vertente de mecanismo metafísico que compõe o cosmo, ganha ainda mais relevância no sistema filosófico Neoplatónico, visto que neste sistema há uma grande insistência nos múltiplos níveis ontológicos distintos. Consequentemente, este capítulo contém uma secção dedicada à mimese como mecanismo criador da realidade sensível e inteligível. As secções seguintes são dedicadas à “mimese superior” como mecanismo criativo num contexto da agência humana, discutindo também as formas de atingir esse ideal através da virtude, dialética e anamnese, com o objetivo de relatar as formas de iniciar contemplação do reino divino, de acordo com Plotino. Por fim, este capítulo discute o potencial artista ideal, que consegue contemplar os inteligíveis e criar algo que, embora não seja uma representação perfeita (o que seria fora das capacidades da mimese), tenha uma relação dinâmica que implica semelhança. Por fim, o terceiro capítulo foca-se em Proclo. Este filósofo é considerado vital para o nosso entendimento da filosofia Neoplatónica Tardia, visto que a sua obra sistematiza todo o esquema metafísico desta filosofia. O Neoplatonismo Tardio é caracterizado por um acréscimo na complexidade na metafísica, pois os níveis ontológicos sofrem um “efeito telescópico”, no sentido em que o que era um nível ontológico em Plotino transforma-se em vários níveis. O foco desta dissertação no contexto de Proclo é a sua obra intitulada Comentário à República de Platão, particularmente nos Ensaios V e VI, onde Proclo elucida a relação entre Platão e os artistas miméticos e defende Homero das acusações feitas por Platão, e nos seus Hinos. 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Com esta dissertação, procuro defender uma visão da mimese que ultrapassa as limitações de perspetivas estéticas e artísticas e que reabilita o potencial da mimese, não só defendendo que é uma forma válida de criação, mas também que é a única forma de criação dentro do esquema metafísico platónico.
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