Cultura Visual, Violência de Gênero e Masculinidades: Entrecruzamentos e Possibilidades Pedagógicas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.21814/vista.4105 |
Resumo: | Este artigo explora as relações entre cultura visual, gênero e violência, com foco nas visualidades e em seus papéis pedagógicos. Considerando o protagonismo exercido pelos homens na prática de violências gendradas, são apresentadas algumas reflexões teóricas sobre os modos pelos quais a construção social do visual está implicada no problema, a partir de uma abordagem dos estudos da cultura visual e dos estudos de gênero. Para corroborar com as reflexões, descrevemos uma proposta pedagógica desenvolvida com duas turmas de estudantes universitários de artes visuais no segundo semestre de 2021, nas quais as pessoas participantes foram convidadas a pensar sobre a construção das aprendizagens de gênero e as violências que permeiam esse processo, tendo como dispositivo condutor das discussões a elaboração de constelações visuais. Essa estratégia metodológica foi inspirada nos estudos de Aby Warburg (2000/2010) e de Georges Didi-Huberman (2002/2013, 2011/2018) e buscou explorar o potencial inerente ao ato de confrontar imagens. A expectativa desta atividade pedagógica foi de promover deslocamentos do olhar e reposicionamentos a respeito da naturalização da ordem de gênero e das práticas violentas que ela sustenta. Durante a construção dos painéis visuais e das discussões que moveram os encontros, percebemos que os homens têm certa dificuldade em compreender ou expressar de que modo estão envolvidos no problema, enquanto as mulheres relataram experiências próximas com situações de violência. Entretanto, ainda que as condutas e a cumplicidade masculinas não tenham sido problematizadas de forma expressiva pelos homens, eles aproveitaram o espaço para relatar como a socialização masculina é marcada por violências praticadas em nome do gênero. Concluímos que o papel desempenhado pelas visualidades na reprodução ou subversão de normas e padrões pode contribuir para problematizar as redes de sentido estabelecidas socialmente em torno do gênero. |
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Cultura Visual, Violência de Gênero e Masculinidades: Entrecruzamentos e Possibilidades PedagógicasVisual Culture, Gender Violence and Masculinities: Intersections and Pedagogical PossibilitiesSecção Temática. ArtigosEste artigo explora as relações entre cultura visual, gênero e violência, com foco nas visualidades e em seus papéis pedagógicos. Considerando o protagonismo exercido pelos homens na prática de violências gendradas, são apresentadas algumas reflexões teóricas sobre os modos pelos quais a construção social do visual está implicada no problema, a partir de uma abordagem dos estudos da cultura visual e dos estudos de gênero. Para corroborar com as reflexões, descrevemos uma proposta pedagógica desenvolvida com duas turmas de estudantes universitários de artes visuais no segundo semestre de 2021, nas quais as pessoas participantes foram convidadas a pensar sobre a construção das aprendizagens de gênero e as violências que permeiam esse processo, tendo como dispositivo condutor das discussões a elaboração de constelações visuais. Essa estratégia metodológica foi inspirada nos estudos de Aby Warburg (2000/2010) e de Georges Didi-Huberman (2002/2013, 2011/2018) e buscou explorar o potencial inerente ao ato de confrontar imagens. A expectativa desta atividade pedagógica foi de promover deslocamentos do olhar e reposicionamentos a respeito da naturalização da ordem de gênero e das práticas violentas que ela sustenta. Durante a construção dos painéis visuais e das discussões que moveram os encontros, percebemos que os homens têm certa dificuldade em compreender ou expressar de que modo estão envolvidos no problema, enquanto as mulheres relataram experiências próximas com situações de violência. Entretanto, ainda que as condutas e a cumplicidade masculinas não tenham sido problematizadas de forma expressiva pelos homens, eles aproveitaram o espaço para relatar como a socialização masculina é marcada por violências praticadas em nome do gênero. Concluímos que o papel desempenhado pelas visualidades na reprodução ou subversão de normas e padrões pode contribuir para problematizar as redes de sentido estabelecidas socialmente em torno do gênero.This article explores the relations between visual culture, gender, and violence, focusing on visualities and their pedagogical roles. Considering the protagonism exercised by men in the practice of gendered violence, we present theoretical insights on the ways in which the social construct of the visual is implied in the problem, based on the approach of visual culture studies and gender studies. Corroborating with these reflections, we describe a pedagogical proposition developed with two groups of visual arts graduation students in the second semester of 2021, in which participants were invited to think about the construction of learning of gender and the violent practices that permeate this process, having as conductor of the discussion the elaboration of visual constellations. This methodological strategy was inspired by the studies of Aby Warburg (2000/2010) and Georges Didi-Huberman (2002/2013, 2011/2018) and sought to explore the inherent potential of the act to confront images. This pedagogical activity was expected to promote shifts of the gaze and repositionings regarding the naturalization of the order of gender and the violent practices it upholds. During the construction of the visual panels and the discussions that moved the meetings, we realized that men have some difficulty comprehending or expressing their role in the problem, while women reported having closer experiences with violent situations. However, even though men did not expressively explore male conduct and complicity, they took advantage of the space to report how male socialization is marked by acts of violence practiced for the sake of gender. We conclude that the role played by visualities in the reproduction or subversion of norms and patterns can contribute to defying networks of meaning that are socially settled towards gender.Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho2022-11-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.21814/vista.4105por2184-1284de Abreu, Carla Luziados Santos Junior, Jocy Menesesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-23T22:45:12Zoai:journals.uminho.pt:article/4105Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:14:35.198016Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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