Mosteiro de S. Dinis de Odivelas: estudo histórico-arquitectónico, acções para a salvaguarda do património edificado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tomé, Manuela Maria Justino
Data de Publicação: 1995
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13506
Resumo: Introdução - A nossa forma de estar no mundo, é envolvida de ligações muito fortes que nos antecedem, nos orientam e nos continuam, baseadas e geradas à volta do núcleo fundamental: " a família ". Através da família estabelecemos a nossa relação com o passado, formamos as nossas referências, conhecemos a nossa realidade presente e caminhamos na procura da perenidade, guardando memórias que nos identificam, por caracterizarem a nossa origem, nortearem as nossas acções e testemunharem a nossa vida. Reporta-se à Idade Média a preocupação pela importância dos objectos do passado e o sentido da necessidade da sua conservação. Por questões imperiosas, como as funções utilitárias das edificações, com realce para a segurança e defesa do território, e para os valores simbólicos, estes ligados aos locais de culto, se iniciaram as primeiras acções de preservação. A consciência de conservar preservando, vai-se consolidando ao longo dos tempos, alarga os seus objectivos, e chega ao reconhecimento da herança monumental de um passado comum, constitutivo de um valor patrimonial colectivo. Com D. João V, este reconhecimento é caracterizado por alvará régio de 1721, que confere à Academia Real da História Portuguesa competências no âmbito da salvaguarda do património. É durante este século que se cria o gosto pelo coleccionismo, e pequenos museus. O terramoto de 1755, com as suas consequências nefastas por todos sentidas, veio trazer a consciencialização da perca de valores materiais construídos, bens comuns que era necessário recriar. No séc. XIX com Herculano, este sentimento do valor cultural colectivo abriu barreiras, e às teorias de conservação e restauro foram ganhando espaço na sociedade. Hoje já náo se questiona a importância de manter um património que nos foi legado pelos nossos antepassados, mas continuamos a questionar o que preservar e como preservar, na procura da solução óptima já que nem tudo merece ou está em condições fisicas que permitam justificar uma preservação, e nem todas as soluções são válidas para aplicação diferenciada a todas as situações. Quando perante a necessidade de intervenção num objecto é preciso saber agir e decidir respeitando o objecto, respeitando os valores que ele nos transmite e que constituem a razão da intervenção. Importa pois, em cada momento fazer opções. Analisar a vida do monumento do ponto de vista global e só perante um conhecimento que poderemos considerar de íntimo com o nascimento, a vida, e as " doenças" do edificio, estamos em condições de melhor propor metodologias de intervenção. Pareceu-nos importante a aplicação dos conhecimentos adquiridos no Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico no estudo do MOSTEIRO DE S. DINIS DE ODIVELAS, o qual é um bom exemplo do reflexo das várias mutações sofridas desde a sua fundação até aos nossos dias, que poderemos designar de metamorfoses de adaptação à aplicação de novas tecnologias, de novos materiais e de novos usos, reflectindo hoje o percurso secular da sua vida. Face aos objectivos traçados o nosso estudo é constituído por duas partes: - Na primeira parte referimo-nos à análise histórico-arquitectónica do edificio. Iniciámos esta análise com uma resenha histórica da vida do edificio que começou por ser um mosteiro de filiação cisterciense e é hoje ocupado pelo Instituto de Odivelas (Infante D. Afonso). Para uma melhor compreensão dos capítulos seguintes apresentamos uma cronologia dos acontecimentos mais significativos de que este foi objecto. O estudo da localização da construção, as condições naturais e culturais que nortearam a escolha pelo local e o aproveitamento destes recursos, hoje alterados pela dinâmica de diversos factores de ordem natural e humana, é também um aspecto importante na nossa análise, após o que passaremos à caracterização arquitectónica e construtiva da edificação. A concepção daquele espaço, adaptado à função que o mesmo iria exercer e às regras da construção cisterciense, segue-se a análise cronológica das várias épocas de intervenção na construção, bem como as atitudes que pretenderam responder às tendências das respectivas épocas. Iremos analisar as soluções tecnológicas que conjuntamente com os materiais aplicados, a pouco e pouco transformaram este monumento, que teve o seu início no período gótico, no que hoje se nos apresenta para entregar às futuras gerações e a outras atitudes que, entretanto, hão-de surgir, na sua conservação e preservação para que ele perdure e continue a transmitir o seu testemunho histórico-cultural. Assim, torna-se necessário que a análise do estado de conservação, e do seu enquadramento legal mereça a nossa atenção e a sua abordagem neste estudo. Concluímos esta primeira parte com a avaliação das intervenções que aqui analisamos. - Na segunda parte referimo-nos à nossa proposta de conservação, valorização e protecção, tendente á prevenir a degradação, com a manutenção necessária a minimizar os riscos de deterioração dos materiais e sistemas constmtivos, com a valorização visando a necessidade de empreender acções de beneficiação e desenvolvimento de estratégias de intervenção no próprio monumento e no ambiente envolvente, e com a protecção que consubstancie a eficácia dos objectivos a atingir. Cremos assim, que esta obra perdurará e continuará a transmitir o seu testemunho histórico-cultural às gerações vindouras, em memória dos nossos antepassados, ou das referências que nos mantêm vivos e perenes.
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Por questões imperiosas, como as funções utilitárias das edificações, com realce para a segurança e defesa do território, e para os valores simbólicos, estes ligados aos locais de culto, se iniciaram as primeiras acções de preservação. A consciência de conservar preservando, vai-se consolidando ao longo dos tempos, alarga os seus objectivos, e chega ao reconhecimento da herança monumental de um passado comum, constitutivo de um valor patrimonial colectivo. Com D. João V, este reconhecimento é caracterizado por alvará régio de 1721, que confere à Academia Real da História Portuguesa competências no âmbito da salvaguarda do património. É durante este século que se cria o gosto pelo coleccionismo, e pequenos museus. O terramoto de 1755, com as suas consequências nefastas por todos sentidas, veio trazer a consciencialização da perca de valores materiais construídos, bens comuns que era necessário recriar. No séc. XIX com Herculano, este sentimento do valor cultural colectivo abriu barreiras, e às teorias de conservação e restauro foram ganhando espaço na sociedade. Hoje já náo se questiona a importância de manter um património que nos foi legado pelos nossos antepassados, mas continuamos a questionar o que preservar e como preservar, na procura da solução óptima já que nem tudo merece ou está em condições fisicas que permitam justificar uma preservação, e nem todas as soluções são válidas para aplicação diferenciada a todas as situações. Quando perante a necessidade de intervenção num objecto é preciso saber agir e decidir respeitando o objecto, respeitando os valores que ele nos transmite e que constituem a razão da intervenção. Importa pois, em cada momento fazer opções. Analisar a vida do monumento do ponto de vista global e só perante um conhecimento que poderemos considerar de íntimo com o nascimento, a vida, e as " doenças" do edificio, estamos em condições de melhor propor metodologias de intervenção. Pareceu-nos importante a aplicação dos conhecimentos adquiridos no Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico no estudo do MOSTEIRO DE S. DINIS DE ODIVELAS, o qual é um bom exemplo do reflexo das várias mutações sofridas desde a sua fundação até aos nossos dias, que poderemos designar de metamorfoses de adaptação à aplicação de novas tecnologias, de novos materiais e de novos usos, reflectindo hoje o percurso secular da sua vida. Face aos objectivos traçados o nosso estudo é constituído por duas partes: - Na primeira parte referimo-nos à análise histórico-arquitectónica do edificio. 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O estudo da localização da construção, as condições naturais e culturais que nortearam a escolha pelo local e o aproveitamento destes recursos, hoje alterados pela dinâmica de diversos factores de ordem natural e humana, é também um aspecto importante na nossa análise, após o que passaremos à caracterização arquitectónica e construtiva da edificação. A concepção daquele espaço, adaptado à função que o mesmo iria exercer e às regras da construção cisterciense, segue-se a análise cronológica das várias épocas de intervenção na construção, bem como as atitudes que pretenderam responder às tendências das respectivas épocas. 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